Fã Fic – 3 irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo (Capítulos 14 e 15)

***

Ouvir Ignazio cantar foi uma experiência única. Ele, assim como Piero e Gianluca, nasceu para isso.
Não vou negar que senti, sim, aquilo que decidi chamar de ciúme toda vez que ele fazia algum tipo de palhaçada que resultava no grito eufórico das meninas atrás de mim.
Olhar para ele, para esse outro Ignazio, me faz ter medo do que pode acontecer, do que me espera, do amanhã, me faz ter medo de imaginar um futuro a seu lado.
Após o concerto é Suelen quem me leva para junto dos rapazes. Passei o concerto com ela, é um encanto de mulher. Parece tanto, tanto, com Piero no jeito de ser e observo o mesmo detalhe em Martina, o que me deixa mais preocupada já que não pareço tanto com Ignazio. Mas não deixo isso atormentar meus pensamentos.
Estamos na mesma sala que estávamos antes do concerto. Me concentro em conversar com Gianluca, que está ao meu lado, sendo sempre um amor de pessoa, mas não consigo escapar de alguns comentários de Piero enquanto Ignazio nos deixa para ir pegar o carro.

— E aí, Moh, já decidiu ficar aqui ou vai ficar se fazendo de difícil?
— Piero, o que é isso? -Pergunta Suelen, batendo na perna de Piero.
— Não estou me fazendo de difícil, Piero, só não estou disposta a deixar 19 anos da minha vida para trás, assim, do nada.
— A Suelen conseguiu.
— Mas ela não é a Suelen, é, Piero? Deixa que ela e o Ignazio resolvam isso, não cabe a nós nos intrometer. – Diz Gianluca, e agradeço por alguém, pelo menos, tentar me entender.
— Tá bom. Chega.
— Concordo com a Martina. Chega. -diz Suelen, tentando amenizar o que, provavelmente, resultaria em confusão.- Quem tem que resolver isso é ela e o Ignazio. Mas é claro que nada irá nos impedir de trancar você em um quarto se você optar por deixa-lo.

Essa pressão está acabando comigo. Quero decidir, mas não assim, sendo colocada contra a parede por pessoas que amam o Ignazio e não o querem ver triste. Quero escolher, por ser o melhor pra mim, por querer e não por obrigação, mas cada frase de Piero é como um tiro em minha direção.

— Acho melhor vocês pararem com isso mesmo. Deixem que ela decida, por amar o Ignazio e querer ficar ao lado dele. Ele é nosso amigo, nosso irmão. Não deve ser fácil pra ele agora e, com certeza, vocês não estão ajudando em nada, não estão ajudando o Ignazio e nem a Manuela.
— Obrigado, Gianluca.- Digo, e sinto as lágrimas encontrando o caminho dos meus olhos.
— Para Gianluca! Você também não quer ver o Ignazio triste. Admite logo.
— Não, não quero. Mas obrigar ela a ficar aqui não é certo.
— Você só diz isso porque a Martina mora perto de você.
— Ah, e você obrigou a Suelen a se mudar pra sua mala, por acaso?
— Piero, Gianluca, por favor, parem com isso. -Digo, tentando parecer calma.
— É diferente, Gianluca.
— Claro que é, não sou eu quem estou obrigando a ragazza a se casar com Ignazio.
— Não estou obrigando ninguém.
— Piero, por favor, é exatamente isso que você está fazendo.
— Eu quero ver ele feliz, só isso.
— E a opinião dela não conta?
— Ela ama ele, está estampado nela.
— Então deixa ela decidir o que vai querer fazer da vida. Não fique jogando a responsabilidade pra cima dela.
— Mas a responsabilidade está em cima dela. Se ela ri, Ignazio ri; se ela chora, ele chora. Não foi pra você que ele ligou descontrolado ontem por não saber o que fazer, foi?

Não aguento, não aguento mais. As pessoas tem limites e o meu já passou há anos luz. Não tento controlar as lágrimas porque não sei fazer isso. Como odeio esse meu lado emotivo que Ignazio criou, não sei controlá-lo, não sei como lidar com ele.

— Me deem licença.
— Viu o que vocês fizeram? Estão felizes agora? Espera Manuela, eu te acompanho.
— Não, Suelen. Me deixa sozinha.

Me levanto, já não conseguindo conter lágrima nenhuma. Tremo tanto que não consigo abrir a porta.

— Manuela, calma, desculpa.
— Me deixa, Piero. Nada é tão simples como parece, sabia?

Viro várias vezes a maçaneta até encontrar a chave na porta e vira-la. Tropeço com Ignazio ao abrir a porta. Rapidamente o sorriso que estava em seu rosto vai embora.

— Amore? O que foi? -Ele pergunta, fazendo força contra a minha cintura, impedindo que eu passe.
— Não consigo, Ignazio. Eu estou tentando, estou mesmo, mas não consigo. -Digo, soluçando.
— O que aconteceu?
— Nada, só me deixa passar, preciso ir ao banheiro.
— Eu vou com você.
— Ignazio, eu não consigo, por favor, não faz isso comigo. Não você. Por favor.
— Hey, olha pra mim! Manuela! O que foi?

Tento, em vão, pedir para que ele me deixe passar, mas desisto porque já o conheço e sei que ele não vai deixar que o faça, então encosto a cabeça contra seu peito e continuo chorando enquanto ele me abraça.

— Mona, calma, me diz o que aconteceu.
— Piero e Gianluca colocaram ela contra a parede. -Não sei se quem diz é Suelen ou Martina.
— Vocês prometeram! Piero!
— Não aguento mais isso. Não tem como. Desculpa, Ignazio, eu tentei, mas é demais pra mim.
— Calma, Mona. Não vamos fazer besteira. Tá bom?
— Tudo bem, eu só quero ir embora.
— Eu te levo. Vou pegar sua bolsa.
— Me deixa ir sozinha, Ignazio, por favor.
— Nunca. Ai você não volta e eu faço o quê?
— Eu vou estar no mesmo hotel, você sabe onde me encontrar.
— Não vou deixar você sair assim.
— Não faz isso comigo você também, Ignazio. Me deixa pensar, me deixa escolher. Por favor.

Sei que não é fácil pra ele, mas queria que ele entendesse que não é tão simples assim.
Largar tudo, faculdade, trabalho, minha casa… Deixar tudo para trás.
Eles falam isso como se fosse simples, mas não é, nunca será. É de uma vida que estamos falando, da minha vida.
Saio daquele labirinto sem olhar para trás com medo de que Ignazio me convença a ficar, porque sei que ele conseguirá fazer tudo o que quiser com um simples sorriso.
Enxugo as lágrimas com a palma das mãos enquanto sigo as placas que indicam a saída. Encontro, logo na porta, um grupo de meninas. Tento desviar antes que elas me vejam, mas é tarde.

— Signora, scusa. Scusa. É você que estava com o Francesco, não era? A menina da foto que o Gianluca postou? Você é namorada do Francesco ou do Ignazio?

Paro, rindo, diante do tamanho da imaginação delas de pensar que sou namorada do Francesco e da loucura, já que o evento acabou há horas e elas ainda estão ali.

— Não, flor. Não sou namorada do Francesco. Não sou namorada de ninguém.

Minto.
É mais do que óbvio que estamos namorando, já que o costume das pessoas desse país é totalmente diferente do meu até no jeito de iniciar um relacionamento.

— Mas e o Ignazio?
— Estamos nos resolvendo.
— Vocês ficam lindos juntos. É por isso que ele está feliz, não é?

Riu diante da insistência dela.

— Realmente, não sei. Eu tenho que ir agora, licença.
— Espera, por favor!

Imploro, mentalmente, para que meus olhos não deixem transparecer que eu estava chorando e me viro para elas, rindo, tentando dar o melhor de mim, afinal, ela não tem nada a ver com tudo isso.

— Claro…??
— Luna, essa é Alessandra e essa Giovana. Somos fãs do Il Volo há muito, muito tempo, e nunca conseguimos vê-los. O carro do Ignazio ainda estava no estacionamento há dez minutos, e você conhece eles. Nos ajuda, por favor?
— Gente, desculpa. -Não quero voltar lá agora.
— Por favor, moça. Ajuda a gente a realizar nosso sonho. Viemos de longe pra isso, olha a hora que já é e ainda estamos aqui, porque amamos eles e queremos muito, muito conhecê-los.
— Esperem aqui, vou ver o que consigo fazer, vabbè?

Elas não iriam me deixar ir embora e depois desse drama todo não sei se eu conseguiria dormir sabendo que nem tentei ajudá-las. Mania minha de me colocar no lugar das pessoas e passar por cima de mim mesma para tentar ajudá-las.
Erro a porta duas vezes antes de encontrá-los, todos, no mesmo lugar.

— Gente, licença. Rapazes, tem três meninas ali na saída praticamente implorando para conhecer vocês. Tem como vocês irem dar um “oi” pra elas, por favor? Elas amam vocês, está super tarde e elas ainda estão aqui esperando. Por favor?
— Manuela?
— Piero? -retruco a pergunta, rindo.
— Você não foi embora?
— Tentei, mas as meninas não me deixaram passar, encontraram meu lado fraco. Parece que todo mundo encontrou agora. Por favor, vocês podem ir, ou não? Ignazio, vem logo!
— Tá bom, falando com todo esse carinho, eu vou sim.
— Ignazio, por favor. Estou com sono, cansada, com o olho inchado, horrível, quero ir embora e elas estão quase chorando lá fora. Por favor! Gianluca, Piero. Por favor.
— Seus olhos não estão inchados e você não está horrível. -Diz Gianluca enquanto passa por mim e fica ao meu lado esperando Ignazio e Piero.

Suelen e Martina não quiseram nos acompanhar para ficar com a Bárbara. Vou na frente, mostrando o caminho, enquanto eles caminham em silêncio, penso eu que devido a discussão de minutos atrás.
Ignazio segura minha bolsa enquanto me ajuda a colocar o sobretudo.
Não recuo quando ele me abraça e segura minha mão.
Vejo as meninas sentadas no chão com a mão no rosto.

— Luna? Meninas, consegui trazê-los.

Elas olham assustadas, sem acreditar. Me afasto e fico de longe vendo cada detalhe.
Luna abraça Gianluca tão desesperada, tão forte. Gianlu me vê e pisca pra mim enquanto a abraça, tentando acalma-la. Ela é a única que chora, Gianluca acaricia sua bochecha enquanto tenta enxugar as lágrimas dela pedindo que ela se acalme.
Em seguida, ela abraça Piero, e nem preciso muito para imaginar a quantidade de lágrimas que ela derrama.
Me coloco no lugar delas, se eu estou com fome, imagina elas!
Peço a um segurança que me diga aonde encontrar suco e copos, me lembro de ter visto na sala onde estávamos, com certeza deve ter mais. O acompanho e pego suco de laranja, alguns copos e barras de cereais.

— Meninas, licença. Imagino que vocês estejam com fome e sede.
— Sim, muita! Obrigado Mona. – Diz a Luna, soluçando, ainda abraçando Ignazio.
— Como você sabe meu nome?
— Estava na foto que o Gian postou.

Riu, enquanto elas pegam as barras de cereais e tomam suco com os rapazes. Entrego a Luna um pacotinho de lenços de papel, sempre ando com alguns na bolsa, já que ela é a única que chora.
Pego os copos e os saquinhos enquanto elas se despedem dos rapazes.
Procuro um lugar para jogar o lixo, mas tudo aqui é difícil de encontrar. Um segurança se oferece para me ajudar e entrego à ele o saquinho com o lixo.
Tento me manter distante, mas escuto Luna chamar meu nome.

— Ela é um tanto tímida. Como diz o Piero, ela incha e voa para escapar de algumas situações constrangedoras.

Cruzo os braços, enquanto observo eles rindo.

— Não disse nada dessa vez. – Diz Piero.
— Vem aqui, balãozinho, ela quer falar com você.
— Balãozinho? – Diz Gianluca, rindo, mais do que Piero.
— Balãozinho, Nazio? – Pergunta Luna.
— Um balãozinho. Eu tenho que colocar uma cordinha para segurar, senão ela vai embora.

Dou risada, como todos, quando Ignazio imita o que penso ser uma criança segurando um balão.
Me aproximo de Luna e ela me abraça.

— Obrigado por realizar esse sonho pra gente.
— Que isso, não precisa agradecer.
— Você é um anjo.
— E você é um doce, fico feliz em poder te ajudar.
— Não são só balões que voam, Ignazio.

Fico rindo, enquanto elas acenam conforme se afastam e me sinto feliz por tê-las ajudado.

— Balãozinho, é Ignazio? Você sabe que eles voam pra longe, não sabe?
— Está brincando né? Em voo eu sou experiente.

***

— Então como vamos fazer isso? -Pergunta Ignazio, sentado na minha cama enquanto fecha uma de minhas malas.
— Eu vou, por três, quatro dias, resolvo tudo o que tenho que resolver e volto.
— Não estou calmo com isso, vou te ligar de 5 em 5 minutos.
— Vai ser mais fácil você ligar uma vez só e não desligar, não acha? -dou risada enquanto ele me abraça.

Decidi ficar, como se eu tivesse outra escolha. Mas tenho que voltar ao Brasil para cancelar a faculdade, pedir demissão, coisas do tipo. Pelo menos isso Ignazio entendeu. Piero e Gianluca estão me ajudando com algumas coisas que tenho que levar. Eu volto, e todos sabem que eu irei voltar porque, afinal, minha vida de verdade está aqui.
Entro no carro de Piero e nunca me senti tão bem acompanhada, na verdade parece que estou sendo escoltada.

— Piero, podemos parar em alguma floricultura? Preciso comprar flores pra Martina. Você me ajuda, Moh?
— Que lindo. Claro que ajudo.
— Como está o coração, Ignazio? Está preparado?
— Quase voando com ela pro Brasil. Estou, já passou da hora, né?
— Nós já passamos por esse nervosismo, no que precisar estamos aqui.
— Grazie, ragazzi.
— Do que vocês estão falando? São só 4 dias, gente. Calma.

Paramos na frente de uma floricultura.

— Ignazio, você vem?
— Prefiro ficar, Tesoro. Ajuda o Gianlu, ele não é bom nessas coisas.

Paramos, olhando algumas flores que Gianluca mostra perguntando minha opinião.

— Então, qual devo levar?
— Bem, o seu estilo é clássico, romântico. É evidente que você, por si só, escolheria rosas vermelhas, mas Martina me disse, uma vez, que ama lírios, então leva lírios. Ela vai amar.
— Lírios? Hmmmmm… E se fosse pra você, o que você escolheria?
— Eu? Bem, amo orquídeas e rosas. Claro. Mas penso que orquídea é algo mais voltado a casamento, então eu escolheria rosas brancas, porque simbolizam respeito, pureza e, bem, são rosas, como não representar o amor também?
— Então vamos levar rosas!
— Você que sabe. Ela vai amar de qualquer jeito!

Dou risada quando ele pergunta a quantidade máxima de rosas que pode colocar.

— Gian, 12 rosas está bom!
— Não! 12 é muito normal! Precisamos de muitas rosas.
— Tipo 40?
— É, 40 é bom. 4. 40. Gostei. Preciso de um buquê com 40 rosas brancas.
— Meu Deus, onde ela vai colocar tantas rosas?
— Não faço ideia, Moh.

Imagino que as rosas pesam no braço de Gianluca, e não consigo conter o riso quando entro no carro.

— Gianlu, você queria trazer a floricultura toda? – A risada de Piero me faz rir mais ainda.
— Não reclama, Ignazio.

O caminho não é triste, pelo contrário, é bem alegre.
Ignazio tira o boné e coloca em mim, já me acostumei com isso também.
Saímos do carro e dou risada quando Gianluca pega as flores ao invés de deixa-las.

— Gianluca, pra onde você vai com isso?
— Não vou deixá-las no carro, está muito quente, e se elas morrerem?
— É você quem sabe.

Piero pega minha mala, Ignazio minha mochila e Gianluca a minha bolsa. Acho isso engraçado porque eles fazem tudo para demonstrar que são cavalheiros, e realmente são. Me lembro da primeira vez que dormi na casa de Ignazio, da guerra de travesseiros que fizemos quando eu disse que ele não era cavalheiro e olha onde estou agora.
Piero encontra o local onde devo fazer o check in, mas não me deixa pegar a fila.
Coloca minhas coisas nas cadeiras desocupadas, Gianluca e Ignazio fazem o mesmo, em silêncio.

— Gente, eu preciso ir, está quase na minha hora! Aconteceu alguma coisa?

Espero uma resposta, mas não recebo. Piero e Gianluca me ignoram enquanto mexem no celular.

— Ah, fala sério gente, por favor! Rapazes, heeeeeyyyyyyyyyyy!!
— Moh, shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Escuta. -Diz Piero.

Então me calo, confusa, e escuto Piero tocar uma melodia no celular. Ele e Gianluca se sentam na minha frente, mas perdi Ignazio de vista.

— Vocês viram o Nazio?
— Mona, shiiiiiiiii!! -e ele simplesmente começa a cantar no ritmo da melodia que toca no seu celular- Your hand fits in mine like it’s made just for me. But bear this in mind it was meant to be and I’m joining up the dots with the freckles on your cheeks, and it all makes sense to me.
— Gente, para! Que brincadeira é essa?

As pessoas começam a olhar, parando ao nosso redor, e isso me assusta, não sei o que está acontecendo mas me sinto envergonhada e, o fato deles não falarem comigo não está ajudando.

— I know you’ve never loved the crinkles by your eyes when you smile. You’ve never loved your stomach or your thighs. The dimples in your back, at the bottom of your spine, but I’ll love them endlessly.

Dou risada quando Gialuca olha pra mim, enquanto canta, e pisca. Finalmente entendo o que está acontecendo.
Flores pra Martina, sei.
Coloco a mão na boca para esconder meu riso, e os deixo cantarem, também rindo. Piero, sério como sempre, mas deixa escapar umas piscadas, como Gianluca.

— I won’t let these little things slip out of my mouth, but if I do, it’s you, it’s you, they add up to. I’m in love with you and all these little things.

Já sinto as lágrimas se formando entre um sorriso e outro enquanto sinto meu coração querendo sair pela boca.

— You can’t go to bed without a cup of tea and maybe that’s the reason that you talk in your sleep, and all those conversations are the secrets that I keep, though, it makes no sense to me. I know you’ve never loved the sound of your voice on tape. You never want to know how much you weigh. You still have to squeeze into your jeans but you’re perfect to me.

Era necessário expor minha vida dessa forma? Isso poderia ser feito até dentro do carro. Não consigo conter os risos, mas sinto minhas bochechas corarem com as pessoas que param para tirar foto quando Ignazio aparece, não sei de onde, atrás de mim, cantando.

— I won’t let these little things slip out of my mouth, but if it’s true, it’s you, it’s you they add up to. I’m in love with you and all these little things.

— Você não existe, Ignazio! O que é isso? MEU DEUS!
— Eu ainda não pedi você em namoro, não como deve ser para você, no seu país. Você não pensou que eu fosse deixar você ir sem oficializar tudo, né? Enquanto estamos aqui, tudo bem, mas com você voltando pra lá, tem que ser como as coisas são pra lá também, né? Então preciso dessa aliança.
— Não precisa, Ignazio. Você sabe disso.
— Toda mulher precisa de uma aliança, Manuela. -Ele diz, tirando uma caixinha branca do bolso. Começo a rir por causa da vergonha e do nervosismo, tudo misturado.
— Hey, Ignazio! Tudo bem que é pedido de namaro, mas tem que se ajoelhar do mesmo jeito! Se vai fazer do jeito que elas gostam, faz completo.
— Piero, para! -digo, quase gritando.
— Isso. Já vai treinando pro pedido de casamento. -Grita Gianluca, bem mais alto do que eu.

Tento levantar Ignazio quando ele se ajoelha, mas é em vão.
A vantagem de um relacionamento com ele, seria, sem dúvidas, nunca precisar passar pela vergonha pública de um pedido de namoro em público. O fato disso estar parecendo um pedido de casamento, não ajuda. Só queria seguir as regras do país dele, sem precisar de pedido nenhum.
Gianluca entrega o buquê que compramos na mão de Ignazio e pisca pra mim quando olho para ele.
E aqui estou eu, no aeroporto, com dois homens cantando de fundo, pessoas desconhecidas ao meu redor tirando fotos enquanto o homem da minha vida está ajoelhado na minha frente com um buquê e uma aliança só para me pedir em namoro.
Precisa ser tão exagerada, itália?

— Manuela Boschetto, você…
— Espera ai, meu nome só terá o seu sobrenome quando nos casarmos, não é?
— Não me interrompe, já estou muito nervoso. Não me atrapalha.
— Ok, desculpa. -Digo, rindo.
— Como eu dizia, Senhorita Balãozinho, você aceita ser minha namorada?

Dou risada.
Como se eu já não tivesse aceitado há semanas.
Sigo o espetáculo que ele preparou, com certeza tentando me agradar com esse pedido de namoro totalmente fora do que o país dele o ensina.

— Sim, a Senhorita Balãozinho aceita ser sua namorada, Ignazio.

Gianluca e Piero gritam muito alto e batem palmas. As pessoas ao nosso redor os acompanham.
Ele se levanta e me entrega o buquê, em seguida pega minha mão direita a coloca a aliança e me entrega a dele para que eu faça a mesma coisa.
Espero mesmo que ele saiba que tudo isso, do continente que venho, é praticamente um pedido de casamento.
Não sei que material é esse, só sei que a minha é branca e a dele é cinza, na minha tem o nome dele vazado; não é gravado, é vazado; e na dele, o meu nome.

— Eu te amo.
— Eu também te amo, Ignazio.

Ele coloca a mão na minha bochecha, beija minha testa e rapidamente encontra minha boca.

— Volta logo, promete?
— Balão voa, Nazio. Coloca uma corda e eu encontro o caminho de volta. Lembra?

Continua…


***Música utilizada: Il Volo Little Things

2 comentários em “Fã Fic – 3 irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo (Capítulos 14 e 15)

  1. Ah que lindo!! está história faz a gente ainda acreditar em um amor verdadeiro. Como queria que está fosse minha história com o Igna, é claro, Sorte da moça que puder viver isso com ele.

    Estou loca para ler o desfecho.

    Abraços.

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