Nova Fic, “Escrevendo Caminhos”, disponível no IVB. (Introdução + Capítulo 1)

Elara, ou melhor, Lazzarini, nada mais é do que uma simples jornalista responsável pela categoria “shows”, dentro do setor “entretenimento”, de um site. Ela não almeja nada mais do que isso. Esse era seu sonho e está sendo realizado. Pesquisa, informação, redes socais…. é disso que ela gosta. Fixa nas palavras descritas contando a vida de famosos, abalada com um simples “olá”, o caminho que ela escreve não será mais sobre outras pessoas, passará a ser sobre ela mesma.

Fã Fic interligada a Per Te Ci Sarò, incluindo personagens como Liadan Barone e Tiziano Ferro.

*

Escrevendo Caminhos.

     Minhas perguntas foram negadas. Passei a detestar a equipe do IL Volo naquele momento. Ridículos. Ninguém aguenta mais ouvir as perguntas de sempre. Pelo amor de Deus, é preciso inovar!
Inovador foi conseguir contato via e-mail com essa equipe, mas o mais inovador foi a bronca que recebi do meu chefe na redação quando ignorei as perguntas de sempre e enviei as minhas perguntas. A primeira vez ninguém esquece, é o que dizem, e a voz dele parece ainda querer estourar o meu tímpano mesmo já havendo passado três dias.
Fiz matérias ótimas, com fotos excelentes, sobre a gravação do DVD, mas perdi uma entrevista. Nem eu mesma me perdoo.
      “Não queira mudar o mundo do jornalismo, Elara! Você não vai conseguir! Só faça a merda do trabalho que eu te peço e apenas isso.” Vontade de pegar o teclado do computador e jogar na cabeça desse vecchio pazzesco. Três anos de trabalho excelente servem para quê? Para nada! Nada, quando se trata de perder uma entrevista com o IL Volo.
          Que ódio!
E sinto mais ódio porque agi como uma estagiaria de início de carreira. E ainda estou pensando seriamente em jogar tudo pro alto. Cansei de ser usada como um boneco que mandam para todo e qualquer lugar, e sempre faz o trabalho excelente. Quero minhas férias para ontem, quero viajar pra Cancún novamente, ou qualquer outro lugar no mundo. Até o Alasca está na lista, se for possível. Qualquer lugar onde seja possível abrir a página do Chrome e não encontrar “Entrevista exclusiva com IL Volo” em todo e quanté site nessa plataforma de informação.
Ótimo! Até o Google joga o fracasso na minha cara.
Não sei lidar com o fracasso. Não estou gostando disso. Mas porque você está contando isso antes da história? Leitores apressados sempre foram o meu público preferido. É que, por não saber lidar com essa parte da minha vida, foi que resolvi discorrer essas palavras. Não quero ser eternizada, ou lembrada, ou causar qualquer sentimento ou inspiração para alguém. Enfatizo inspiração. Só quero me lembrar das coisas que fiz, para que elas não passem despercebidas aos meus olhos, à minha memória, a forma como me senti em cada momento. “Você pode tirar a garota do jornalismo, mas jamais tirará o jornalismo da garota.” Isso é fato. E gosto de ver a minha própria mudança. Sei que quando essas páginas estiverem no final, até o modo como coloco pontuação terá mudado, terá amadurecido. Gosto dessa sensação de mudança constante. Gosto de mudança, isso me faz bem. Mas você não perceberá essa mudança a menos que se lembre do que está lendo agora, quando finalmente ler “Fim”, ou algo parecido, e decidir voltar ao início da história.
Você é muito mais do que um leitor. Talvez você esteja aqui apenas para julgar minha história, minha vida, minhas palavras nesse futuro livro, mas está aqui, dividindo seu tempo comigo. Somos amigas, quer você queira, ou não. Então, bem-vinda a minha vida, eu prometo ser sincera!

Somos apenas nós vivendo nossas vidas.
São apenas palavras nos mãos de uma jornalista.

Para Ignazio, por ser a minha pessoa preferida quando o assunto é ler as histórias que indico.
Para Piero, por todas as noites em claro, por todas as viajens. Você é o melhor!
Para Liadan, por me ensinar a enxergar com outros óculos.
Para Francesco, por sempre entender e melhorar as minhas confusões com o excesso de palavras.
Para Gianluca, pela paciência em revisar comigo cada detalhe dessa história, e de tudo o que escrevo, pelas dicas, pelo incentivo diário e constante. Obrigada por me convidar a embarcar nesse voo.
Para todos os meus amigos, principalmente Tiziano, Mariagrazia, Matteo e Niccolò, por me ensinarem o que é família de verdade e por não desistirem de mim.
“Porque o voo em família é bem mais divertido.”

Capítulo 1

     —Elara, entrevista com Tiziano Ferro, hoje. Você vai. —Avisou Sebastian, responsável pelo nosso departamento inteiro.
—Eu? Tem certeza? —Perguntei só para confirmar porque sei que a Ana vai detestá-lo por causa disso.
—ELA? TEM CERTEZA? —Gritou a Ana. Odeio admitir, mas sempre estou certa em relação a isso.— Depois do fiasco que foi com o Il Volo essa semana, vai entregar o Tiziano Ferro a ela desse jeito, Sebastian? Eu luto por isso há anos! ISSO É INJUSTO.

Fillipo cutucou meu cotovelo e escondeu um sorriso colocando a mão no rosto. Ele trabalha na cabine ao meu lado. Um dos meus melhores amigos.
     Não consegui não deixar um sorrisinho escapar.

—O departamento inteiro sabe disso, Ana. E todos nós sabemos que a Elara é responsável por shows e eventos e você fica com a sessão de esportes. Quando as suas publicações tiverem mais engajamento que as dela, conversamos na minha sala, até lá, você assiste ao jogo de basquete e Elara irá ao show do Tiziano Ferro. Escolha alguém para ir com você, Elara, alguém que dirija. Os vips estão na minha mesa. O show é hoje e a entrevista é depois do show. As perguntas estão prontas. Faça o que você sabe fazer.
—Deixa comigo, Sebastian! —Falei, ele sorriu e piscou antes de dar as costas e voltar a sala dele.
—Ele te ama. —Falou Fillipo, voltando ao lugar dele, rindo. Eu ri também.
—Não. Ele ama o dinheiro que minhas publicações dão a ele.
—Isso também.
—O que vamos fazer amanhã? —Ele perguntou,
—Não resolvi nada ainda.
—Então deixa comigo! Eu e a galera da recepção, e o Bruno da gerencia, estamos arrumando tudo, não é Gabi?
—Claro! —Respondeu a Gabi, por cima da cabine. O Rafa apareceu também.— Deixa tudo com agente, Bruxinha.
—Não, não, não! Vocês são normais demais para mim. —Falei, brincando.
—Já arrumamos tudo. —Falou o Rafa.— Vamos jogar boliche, depois vamos jogar sinuca e tem aquela casa de shows que todo mundo ama, vamos pra lá.
—Pra Milano’s? Vocês não existem. —Falei, rindo.
—E vamos fazer uma festinha aqui também. Certeza de que a Ana vai te adorar. —Falou Gabi, rindo. Todos rimos muito.
—Ela é responsável por um Fã Clube meu. —Falei, rindo.
—Com certeza é sim —concordou Rafa. Ainda dá pra ouvir ele e Gabi rindo mesmo depois de terem sumido da minha vista.
—Preparada para a casa dos 23? —Perguntou Lipo, ao meu lado.
—Vou me acostumar. —Respondi rindo.— E você? Preparado para o show de hoje?
—VOCÊ VAI ME LEVAR? —Ele perguntou, gritando, chamando a atenção de todos. É claro que vou levá-lo porque nunca o levei a lugar nenhum.

Montei uma publicação sobre o show do Tiziano Ferro em Roma e mandei para a aprovação. Dois minutos depois, estava disponibilizada no nosso site e os fãs e fã-clubes do Tiziano começaram a encher minhas redes sociais de mensagens de agradecimento pela postagem, principalmente no Twitter.
Eu amo Redes Sociais em excesso. Acho maravilhoso esse contato mágico que elas nos trazem de forma que todos fiquem mais próximos e nosso trabalho seja valorizado.      Muitas vezes meu Twitter é bombardeado por um certo Fandom pedindo matéria ou indicando um certo artista para as minhas publicações. Eu amo isso.
Fillipo é bom com câmeras, e esse é um dos motivos pelo qual o escolhi para ir comigo. Se precisar gravar, ele vai gravar.
Assim que chegamos no estádio, meia hora antes do início do show, me surpreendi porque, pela primeira vez, o Vip que recebemos realmente é um Vip de acesso liberado a tudo e todos. Andando por trás do palco, chamei Fillipo para uma selfie de modo que o público, lotando o local, fosse a nossa imagem de fundo, e publiquei no meu Instagram com a legenda: “Nós estamos aqui, prontos para uma noite incrível! Mais tarde tem entrevista com o divo @tizianoferroofficial ❤ \õ/ Quem está feliz por realizar mais um sonho? :’) Obrigada, Deus. #carreira #jornalismo #tzn #roma”, compartilhei a mesma publicação no meu Twitter e, automaticamente, no meu perfil do Facebook.
Nossa entrevista é, realmente, depois do show. A única entrevista depois do show, mas estamos caminhando pelos bastidores, tirando algumas fotos exclusivas aqui e ali.      Sempre fico atenta as minhas Redes Sociais porque, querendo ou não, sempre surge uma pergunta boa para fazer nos comentários, e dessa vez o que me chamou atenção foi: “Elara, amore, pede uma parceria com o IL Volo, por favor! Uma oficial, diferente da do DVD. A Liadan vai entender”. Deixei isso carimbado na mente porque, se houver oportunidade, farei alguma pergunta não programada.
Fillipo foi ao banheiro enquanto continuei andando pelos bastidores.
Cumprimentos a cada pessoa que passa. Confirmei a hora no relógio do meu braço: 10 minutos para o início do show. E então, do nada, Tiziano saiu vestido de terno e gravata borboleta, lindo como sempre, de uma porta à minha frente. Quase batemos de cara um no outro. Rimos da forma atrapalhada como nos encontramos. Me apaixonei naquele momento.

—Ciao, raga! —Ele disse, sorrindo, e colocou a mão na minha cintura para me cumprimentar com um beijo no rosto.— Ah, é você que está faltando na entrevista de agora?
—A minha está marcada para depois do show. —Respondi, meio perdida.
—Ah sim, a sua é exclusiva. Parabéns por ter conseguido, hein. —Ele sorriu e piscou, bem típico do jeito fofo dele.—Eu tenho de ir para a coletiva rapidinho agora. Lyh, estou indo. —Ele disse, olhando para o lugar de onde saiu. — Vamos nos atrasar. Vem logo! —Ele olhou para mim.— Nos vemos depois, então?
—Claro. —Respondi. Ele sorriu e deu exatos dois passos antes deu tomar coragem.— Tiziano, tira uma foto comigo, por favor? Sei que isso é chato, mas você está sendo o meu presente de aniversário.
—Claro, claro. Sem problemas. —Ele disse, sorrindo, e pegou o celular da minha mão. Como nem estava na câmera ainda, ele teve de encontrar sozinho.—Quantos anos? —Perguntou, sorrindo para a foto e colocando a mão ao redor da minha cintura. Sorri também, claro.
—23. —Respondi, pegando meu celular de volta com um sorriso enorme no rosto.— Completo 23 amanhã.
—Então te desejo parabéns depois da entrevista. —Ele disse, rindo, e seguiu com a equipe.
Eu fiquei parada, apaixonada pela nossa foto e encantada com a simpatia dele. Logo coloquei como foto de fundo e tela de bloqueio. Decidi compartilhar no meu Instagram também, como quase tudo o que faço, com a legenda: “Diretamente dos bastidores, antes do show, com o melhor. Muito amorzinho esse @tizianoferroofficial . Depois tem entrevista \õ/ #show #entrevista #jornalismo #tzn #roma “
     Dois seguranças saíram do mesmo lugar que Tiziano, acompanhando Liadan. Todo mundo conhece a dançarina do Tiziano e seu marido. Todo mundo. Principalmente eu que já tive de dedicar meses da minha vida e carreira pesquisando sobre a vida dela. Acho que consigo lembrar de cada detalhe ainda.
É claro que eu tinha de pedir uma foto, tinha de tentar.
     —Liadan? —Ela parou de imediato, fazendo os seguranças pararem e me olharem feio. Fazendo o marido dela, mais atrás, também parar. Ele não me olhou feio, mas desviava o olhar entre ela e eu, preocupado e rindo ao mesmo tempo.
     —Sim? —Ela disse, rindo, vindo na minha direção. Os olhos dela logo pararam no meu crachá escrito “imprensa”.
—Posso tirar uma foto sua? Depois do show tenho uma entrevista com Tiziano, e sei que você não gosta de entrevista, mas só queria uma foto. —Mentira, porque eu queria uma entrevista. Inclusive com o marido dela cuja equipe ama negar meus pedidos.
—Claro, claro. Sem problemas.
—Não temos tempo, Lyh! Estamos atrasadas. —Falou uma mulher loura, saindo da mesma sala, falando ao telefone e falando com Liadan ao mesmo tempo.
—É só uma foto, Anty! Diz pro Tiziano começar que chego logo. —Respondeu Liadan, sorrindo e se aproximando de mim.— Foto para publicação? Selfie? —Ela preguntou, rindo. Barone ria atrás dela.
—As duas. —Já que é pra pedir, vamos pedir tudo logo! Ela riu.
—Claro. Vocês são sempre assim. —Ela disse, rindo. Pegou o celular da minha mão e entregou para Barone. Em dois segundos, ele devolveu o celular. Ela posou para foto sozinha, o colar, a pulseira e o grampo no cabelo com as letras TZN reluzem demais. Ela é bem mais bonita pessoalmente. Ela mesma pediu para o namorado e a amiga posarem ao lado dela para mais uma foto.
—Grazie. —Respondi, sorrindo.
—Liadan posando para foto sem o Tiziano e sem dar chilique? Isso é milagre. —Falou a mulher loura, Antonella, se bem me lembro. Todos rimos. — Você sabe que isso vai parar em algum site, não é? —Ela perguntou, ainda rindo. — Quer fazer alguma pergunta?
—Não abusa, Antonella —repreendeu Barone, com um sorriso fofo no rosto.
—Na verdade, eu quero sim! —Falei rindo e Liadan soltou um sorriso tímido, mas mesmo assim me atendeu.

O show foi incrível! Até eu estava transpirando depois de ter pulado e cantado por quase duas horas Minha voz está falhando, mas estou muito feliz. Tiziano tem um jeito muito cativante no palco que me fez pensar se não devo largar um pouco o meu assento naquele escritório e aceitar, com mais frequência, os vips para shows e entrevistas que o escritório me fornece.
Tivemos de esperar até poder fazer a entrevista com Tiziano, que demorou apenas 15 minutos e ele me autorizou a fazer as perguntas que eu quisesse nos minutos seguintes, mesmo sem ter passado pela aprovação da equipe e da gravadora. No final, mais uma vez esbanjando simpatia, ele tirou uma selfie comigo e com Fillipo e fez questão de nos seguir no Instagram, além de me dar um abraço super apertado desejando “feliz aniversáro”. Achei fofo.
Passei a noite inteira acordada melhorando meu texto. Cada vez que eu relia, tinha vontade de melhorar e sabia que tinha capacidade de fazer isso. Era uma forma de retribuir toda a fofura de Tiziano.
Fillipo foi o primeiro a chegar no escritório, seguido de Gabi, Ana e Sebastian.

—Pelo amor de Deus, me diz que você não passou a noite inteira acordada na frente desse computador, Elara. —Falou Fillipo quando me viu.
—Estranho seria se ela tivesse ido pra casa. —Brincou Gabi.
—Qualquer dia a gente aceita, mas hoje? Você precisava descansar, Elara.
—Eu já terminei! Ficou perfeito e acabei de enviar para aprovação. Ficou muito bom.
—Tá vendo, Ana? São atitudes como essa que fazem com que a Elara vá aos shows e você aos jogos. Bom dia, Elara. Aliás, feliz aniversário. Vi a foto que você postou com o Tiziano, parabéns!
—Obrigada. O senhor se importa se eu…?
—For descansar? Por favor, não tem problema. Estou ansioso para ler a matéria. Tenho certeza de que ficou boa.
—Na verdade, queria conversar com o senhor, se possível.
—Claro, vamos.

O acompanhei até a sala dele e me sentei enquanto ele fechava a porta. Esperei ele arrumar as coisas, a bolsa, e organizar a mesa e, finalmente, se sentar a minha frente.

—Quer as férias para quando? — Ele perguntou, rindo. É obvio que eu quero minhas férias, e depois dos últimos dias eu mais do que mereço. —Para onde esses cabelos ruivos irão te levar dessa vez? Dubai? Cancún? Algum lugar mais para o sul?
—Sul não. Não posso tomar muito sol. —Respondi rindo.
—Claro. Não ficaria muito bonito a marca do óculos no seu rosto.
—Não mesmo.

Uso óculos desde os 17 anos, mas não reclamo. Eu realmente gosto deles. Me deixa com um ar mais intelectual. Eu gosto. Principalmente quando amarro o cabelo em um coque despojado.

—Para quando você quer?
—Levado em conta que já passou 12 dias, quero para segunda, se possível.
—Segunda agora? Não temos ninguém para substituir o seu espaço assim, do nada. Você sabe.
—A Ana está quase me chutando para pegar meu lugar. Ela está pronta, você sabe.
—Quando você voltar, ela vai lutar com unhas e dentes para não sair. Você também sabe disso, Elara.
—É claro que eu sei, mas o que você não sabe é que depois da postagem de hoje, o meu lugar está mais do que garantido quando eu voltar. —Respondi, sorrindo. Ele sorriu também.
—Vou ler sua matéria. Se realmente estiver boa assim, libero você na segunda.
—Okay. Vou ajudar o Fillipo nos emails.
—Tudo bem, senhorita.
—Senhor.

Me retirei da sala com um sorriso enorme no rosto.
É obvio que eu vou conseguir as minhas férias para segunda-feira. É obvio.
Me sentei, ainda sorridente, ao lado de Fillipo e peguei a senha para acessar os emails. Odeio fazer isso porque, ao meu ver, isso tudo é uma bagunça, mas cada um se organiza de um jeito.
Já estávamos quase no fim do meu expediente, 15h, quando recebi a notificação de aprovação no computador. Mantive segredo até de Fillipo sobre o que escrevi e o que consegui. Ele torra minha paciência a cada meia hora, implorando para que eu conte, mas continuo calada.
Então, exatos 20 minutos depois, Sebastian apareceu em pé na porta da sala dele, de frente para nós, com um sorriso enorme no rosto.
—Observe as minhas férias se aproximando. —Cochichei para Fillipo, que riu, ainda incrédulo.
—Elara? —Falou Sebastian.
—Sim, senhor.
—Passa aqui antes de sair para assinar suas férias.
—Com certeza.
—Excelente matéria. Parabéns. Parabéns também, Fillipo. —Ele voltou a sala dele e fechou a porta.
—Impressão minha ou ele parabenizou duas pessoas em uma única frase? —Perguntou Gabi, por cima do estande na nossa frente.—Sério, que merda vocês dois têm que conseguem fazer o impossível?
—E eu nem fiz nada. —Falamos em unissono. Rimos.
—O que vocês conseguiram ontem? —Ela insistiu.
—Leia e você descobrirá. —Respondi, rindo. Ela fez careta.
—Depois. Agora temos que deixar a Ana nervosa. HORA DO PARABÉNS, GALERA! —Ela gritou essa última parte. Eu ri.

Sim, a Ana ficou nervosa. Não sei o que ela tem contra mim, mas tem. E de alguma forma, me detesta desde que chegou aqui. Por mim, tanto faz. Se ela quiser falar comigo, ou precisar de mim em algum momento, eu estarei aqui, se ela não quiser, continuarei do mesmo jeito. Não ligo para essas coisas, nem gosto de perder tempo pensando nisso, mas Gabi e Lipo se preocupam ao máximo em tornar a vida dela um inferno. Chega até a me irritar, mas eles são incontroláveis.
A equipe do escritório, do setor de entretenimento, o mesmo que o meu, se reuniu para cantar parabéns para mim, inclusive o Alessio. Não sei quem chamou ele, mas deixei bem claro da última vez que não quero namorar ninguém pelos próximos 4 anos da minha vida. Alessio parece que não entendeu isso ainda. Sebastain já estava comendo, mas mesmo assim decidiu puxar assunto. Isso quase não acontece. Geralmente ele só berra e diz que temos de nos empenhar mais.

—É sério. Como você conseguiu entrevistar a Liadan? —Ele perguntou, fazendo todo mundo prestar atenção. É obvio que ninguém teve tempo de ler o que eu escrevi ainda.
—Foi simples. Eu pedi, ela aceitou. — Respondi rindo, ainda incrédula. Ela nunca dá entrevista.
—Eu sabia que fiz o certo ao entregar aquela tarefa sobre a vida dela nas suas mãos. Eu senti!

Há pouco mais de um ano, quando Piero Barone estava prestes a se casar com Liadan e tirar o Bertizzolo do nome dela, fui “sorteada” para substituir um redator da revista física que tinha todas as informações sobre o assunto, inclusive uma entrevista via skype com Tiziano Ferro, eu tinha apenas de escrever a matéria, mas achei incompleta e corri atrás de mais informações. Resumindo: descobri na minha pesquisa que, na verdade, fui entregue aos leões famintos, porque mencionar o nome de Liadan em qualquer coisa era conseguir fazer o mundo internauta inteiro se voltar contra você e o local onde você trabalha. Naquela matéria, de 4 páginas muito bem detalhadas, decidi explorar entre os temas da vida de Liadan como dançarina, um pouquinho da vida dela com Piero Barone de modo que enfatizasse isso dos fãs detestarem a coitada. Acho que foi a melhor matéria da minha vida até antes de ontem. Me orgulho muito dela, como me orgulho da que escrevi essa noite.
Se um dia eu for mudar de emprego, com certeza colocarei essas duas matéria no meu curriculum.

—A Liadan Bertizzolo? — Perguntou Gabi, incrédula, ao meu lado.
—A própria. Ela é tão amorzinho, tão gente boa.
—Vi que o marido dela estava no show ontem. Ele publicou no instagram.
—Estava mesmo. Tem foto exclusiva deles na postagem. —Falou Sebastian, todo orgulhoso. É até engraçado vê-lo assim.

Fui pra casa me arrumar, porque estou nas mãos de Gabi e Fillipo para comemorar meu aniversário, e eles são exagerados em todos os sentidos.
Não me importo muito em arrumar meu cabelo, porque gosto do jeito que ele é. Nem liso, nem cacheado. Ondulado. Mas preciso passar base para cobrir um espinha mutante que decidiu aparecer bem no meio da minha testa. Minha pele é clara, mas não clara no estilo transparente, sei lá. Delineei o olho e esfumei com sombra preta, passei blush e um batom vermelho qualquer que eu encontrei. Não perco muito tempo maqueando meu olho porque nunca aparece devido o óculos, mas gosto de contornar pelo menos, para ver se o azul vívido deles fica mais nítido. Vesti uma calça de couro preta, uma sandália de salto alto também preta e uma camisa rosa justa e estava pronta.
Gabi e Lipo me levaram para jogar boliche, mas sou péssima nisso. Sou melhor na sinuca, e todos sabem disso agora. Alessio não veio, pelo menos isso, assim não preciso ficar me preocupando em não magoar ninguém ao olhar para um ou outro rapaz durante a noite.
Já passava das 23h quando chegamos na Milano’s. E já chegamos cortando fila. Fillipo deu um jeito de entrar quando disse que era meu aniversário e o segurança nos liberou. Tenho quase certeza de que ele pegou duas notas de 100 do bolso. Quase.
Passei pela segunda rodada de bebidas sem problemas. Não me importo com nada a não ser comemorar meu aniversário, e o início das minhas férias, dançando com meus amigos. E um ou outro rapaz, tenho quase certeza que um deles se chama Giuglio. Ele brotou do nada, normal. Minha vez de ir atrás dos drinks. Não foi fácil voltar equilibrando os três, mas consegui. Gabi já estava alterada. Vou ter que chamar um taxi para me levar embora de novo. Entreguei a bebida deles.

—Minha impressão ou aquele ali é o garotinho do IL Volo? — Ela perguntou, rindo.
—Aquele te seguindo com o olhar — confirmou Fillipo. Olhei na direção que eles mostraram.
—Nos sofás? É o Ginoble, o Barone e o Maxim. Espera, cadê a Liadan? É estranho ver o Barone sem ela.
—Estranho é você saber de tudo isso — observou Gabi, sorindo, mas meio assustado.
—Acho que ele está vindo na nossa direção —Disse Lipo, também rindo.
—Ele não pode estar vindo. Tem aquela amiga da Liadan na vida dele. Ninguém se aproxima, tô falando sério. —Falei rindo.
—Tá com medo dela?
—Vai por mim, a Liadan já era complicada com o sobrenome Bertizzolo. Depois do Barone, quanto mais distante, melhor.
—Você é uma enciclopédia ambulante quando o assunto é a vida dessas pessoas. Isso é estranho.
—Isso é o meu trabalho, Gabi. — Respondi, rindo.
—Buonanotte. — Me virei quando Ginoble chegou todo sorridente, acompanhado de Barone e Maxim. É claro que conheço cada rosto e cada nome. Não tem como não conhecer porque de certa forma eles são o meu ganha-pão. — Comemorando?
—Meu aniversário. — Respondi de imediato e já me arrependi. Besteira. — Mas já estamos de saída. — Ginoble, Barone e Maxim alteraram o olhar para os drinks que acabei de entregar nas mãos de Gabi e Lipo. É mais do que óbvio que não pretendemos sair agora. Ótimo! A pior mentira do mundo. — Barone. — Falei, cumprimentando Barone com um aceno de cabeça, mas ele decidiu que um beijo no rosto é mais apropriado. Me voltei para Maxim. — Não sei dizer seu sobrenome, é claro. —E subliminarmente, odeio o seu jeito arrogante de esfregar na cara das pessoas que você viaja , vive em lugares chiques e é amigo desses rapazes. Grande coisa. Ah, detesto sua irmã também. Bem feito pra você e pra ela que Barone tenha ficado com a Liadan. Ele e a Liadan combinam 100%. Encontre outro amigo para transformar em cunhado e casá-lo com Anastácia. HA-HA-HA
Estou me transformando em uma revolucionária influênciadora de opiniões sobre esses rapazes. Estou detestando, mas de alguma forma também estou gostando disso.

—De onde eu te conheço? — Perguntou Barone, curioso. — Tenho a impressão que te conheço de algum lugar.— Lipo pigarreou atrás de mim. Chutei o pé dele.
—Show do Tiziano Ferro ontem. Entrevistei sua mulher. — Respondi docemente. Ele ama dizer “minha” quando se trata da senhora Barone. Então ajudá-lo a enfatizar essa possessão toda deve fazer com que seja mais fácil agradá-lo.
—Posso saber o seu nome? — Perguntou Ginoble. Não mesmo! Não com esse ser incrivelmente patético que vocês chamam de “amigo” ao lado. Aliás, pensando melhor, deve ser por isso que a Liadan não está aqui. Ela também deve detestar o Maxim. Tanto que ninguém encontra foto deles juntos. E Maxim adora exibir esses rapazes e seus familiares no instagram. Mais um ponto positivo para a senhora Barone.
—Lazzarini. Pode me chamar assim.
—Lá vem ela com isso de sobrenomes. —Falou Gabi, fazendo todos rirem. — É Elara. Elara Lazzarinni. Mas ela não gosta que ninguém não íntimo a chame de Elara.
—Lazzarini…. De Veneza?
—Ótimo aluno das aulas de história e geografia, Ginoble. — Falei, sorindo. Ele sorriu. — Acho melhor vocês irem. Vocês são meu trabalho e estou de férias. — Em outras palavras, não posso conversar com vocês sem pensar em escrever sobre cada detalhe. E estou de férias. Voltem em um mês. Obrigada. Eles apenas se olharam e riram.
—Aquela notícia sobre a música com o Tiziano Ferro… foi ela quem escreveu? — Ginoble perguntou para Barone ao invés de perguntar para mim.
—A própria.
—Que tipo de encanto você usou na Liadan? — Agora ele decidiu perguntar para mim mesmo.
—Tenho muitos truques. Você não faz ideia. — Falei sorrindo e pisquei. Mas o sorriso deles é maior que o meu. Gabi começou a gargalhar com Lipo ao meu lado. — Mas não usei nenhum deles com a senhora Barone, pode ter certeza. Meio que preciso colocar meus truques em prática mais vezes, porque falhei quando tentei usá-los com vocês.
—Como assim? —Perguntou Barone. Rimos.
—A equipe de vocês me negou uma entrevista. Preciso dizer que odeio todos vocês? São quase intocáveis quando o assunto é sair da zona de conforto. Eu hein! —Falei em tom engraçado, mas não era mentira. — Sei que não é culpa de vocês, estou apenas brincando. —Finalizei.

Um rapaz moreno se aproximou de mim e me beijou no rosto. Aquele que tenho quase certeza que se chama Giuglio.

—Tenho que ir, bella. Posso te ligar depois? —Ele perguntou, rindo, com a mão na minha cintura. Fiz força para me manter distante enquanto ele tentava me puxar para algo que tenho certeza que é um beijo.
—Claro que pode. —Respondi, rindo quando virei o rosto e ele beijou meu pescoço. Sou boa em desviar de certas coisas. Gabi e Lipo riem olhando pra mim, pisquei pra eles. Nós sabemos que o número que passei para o rapaz não é meu. É inventado.

É claro que saio com rapazes por uma, duas noites. Às vezes chego a encontrar um ou outro em um final de semana e acontece novamente. Mas não quero nada grudento, nada que possa se tornar algo mais sério do que uma noite. Então é mais do que óbvio que não passo meu telefone de verdade, às vezes uso outro nome e nunca levo ninguém para o meu apartamento.
Distância mínima para continuar indo bem no trabalho, OKAY.
Giuglio é bonito. É claro que é. Mas a cabeça do coitado é vazia. Sim, deduzi isso em menos de uma hora de conversa. Não quero nada sério, mas também não vou sair por aí dormindo com qualquer cabeça oca de sorriso bonito que apareça na minha frente. Ficamos enquanto dançávamos, claro, mas não vai passar disso nunca.

—Namorado? —Perguntou Maxim.
—Nunca. —Respondi do jeito mais apropriado que consegui: nem um pouco simpática. A música mudou e não consegui conter o grito de felicidade. Gabi e Lipo riem por saber que não me controlo ouvindo essa música, mas Maxim, Ginoble e Barone riem de mim mesmo. Tentei puxar Lipo pelo braço para fazê-lo me acompanhar, mas ele está alterado demais para dançar comigo. Ele não veio. —EU AMO ESSA MÚSICA! Vem, Gabi! Meu Deus, ninguém vai me acompanhar hoje mesmo? E é assim que vocês se dizem meus amigos, no meu aniversário? É por causa deles né? —Perguntei, já sabendo a resposta, apontando pro Barone e pro Ginoble, eles estavam rindo.— Me entendo com vocês depois! —Falei rindo. —TI DICONO NON SEI NESSUNO SE POI NON PASSI IN RADIO, IN RADIO. —Cantei bem alto, no ritmo da musica.
—OGGI CHE SEI CONOSCIUTO PER ME SEI SOLO UN ESTRANEO, SOLO UNA VOCE IN RADIO. — Gianoble me acompanhou, praticamente berrando como eu, para minha surpresa.
—E PARLANO DI TE, SENZA SAPERE CHE TU GIÀ DA PRIMA ERI IMPORTANTE ANCHE SOLO PER ME. —Ginoble e Barone me acompanharam. Berramos juntos.— E TUTTI CHIAMANO IL TUO NOME ADESSO CHE SEI IN RADIO, IN RA-A-A-DIO.

E essa sou eu longe do meu local de trabalho. Canto alto, como demais, bebo demais, riu demais, brinco demais e flerto mais do que deveria. Não faço jus ao nome “jornalista”, ou aoS óculos que tenho de usar para enxergar. Visualmente falando: sou alguém séria e respeitável; particularmente falando: eu deveria ser estudada.
Já devo estar indo para o sexto drink. Certeza. Ou quase. Quase certeza que foi Ginoble quem trouxe o último. Quase.
Não lembro em qual momento Ginoble e Barone se tornaram nossos “amigos” naquela noite, mas acho que foi depois do momento de loucura cantando Marracash. Gabi e Lipo chamaram nossa atenção para os rapazes que estavam trazendo um bolo. Nesse momento senti uma pontada de vergonha, mas tudo logo passou. Principalmente porque todos cantavam parabéns para mim, inclusive meus dois novos amigos. Maxim não está na lista, e perdeu todas as chances que tinha de entrar para ela depois que inventou de me chamar de “Lara”. Chega do nada e já se acha no direito de me dar um apelido. Nem Gabi e Lipo fazem isso. Alguém tem que colocar um limite nesse moleque, penso a cada vez que ele me chama por algum apelido. Pelo menos Barone e Ginoble têm a decência de me chamar da forma como me apresentei. Pontinhos positivos pra eles, penso.

—Elara, precisamos ir. —Falou Gabi, olhando pro relógio. — Você está de férias, nós não. E fui escalada para o período vespertino do final de semana.
—Claro, vou com vocês. Eu pago o táxi. — Falei alto para que ela me escutasse. Estamos sentadas no sofá ao lado do DJ. Certeza que isso vai me causar uma baita dor de cabeça quando a adrenalina da noite passar.
—Você vai ficar, Elara. —Respondeu Lipo, em tom de bronca.—Como a Gabi disse: nós não estamos de férias, você está, e oficialmente falando, um ano mais velha. Seja bem-vinda à casa dos 23.
—Quase um quarto de século, Lipo! Já estou parecendo o Dumbledore. —Falei seria, mas por algum motivo, Ginoble e Barone começaram a rir ao meu lado.
—Você tá mais pra Mare Barrow. Chata igual ela, insuportável igual ela. E ainda assim nós te amamos.
—Ridículos. Vão logo! Sumam mesmo!

     Devo estar mesmo entre os Calore, acompanhada de um murmurador. Sem dúvidas.
 Eu me enlouquecendo. Eu sou demais. Ri alto de mim mesma, mas tentei me controlar quando eles me olharam com cara de desentendidos. É obvio que eu sou louca, galera. Ri novamente e decidi que vou tentar controlar minhas piadas que só eu falo, escuto e entendo por algum tempo.

—Galera, galera, galera. Rapidinho. —Falou o Dj, prendendo a atenção de todo mundo depois que meus amigos me abandonaram sozinha. — A aniversariante da casa de hoje vai escolher a música. —Não pensei que ele estivesse falando de mim, mas os rapazes com a câmara ligada vindo na minha direção fizeram eu entender isso. Esqueci por dois segundos onde estou.— Vamos, gata. Qual vai ser a sua? —Ele perguntou e piscou. Olhos castanho claro lindos.
—Não sei. Você me pegou de surpresa. —Não falei com segundas intenções, mas ele riu como.
—Só não vale IL Volo, gata. —Ele jogou, rindo.
—Ao vivo não cola? —Perguntei para descontrair. Rimos mais. Não sei porque Ginoble começou a gravar, mas começou. Ele fez a apresentação dizendo onde está e com quem está. Disse inclusive que é meu aniversário e estamos escolhendo uma música.
—Mas vai, escolhe uma música logo, Lazzarini. A demora para a escolha de uma música. —A segunda parte ele falou olhando pro celular. Live, com certeza.
—Só se faz 23 anos uma vez na vida, Ginoble. Me deixe em paz. —Ele gargalhou.
—Deixa ela escolher a música dela, Gianluca. —Ajudou Piero, ainda rindo.
—Posso escolher duas? —Gritei para o DJ.
—Você pode qualquer coisa, gata.
—Cadê Liadan? Essa vai pra ela também. Gosto cada vez mais dela. —Falei, sorrindo, mas fui bem sincera.— Baby K com Tiziano Ferro. Killer. Depois eu PRECISO de Pazza Musica!
—23 anos. Killer. Pazza Musica. Okay. —Ele disse e piscou novamente.—Me lembra de pegar o seu número depois, gata.

Pisquei da mesma forma que ele piscou pra mim.
Flerte é sempre engraçado. Um jogo muito incerto.
Barone se diverte nessa palhaçada toda. Sempre faço as pessoas rirem demais das minhas loucuras.

—Conhece essa, Barone? —Perguntei porque sei que ele se esforça por causa da mulher dele, mas não curte tanto.
—É claro que conhece. Ele é amigo do Tiziano. — E quem te perguntou, Maxim?
—Não conheço, Lazzarini. Sou falho demais nesse assunto, embora eu seja casado com quem sou, e tenha os amigos que tenho, Max. Gianluca? Sabe essa?

Ginoble não pensou duas vezes antes de me tirar para dançar. Não foi bem uma dança, na verdade, foi mais uma disputa. Ficou bem obvio para qualquer pessoa que tanto eu, quanto ele assistimos o clip vezes demais a ponto de decorar os movimentos.
     Ele é bem bonito.
     Estou alterada demais. Esse é o meu limite. Preciso ir embora.

     —Solo una pazza musica, pazza musica, pazza musica. —cantei, ainda rindo, quando voltei para pegar minha bolsa.
     —Realmente pazza musica. — Falou Barone, rindo. — E vai por mim, lembrando da sua primeira escolha, sem nós vocês são perdidas mesmo. Mas se, vocês nós somos um grande nada. Digo isso por experiência própria. —Ele levou a taça a boca e bebeu mais um gole de vinho.
Não consigo controlar a jornalista dentro de mim.
     —Eu adoraria saber mais sobre a sua história com a Liadan, Barone.
     —Talvez um dia. —Ele sorriu.— Talvez um dia ela deixe você ir até a nossa casa fazer uma entrevista. Não duvido mais de nada depois de ontem. —Ele sorriu.— Mas você vai ralar muito, muito mesmo, se quiser tirar qualquer informação pessoal da boca da minha mulher. Não sei como você conseguiu tudo aquilo, mas estou disposto a ver o que você é capaz de fazer.
     —Mulheres são mulheres, Piero. —Disse Ginoble. —Elas conseguem o impossível.
     —Vi a Lia negar entrevistas para todas as pessoas, Gianluca. Você estava lá quando ela negou o negócio do programa nos Estados Unidos. Você conhece ela. E a tour do Justin Timberlake? Ninguém negaria.
     —Sempre achei sua mulher muito ousada, Piero.

Na boa, se fecha Maxim! Não consegui não revirar os olhos e fazer cara de enjoo. Affz.
Ginoble riu discretamente, mas riu.

     —Preciso ir pra casa. — Falei, pegando minha bolsa.
     —Não antes de tirar uma foto conosco —quase vomitei dessa vez.
     —É melhor não, Maxim. Sou jornalista, as pessoas podem pensar errado.
     —Desde quando jornalistas se importam com o que as pessoas pensam? —Ele perguntou, rindo. Ninguém riu além dele. IDIOTA, coloquei como sobrenome dele na minha agenda mental.
     —Jornalistas só se importam com o que as pessoas pensam, Max. — Falou Ginoble.
 Cara, casa comigo! —Vamos Lazzarini! Já viram você na live que fiz naquela hora. Posto no meu perfil, fica tranquila.

     E eu lá estava preocupada? Só não queria tirar foto com o Maxim mesmo. Sorri e Ginoble sorriu ao meu lado. Selfie, claro. Bem o estilo dele. O meu arquinho de cabelo com o número “23” apareceu brilhando na foto, e o chapéu dele com o mesmo número ficou bem engraçado, mas achei melhor tirarmos outra. Eu tirei o arquinho e ele tirou o chapéu, Barone aproveitou e tirou o chapéu também. Saímos apenas Ginoble e eu na selfie, dessa vez mais aceitável do que a outra. Ele trocou de lugar com Barone e tirou uma foto nossa. Tanto eu quanto Piero colocamos o braço direito sobre a mesa e mão noS óculos. Gostei das duas fotos, mas não espero que ele realmente publique. Não faz sentido.
Me levantei e peguei o celular para chamar um táxi.

     —Passa o seu número, Lazzarini. —Falou Ginoble. Eu ri.
     —Pra quê?
     —Vamos te dar um presente de aniversário —falou Barone. Sério.
     —Não precisa. A companhia de vocês foi o suficiente. Obrigada, mas realmente preciso ir.
     —Vai por mim, esse presente você vai gostar —ele piscou. Fiquei bem dividida agora.
     —Vamos dar um jeito de liberar aquela entrevista pra você —falou Ginoble.
     —Sério? Mesmo? Tá brincando, né?
     —A parceria com o Tiziano Ferro vai sair até o final do ano graças a você. Você nos ajuda, nós te ajudamos.
     —Info em primeira mão, mas mantenha em silêncio por enquanto. Vamos chamar você para fazer o anúncio exclusivo — Ginoble falou perto demais do meu ouvido.

     Exclusivo. Essa é a palavrinha mágica para conseguir o telefone de uma Lazzarini. É obvio que quase voltei pulando de felicidade pra casa. Aliás, Ginoble queria me levar até meu apartamento. Como se eu fosse deixar. Tadinho. Tanta simpatia me comove, de verdade.
     Tomei um banho assim que cheguei em casa. Exausta, nem me preocupei em abrir os presentes que deixei no sofá. Fui até a cozinha e preparei um café bem forte e já deixei os remédios para dor de cabeça a vista.
Peguei o celular para desativar o despertador das próximas horas.
Ignorei a mensagem de Ginoble no whatsapp. Ele disse que mandaria um olá para que eu anotasse o número dele. Ignorei a enchurrada de mensagem de amigos do trabalho, inclusive da Gabi e Lipo, até mesmo a do Rafa pedindo desculpas por não ter ido. Fiz uma anotação mental para bater nele assim que o vir.
     Minha cabeça está latejando. Como uma bomba relógio, vai explodir a qualquer momento.
     Bem-vinda à casa dos 23, Elara Lazzarini. Vê se muda essa vida dessa vez. Vê se cumpri os sonhos e metas do ano. Não vá se decepcionar novamente.
     Tá, mas pensarei nisso amanhã. Preciso dormir. Preciso tirar essa bomba do meu cérebro.
     23 anos. Ontem mesmo eu estava fugindo, no auge dos 17. Ninguém merece!

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Ultimo show de Tiziano Ferro em Roma. “Eu amo esse lugar , amo meus fãs, e vamos nos encontrar de outra forma agora.” Entrevista exclusiva com Tiziano Ferro e Liadan Barone. “Vai ter música do IL Volo com part. do Tiziano Ferro.”

Lazzarini, Elara.

Ninguém no mundo está contente com o final da carreira de Tiziano Ferro como cantor, mas mudanças são necessárias, não é mesmo?
Ontem, no último show definitivo de Tiziano Ferro, depois de rodar o mundo com a tour Grazie X Tutto e encerrar aqui, em Roma, depois do show, conversamos com Tiziano em uma entrevista exclusiva recheada de novidades sobre o que os fãs de TZN podem esperrar daqui pra frente.

EL. > Como você está se sentindo, Tiziano? Agora, definitivamente, acabou? É um ponto final?
TZN.: Eu estou feliz e agradecido. Fomos extremamente bem acolhidos no mundo inteiro. Eu amo esse lugar, amo meus fãs. É um abraço quente, afetuoso. Uma etapa terminou aqui, mas muitas outras coisas ainda estão por vir, então não pode ser um ponto final. Vamos nos encontrar de outra forma —risos.

EL.> Então é um ponto e vírgula?
TZN.: Pode se dizer que sim. Uma pausa para inserir novos personagens, mas não é um ponto final. Isso é fato —mais risos.

EL.> E o que essa última tour significou para você?
TZN.: Nós sabemos que somos importantes para algumas pessoas. Sei que meus fãs, meus fã clubes me amam, mas nunca estive tão perto deles, sentindo esse carinho, esse amor, todos os segundos do dia. Foi uma forrma de me dar força para seguir com o que tenho em mente. Eles sempre me dão forças. E a nossa gravadora tá aí, já trabalhando.

EL.> Por que você escolheu Liadan Barone para ser a estrela da sua gravadora?
TZN.: Porque não tive muitas opções. Era ela ou ninguém —risos. Brincadeira. Escolhi Liadan porque vejo muito de mim nela, na forma como ela trabalha, como enxerga as coisas, como se entrega ao que ama. E nem precisei pedir muito, na verdade. Ela aceitou de imediato.

EL.> Surgiram rumores de que a sua gravadora trabalhou no seu DVD. É verdade?
TZN.: Sim. É verdade. Teremos o primeiro DVD gravado no San Siro, e depois outro, exclusivo da minha gravadora, seguindo os shows pelo mundo. Não tem data para lançamento ainda.

EL.> Você pensa em continuar como cantor? Se algum artista pedir uma parceria com você, você aceitaria?
TZN.: Depende. Tudo depende. Depende do artista, depende do propósito, depende da música.

EL.> E se fosse o IL Volo, por exemplo?
TZN.: -Risos. Foi Liadan quem mandou você fazer essa pergunta, não foi?
LB.: Não tenho nada com isso. A pergunta é exclusiva dela.

EL.> Vários fãs do trio gostariam de uma parceria com você, Tiziano. Isso seria possível?
LB.: É Tiziano, isso seria possível? -Risos.
TZN.: Sim, sim. Abro uma excesso para os rapazes do IL Volo – Risos.

EL.> Uma participação em DVD? Um clipe? Uma composição sua?
TZN.: Algo em mente, Liadan?
LB.: Eles não têm DVD nenhum para o próximo ano, então acho que um clipe seria bom. Composição dos rapazes com o Tiziano.
EL.> Então podemos esperar uma música nova do IL Volo com participação do Tiziano Ferro?
TZN.: Não. -Risos. Eles nem estão aqui. Não tem como confirmar algo assim. -Mais risos.
LB.: Sim. Nós confirmamos. Pode anotar que é exclusivo e em primeira mão. Vai ter música do IL Volo com participação do Tiziano Ferro. -Risos
TZN.: E video clipe com participação da Liadan. Pode ir revelando tudo. ­- Risos.

EL.> Esse é o relacionamento de vocês? Realmente pai e filha?
LB.: Ele teve que me adotar. Fui praticamente jogada na porta da casa dele -risos. Mas ele é mais como um irmão mais velho. Dá conselhos, briga, ajuda em casa, ajuda no trabalho.
TZN.: Eu sou um encanto.

EL.> Sem dúvidas. Do que você sentirá mais falta, Tiziano?
TZN.: Não sei ainda. Não faço ideia. Vamos marcar uma nova entrevista daqui uns 3 meses e te digo com toda a certeza o que mais me faz falta.

EL.> Você pretende expandir sua gravadora para o exterior?
TZN.: Sim, sim. Faz parte dos planos. Tenho amigos demais no exterior que estão esperando por isso também.

EL.> Qual música você mais sentira falta de cantar?
TZN.: São tantas! Sere Nere, o público sempre gosta. Rosso Relativo, Imbranato, La Differenza Tra Me E Te….
LB.: Todas. ­- Risos.
EL.: Clássicas são as melhores. E as suas são inspiração e trilha sonora.

EL.> Aceita falar conosco rapidinho, Liadan?
LB.: Claro. Com Certeza.
TZN.: Mudamos para a primeira entrevista exclusiva com Liadan Barone – risos.
EL.> Consegue definir uma música do Tiziano que mais lhe fará falta?
LB.: Eu sou de momento. No momento, Angelo Mio é a que me fará mais falta, mas amanhã posso acordar e ligar implorando pra ele cantar Ti Scaterrò Una Foto, ou Killer. Eu faço a Baby K -risos.
TZN: Ela é uma criança boba na maioria das vezes.

EL.> Você, casada com um IL Volo, tendo TZN como chefe, nunca pediu uma parceria entre eles?
TZN.: É o que ela mais pede. Falo por mim, não pelos rapazes.
LB.: Eu peço pro Tizi quando ele está sozinho, peço pros rapazes também, mas nunca parei e pedi de verdade, com eles em uma reunião, tudo certinho. Mas sempre peço sim. E vai sair esse ano, como eu disse.
EL.> Qual a sensação de estar cercada de pessoas famosas e conhecidas?
LB.: Não os enxergo dessa forma. São pessoas normais que eu amo. São pessoas chatas, irritantes, briguentas, birrentas e normais que eu amo —risos.

EL.> Podemos esperar muito de vocês, como parceria, não é?
TZN.: Sim. Muito mesmo. Não só aqui na Itália, como no exterior. Não é porque encerro minha carreira como Tiziano Ferro cantor que tudo está acabado. Na verdade, tudo está começando. Vamos fazer parte da tour do Justin Timberlake no próximo mês,  temos a gravação de um clipe com eles e outros artistas antes de voltar pra Itália com a tour do Marco, e seguir o restante do conograma aqui.

EL.> Você tem um recado para os seus fãs que estão lendo isso agora?
TZN.: Isso não é um fim. É um começo. Estamos mais próximos do que antes. Tem muito TZN aqui pra vocês aguentarem ainda.
LB.: Arriverà la fine, ma non sarà la fine —Risos.

Quem mais está ansioso por essa parceria com o IL Volo? Nós estamos muito ansiosos!

Continua…
Fic revisada em 2023.