Fã Fic – Através dos Olhos de Ignazio ( Capítulos 25, 26 e 27)

Gianluca.

— Cadê vocês, Gianluca?
— Ela está trancada no banheiro, Piero.
— Ignazio está ficando louco aqui. Vocês tem que chegar logo.
— Noivas sempre se atrasam. O que eu vou fazer? Arrastar ela até a igreja?
— É sua responsabilidade.
— Não vou sumir com ela, se é isso que vocês estão pensando.
— Não tô pensando…
— Foi o que pareceu. E ela vai demorar ainda. Manda ele se acalmar e entrega um banco porque acho que vamos demorar mais meia hora. Não tem nenhuma mulher aqui pra ajudar ela, e eu não sou bom com essas coisas. Ela está preocupada, não sei com o quê.
— Minha irmã não está ai?
— Eles já devem estar chegando na igreja. Estou sozinho com a Mona e não sei bem o que fazer nesse momento, mas pode deixar comigo que vou dar um jeito.
— Tá bom. Confio em você. Vou tentar acalmar o Ignazio.
— Tá okay. Aviso quando estivermos à caminho.
— Boa sorte.

Desliguei o telefone e fui até a porta do banheiro. A Moh ainda estava terminando de se arrumar e não achei adequado bater à porta para apressá-la, então voltei e fiquei em pé perto da janela, na sala, esperando ela aparecer.
Quando ela finalmente saiu, eu já não tinha mais unha para roer.

— Você está preparada? Vamos? Piero ligou e disse que todos já chegaram e mais dez minutos de atraso Ignazio morre.
— Estou com medo, Gianluca.
— Manuela, esse é um passo grande, não tem como não ter medo, mas você está preparada. Vocês estão! Ignazio te ama mais do que tudo nessa vida e vai fazer o que for preciso para não ver você assim, como você está. Não fica triste. Manuela, ergue essa cabeça. Você é linda, nunca vi ninguém tão bonita quanto você hoje e o homem da sua vida, o meu melhor amigo, está esperando você no altar daquela igreja e se nos atrasarmos mais é capaz dele vir te buscar.

A Moh sempre foi uma das mulheres mais fortes que eu já conheci. Isso nunca mudou. Bastava saber incentivá-la, saber como fazer a coragem dela voltar, que sempre voltava. Eu sabia fazer isso muito bem. Ela deixou o medo de lado e voltou a ser forte pelo Ignazio, que era a força e, ao mesmo tempo, a fraqueza dela.
Não era necessário dizer que ela estava linda, que era a mulher mais linda do mundo e que Ignazio tinha muita sorte. Isso deveria estar estampado no sorriso dele.

— Você está certo, Gianluca. Estou pronta. Ignazio não vai ficar me esperando o resto da vida.
— É aí que você se engana. Ignazio esperaria por você a vida inteira, Moh.

Ajudei a Moh a entrar no carro me sentindo honrado por estar ao lado dela em cada momento e por ela ter confiado tanto em mim para uma tarefa daquelas. Ela não disse muita coisa até chegarmos na igreja, mas nunca esqueci aquele momento, e aquelas poucas palavras que ela disse.
Liguei o carro e ela me olhou, mais do que de costume, sorri para ela tentando encorajá-la.

— Nunca consigo dizer se seus olhos são realmente castanhos ou verdes. — Ela sorriu.
— Acho que são dos dois tons.
— Gianlu, não sei nem como agradecer tudo o que você fez.
— Não precisa agradecer, Moh. É assim que os irmãos fazem. — sorri pra ela enquanto dirigia.
— Espero, do fundo do coração, que você seja tão feliz quanto eu sou. Você merece toda a felicidade do mundo, Gian. E eu ainda quero ir no seu casamento, te ajudar assim como você me ajudou, receber sua ligação pedindo para ir te encontrar no hospital porque o seu filho nasceu, coisas assim. Espero mesmo que a Martina te faça muito feliz. E sei que ela vai. Sempre que você precisar, pode contar comigo, e sabe disso. Vou sempre estar por perto, monitorando tudo.
— Eu sei.

Apenas sorri pra ela e fomos em silêncio o resto do caminho, que não era muito longo, até a igreja de Marsala. E não seguramos o riso quando vimos banners da Moh com o Nazio espalhados pela praça em frente a Igreja, sem falar nos responsáveis por essa homenagem entrando em desespero quando viram que estávamos chegando.

— Fãs? — Ela perguntou bem próximo ao meu ouvido.
— Só pode ser.
— Vai lá. Ignazio já esperou vinte minutos, dois a mais não vai ser nada.

Não pensei duas vezes.
Não poderia demorar muito mais do que já havíamos demorado. Corro o mais rápido que posso até as duas meninas e o rapaz que estavam tentando chegar até nós.

— Gente, boa tarde, tudo bem? Não posso demorar muito, vocês sabem o que está acontecendo. — Falo, rápido, enquanto abraço as meninas e elas me apertam, rindo.— Tenho que voltar. Vejo vocês quando eu sair, tá bom?
— Não. Gianluca, não. Por favor. — Disse uma delas.
— Nós te amamos, muito, mas estamos aqui pela Moh e pelo Nazio. Só uma foto com ela seria capaz de realizar todos os nossos sonhos. Por favor. — Completou a outra.

Fiquei em um empasse, sem saber o que fazer e só então percebi como era ruim tudo o que a Mona fazia. Nem sempre era possível dizer “não”. Nem sempre conseguimos negar um pedido desses.
Eu não conseguiria.

— Tá bom. Esperem aqui, vou ver se ela aceita.

Como se precisasse perguntar.
Corri até a Moh, já sabendo qual seria a resposta. E preocupado em ter que entrar na igreja, acompanhando a Moh, suando por ter corrido de um lado para o outro no lado de fora.

— Temos um problema. Os fãs são seus, não meus. — Falo, ofegante, e aponto para o grupo de amigos que já deviam estar perto.
— Quê?. Tá bom! Pede para elas virem aqui.

Fiquei olhando, de longe, enquanto a Moh consolava as meninas que não paravam de chorar, e rindo quando ela ofereceu lugar para todos assistirem ao casamento. Será que a Martina agiria assim se estivesse no lugar dela?
Subimos as escadas da igreja ainda rindo.

— Só você mesmo, Moh.
— Eu ia fazer o que, Gian? Deixar elas chorando aqui? Eu não ia conseguir entrar nunca!

E, com certeza, ela não conseguiria mesmo. Dava para imaginar ela parando a cerimônia antes do “sim” por se sentir mal em deixar eles para o lado de fora. Fazer o quê? Essa era a Moh.
A ajudo a se arrumar para podermos entrar e, assim que estamos prontos, me entregam meu microfone.

— Microfone pra quê? — Ela pergunta, apreensiva, ao meu lado. Por um momento eu até tinha esquecido que aquilo tinha sido ideia do Ignazio e Piero achou melhor fazer surpresa, já que ela vivia dizendo que amava as nossas vozes e que nunca queria, de forma alguma, que nos separássemos.
— Para isso.

Não foi fácil puxar a Moh para os primeiros passos. Ela travou quando ouviu a voz do futuro marido, cantando com a alma, de uma forma que nunca havia cantado antes. Na verdade todos cantamos com todo o amor e carinho que tínhamos.
Também não foi fácil entregar a Moh para o Ignazio no altar. Afinal, ao entrega-la, estava entregando a minha vida também, mas isso já não era problema porque aprendi há muito tempo que seria assim e que nada mudaria.
Meu coração parou de bater por alguns breves segundos enquanto Moh me abraça, chorando, e beija meu rosto, agradecendo. Ela não precisa agradecer, nunca, mas mesmo assim insiste nisso.
Fui para o meu lugar, ao lado de minha mãe e Martina, e peguei alguns lenços do bolso que eu havia separado para a Moh e entreguei a elas para que enxugassem suas lágrimas.
A alegria e felicidade incompreensível enchiam aquele lugar de emoções e fazia o coração bater mais rápido. Talvez fosse a alegria deles que estava contagiando a todos. O som de fundo do violino fazia as pessoas se arrepiarem.
Olhei para Piero abraçando Mariagrazia perto do altar enquanto ela derramava lágrimas, bem menos que a Moh, mas derramava.
Corri até onde deixei um estojo da Moh com lenços de papel. Entreguei alguns para minha mãe, Martina e Suelen que estavam mais próximas de mim e deixei o resto com Caterina, mãe de Ignazio, que chorava tanto quanto a Moh. Ela sorriu agradecendo e entregou alguns para Mariagrazia, Antonina e deu alguns para Ignazio que enxugou as lágrimas da Moh com ele, mas foi em vão porque ela continuou a chorar alguns minutos depois.
Martina encostou o rosto no meu ombro. Sorri e encostei minha cabeça na dela enquanto ela falava baixinho ao meu ouvido, como se estivesse me contando um segredo.

— Eles estão aqui.
— Eles quem? —pergunto, confuso.
— Os anjos que a Moh tanto fala. Eles estão aqui. Acho que gostam mesmo dela para aparecerem desse jeito. Você não consegue ver? Não consegue sentir? Não percebeu o vento leve que passa por nós de vez em quando como se fossem pequenas asas batendo? — ela pergunta, quando vê minha cara de assustado.
— Não vejo nada, amor. — Mas confesso que me arrepiei naquele momento. Sem saber exatamente o porque, acreditei em cada coisa que a Martina disse.
— Ali, ó — olho para os lugares que ela aponta discretamente — olha como o véu dela balança, aos poucos, só a ponta. Viu? Percebeu que é só o véu dela que balança porque não tem vento? Agora olha, Eles vão passar perto do Ignazio agora. — Sorri quando a franja do Ignazio foi parar no olho dele, balançando com um vento inexistente oposto ao antigo que havia balançado o véu da Moh. Martina sorriu. —Olha ele arrumando a franja. Agora espera. Conta até cinco e Eles vão passar pelo rosto da Moh. Três. Quatro. Cinco. E ela arruma a franja. E Eles começam tudo novamente. O véu, o Ignazio, a Moh. Como se estivessem fazendo um círculo ao redor deles. A Moh me falou sobre isso uma vez.

Fico parado, observando cada detalhe do que Martina havia acabado de me contar enquanto ela ainda enxugava as lágrimas. E realmente era o que estava acontecendo. Eles passavam pela Moh, pelo Ignazio e voltavam pela Moh novamente. Talvez fossem Eles quem estavam trazendo alegria e fazendo todos chorarem ao mesmo tempo.
Passei a acreditar mais ainda nessas coisas depois daquele dia. Não que eu não acreditasse em tudo o que a Moh falava sobre isso antes. Eu acreditava, já que era algo tão real e importante para ela, mas é diferente quando você presencia. E ninguém melhor do que a Moh para fazer todos presenciarem o que ela tanto dizia ser real, tanto acreditava e muitas vezes não levávamos a sério.

— O que ela te contou sobre isso, Amor? —Pergunto baixinho a Martina, que parece ter conseguido não precisar mais enxugar as lágrimas.
— O quê? Não vou te contar! — Ela responde, rindo.
— Tudo bem. Eu pergunto pra ela depois. Ela vai me contar. —Respondi, também rindo.
— Gianluca, não! —Ela fala, meio que cantando.— É pessoal. E envolve você.
— Me envolve? — Perguntei, rindo muito agora.— Como pode ser pessoal e me envolver? Nada mais justo do que eu saber.
— Ei! Gianluca, silêncio. Estamos tentando assistir um casamento aqui. — Fala minha mãe, que estava ao meu lado.
— Desculpa mãe. —Respondo baixinho e aceno para Martina me contar logo.
— Ta bom. Mas não ri. —Ela começou a falar baixinho quando encostou a cabeça no meu ombro novamente para que apenas eu escutasse e ninguém percebesse que estamos conversando.— Você sabe o quanto ela acredita nessas coisas? Ah, pra quem eu estou perguntando. É claro que você sabe. Lembra aquele dia que acompanhei vocês no concerto em Roma? Então, Vocês já estavam para subir no palco e Ignazio falou que eu poderia ficar com ela, acompanhando todo o passo a passo porque eu disse que achava muito legal tudo aquilo. Encontrei ela no camarim, sozinha, com os olhos fechados e calma, como se não estivesse ali. Ela se assustou quando eu entrei, claro, mas não interrompi e esperei ela terminar para perguntar o que estava fazendo e ela respondeu que estava rezando por vocês, por todos que trabalharam naquele concerto e por todos os fãs que estavam lá, para que tudo desse certo. Eu não soube o que responder e ela disse que nem precisava falar nada porque fazia aquilo sempre, mas ninguém precisava saber. Eu disse que não ia contar e ela perguntou se eu nunca rezava, essas coisas, sabe? Bem a cara da mãe do Piero. E eu disse que não. Pra que mentir pra ela? Ela sorriu e me abraçou. Disse que tudo tem um por quê. Perguntei por que ela rezava, já que tinha tudo que alguém poderia querer e ela respondeu dizendo que tudo o que tinha era porque rezava, porque Deus a abençoou e ela tinha que ser grata por isso, mas que não era fácil manter tudo aquilo, que Ele dava força pra ela ficar acordada e ser forte por vocês. E que ela via o casamento dela se aproximando, e os anjos estariam lá, como está acontecendo agora, e que ela tinha que rezar muito porque ser a base para vocês exaure ela demais. Eu não soube o que dizer de novo e ela riu e pediu para que eu passasse a rezar por você, por nós e pela nossa família porque ela não via nosso casamento se aproximando como viu o do Piero e o dela. Que você estava confuso e que precisava muito de mim.

Eu fiquei sem reação. Uma sensação de que eu não a conhecia direito e que ela era bem melhor do que eu podia imaginar atingiu meu coração.

— E o que você disse?
— O que eu poderia dizer? Eu nem sabia o que falar. Só disse que iria começar a fazer isso e ela se ofereceu para me ajudar sempre que eu precisasse. E tem sido assim. Tenho aprendido muito com ela, mas não conta pra ninguém, tá bom? Ela não gosta que as pessoas saibam de tudo isso e eu também não. Não é uma coisa para se anunciar no instagram e virar modinha de meme das fãs de vocês na internet.
— Pensei que vocês estivessem brigadas. Você nem falou com ela esse tempo.
— Ah, isso não tem muito a ver com ela e mais com você que só falta matar um dragão e trazer pra ela, se ela pedir. Mas nada de tão sério entre nós. Ela tem me ajudado muito e gosto de aprender essas coisas com ela. Ela não julga, só pede para que ninguém saiba então não vai anunciar para os quatro cantos do universo, por favor.

Fiquei calado. Foi o melhor a ser feito naquele momento. De repente me dei conta de que Martina estava sentindo exatamente o mesmo que eu. Ninguém merecia passar por aquilo. Era horrível. Talvez as coisas melhorassem agora que a Moh estava casada.
Martina me entregou o microfone para que eu e Piero cantássemos enquanto a Moh e o Ignazio saiam da igreja. Piero riu e piscou para mim quando eles pararam na entrada e, de onde estávamos viámos claramente, aquele vento estranho que só mexia com o cabelo deles, embora tivesse várias pessoas ao redor. Será que Piero também via o que Martina viu? Bem, se Eles estavam ali, e brincando daquela forma com o Ignazio e a Moh, talvez seja a prova de que essa união deles vai além do que qualquer um de nós possa imaginar. E a Moh tem mesmo aquele queda que ela tanto nega pelas brincadeiras e o jeito extrovertido do Ignazio. Eu quero mesmo que eles sejam felizes. E que Ignazio tenha noção de tudo o que conquistou.

Ignazio.

A vida estava sendo muito boa comigo. Mas claro que minha mulher iria me bater e diria que não é à vida que tenho que agradecer.
Minha mulher.
Eu sempre quis poder oficializar isso, mas ainda não me acostumei. Agora me parece que não tem como considerá-la apenas minha. Mas eu queria. Eu precisa. Ela era minha.
Piero estava certo quando dizia que eu não devia fazer ela beber mais vinho na festa do dia do nosso casamento. Mas ela nunca bebeu, e aquilo foi algo especial para todos. Percebi tarde demais que eu realmente deveria ter parado de fazer ela beber na segunda taça porque com certeza foi aquilo que a fez deixar arranhões em minhas costas. Foi diferente, mas é evidente que foi. Não é qualquer homem que espera mais de dois anos por uma mulher. E, com certeza, não é toda mulher que consegue manter um homem sob controle por mais de dois anos. Foi isso que fez aquela noite ser especial. A expectativa, ansiedade e a vontade guardada por dois anos faz uma noite durar para sempre, ser inesquecível e incomparável.
Nem eu, nem minha Mona, queríamos dormir. Mas acabou que ela cedeu ao sono por causa do vinho. Ela realmente apagou em meus braços quando o sol estava nascendo. Adormeci um tempo depois, mas não durou muito. Quando acordei, o sol estava brilhando no céu há uma hora apenas, mas eu não tinha mais sono. Era impossível dormir tendo ela dormindo em meus braços daquele jeito, como ela diria, “da forma que veio ao mundo”.
Deslizei minha mão pelo rosto dela, que sorriu, mas não acordou. Desci minha mão pelo seu pescoço, braço e parei na cintura. Ela riu novamente e se encolheu, encostando o corpo no meu. Achei melhor levantar antes que o desejo se tornasse incontrolável e eu a acordasse naquele momento.
Levantei, com dificuldade até tirar a cabeça dela do meu braço e colocar no travesseiro, e fiquei parado em pé, ao lado da cama, rindo. Aquela era a visão do paraíso. O cabelo dela ainda ficava azul quando qualquer luz batia nele. Aqueles cachos… aquelas ondas. Como eu amava cada parte do corpo dela. Ela se mexeu, virou para o outro lado, depois virou novamente e só parou de se mexer quando não estava mais com a cabeça no travesseiro. Eu a cobri com o lençol novamente e fechei a cortina da janela. Ela não ia acordar muito bem já que, com certeza, estaria de ressaca por minha causa.
Tomei um banho rápido, com medo dela acordar, e por causa dos arranhões em minhas costas e no meu braço que doíam todas as vezes que a água gelada descia por eles. Cerrei os dentes quando escorreu água com sabão pela minhas costas e desisti do banho naquele momento. Dei um jeito no lençol que sujamos na noite anterior porque ela morreria de vergonha se acordasse e encontrasse a marca de sua “pureza”, como ela dizia, estampada no lençol que estava no chão. Tomei café e me encarreguei de separar a roupa que usaríamos porque deixei nossas malas ali no dia anterior, de manhã.
Ela estava demorando para acordar, e aquilo me preocupava, então a acordei e praticamente a obriguei a tomar banho. Enquanto ela fazia isso eu me encarreguei de arrumar o quarto, separar a roupa dela e preparar o café.
As pessoas dizem que é a mulher quem prepara o café todas as manhãs, mas isso não acontecia conosco. Nós costumávamos ser diferentes do resto do mundo, sempre gostamos disso. Todos os dias era eu quem acordava primeiro e me encarregava de preparar o café quando estávamos em casa ou de pedir o café quando estávamos em hotel pelo mundo.
Ela sempre dormia primeiro. E nunca usava travesseiro, era sempre o meu braço. E eu sempre acordava primeiro e ficava alguns minutos olhando ela dormir em nossa cama. Exceto nos domingos, que ela sempre acordava de madrugada, ia na igreja e quando voltava preparava o café. Domingo era meu dia de procurá-la pela casa para pega-la em meus braços, fazer ela rir, beijar sua testa e abraça-la com força dizendo que a amo e desejando bom dia. Parece bobo, não? E talvez seja mesmo. Mas era assim que eu gostava, e era desse jeito que ela me amava, então estava bom para nós. Bom até demais. Eu não me importava quando ela se trancava na sala de leitura dela, e ela entendia quando eu queria ficar sozinho no meu estúdio de música. Mas eu nunca conseguia ficar mais de uma hora longe dela quando estávamos em casa e eu sempre acabava batendo na porta da sala de livros dela a encontrando sentada, lendo, com o violino e o violão no fundo da sala. Sempre me perguntei se ela realmente sabia tocar aqueles instrumentos, mas não tinha coragem de fazer essa pergunta em voz alta. Ela olhava pro relógio e sorria pedindo para que eu entrasse. Perguntava o que tinha acontecido e eu sempre respondia que só queria saber se ela estava bem ou se não estava dormindo. Como se a verdade não estivesse estampada em meu rosto. O que acontecia dai em diante era o que variava de acordo com a situação e com o ânimo dela, mas sempre resultava em banhos demorados e marcas de arranhões aqui e ali.
Passei a me policiar nas roupas que eu vestia quando os arranhões eram muito evidentes, e ela fazia o mesmo. Ainda lembro do dia que deixei marca de mordidas no pescoço dela, e estávamos no meio de uma tour. Ela ria, e não se importava de ter que usar lenço no pescoço, mesmo estando um calor do deserto, porque a maquiagem saia com o tempo e ninguém precisava ver aquela marca. Isso aconteceu várias vezes. Marcas aqui e ali. Roupas com mangas mais longas na época de calor. Maquiagem para disfarçar os arranhões em uma tempo mais aerado. Nós não nos importávamos com isso, mas nos importávamos com o que as pessoas iriam falar se vissem aquilo.
Ela era a nossa base e o nosso elo entre os fãs. Não foi fácil no início, mas acho que ela nunca chegou a saber das pessoas que não faziam jus a toda doçura e ternura que ela transmitia a cada uma de nossas fãs. Gianluca e Piero chegavam a ficar mais nervosos com isso do que eu. E não foi fácil ajudar Piero quando ele passou pelo mesmo. Nenhuma mulher, segundo nossas fãs, era bem vista em nossas vidas. Mas Suelen e Martina, infelizmente, ainda não são tratadas bem pela maioria delas. Já a Mona se tornou muito querida, talvez por estar sempre nos acompanhando, se esforçando para ajudar a todas e, com certeza, todas as vezes que estávamos em casa e eu acordava com um grupo de fãs tomando café com ela na sala deve ter ajudado muito nisso. Eu não gostava muito dessas coisas, mas entendia e aceitava.
Não era fácil sair com ela a sós, ter um encontro, ou algo assim, porque sempre aparecia alguém pedindo para tirar foto e eu demorava mais do que pretendia.
Nós amávamos futebol e uma vez fomos assistir a um jogo do nosso time, Juventus, e tive a insensatez de publicar na internet que estávamos no estádio. Foi impossível sair. Tivemos que sair com os jogadores, pela saída dos fundos, e a Mona se sentiu mal com isso. Não conseguíamos sair juntos pra lugar nenhum que não fosse os nossos concertos e lugares que éramos obrigados a estar e não era isso que eu tinha em mente.
Com os anos, todos foram consumindo o tempo dela.
Cuidava dos nossos fãs, ajudava com divulgação, fazia parte do nosso staff, arrumava nossas roupas e a opinião dela sempre era levada em consideração quando tínhamos que gravar clip, novo cd, ir em estúdios, parcerias e tudo o mais. Ela ficava exausta, mas em meio a isso tudo ainda conseguia ficar comigo todos os dias, me fazia rir, me fazia arrepiar e brincava me fazendo correr atrás dela pelo auditório dos concertos quando fazíamos passagem de som.
“Perfeita” é uma palavra muito simples para descrever alguém como ela. E, como Gianluca me lembrava todos os dias, eu era o homem mais sortudo do mundo por poder dizer que ela era a minha família.
Mas, com o passar dos anos, aprendemos que família é muito mais do que um homem e uma mulher. E eu queria muito ser pai.

***

Termino de preparar um chá de camomila, que é o que a Mona mais gosta, e levo pra ela na sala de leitura. Ela não estava bem, passou o dia todo triste, trancada sozinha em algumas partes da casa. Aquilo me preocupou porque em anos de casados, ela nunca havia ficado assim, então eu não sabia como reagir.
Ela agradeceu com um sorriso forçado e ficou olhando o jardim pela porta de vidro da varanda. Quase não dava para ver as flores com a pouca luz da lua que as nuvens deixavam iluminar a noite. Me sentei no chão perto da janela. Não parava de observar cada momento da Mona, mesmo com ela me ignorando, tentando saber o que estava acontecendo, mas era muito difícil. Ela escondia no mais íntimo o sofrimento.

— Amor. Vem, senta aqui comigo.

Ela não se mexeu, então peguei sua mão e a fiz se sentar comigo. Abracei as pernas dela com as minhas e envolvi a cintura dela com meus braços. Ela estava rígida demais, pensativa demais e triste demais. Tudo ao mesmo tempo. Arrumei o cabelo dela, deixando ele só para um lado, para que conseguíssemos olhar melhor o jardim. Encostei rapidamente meu rosto no ombro dela e beijei sua bochecha. Ela respirou fundo. Afastei meu rosto e ela respirou fundo novamente.

— O que você estava lendo?

Pergunto, observando a quantidade enorme de livros organizados nas prateleiras e focando minha atenção em um livro separado e sozinho na poltrona. Todos os presentes que ela ganhava sempre se resumiam a livros. E ela guardava e lia todos ali.
Ela respirou fundo e a abracei com mais força.

— Filha da Floresta? Fala sobre o quê? —Pergunto, inquieto por ela não falar comigo e não responder minhas perguntas. Ela demora, mas começa a falar.
— Conta a história da sétima filha de um sétimo filho, Sorcha.
— Sorcha? Que nome diferente. — continuo, animado, já que ela respondeu.
— E é para ser.
— E qual a história dela?
— Se passa em um tempo antigo, Ignazio. Os bretões tomaram posse de terras que eram do povo da família de Sorcha, de Sevenwaters, a Ilha da Agulha. Os seres da floresta de Sevenwaters haviam deixado a ilha sobre os cuidados da família dela. Tem magos, antigos, druidas, Finbar e todas essas coisas que você acha entediante.

E eu achava mesmo, mas ela não estava bem e não queria conversar sobre mais nada além desse livro, então eu queria falar sobre ele, mesmo sem entender muito, e sem ela sequer me olhar, ou pelo menos parar de encarar qualquer flor no jardim.

— Mas eu quero saber agora. O que é Finbar?
— Quem é Finbar, é assim que você deveria perguntar.
— Quem é Finbar, amor? – Perguntei, rindo.
— É difícil explicar, Ignazio. É muito complexo.
— Tenho tempo. —Encosto a cabeça em seu ombro e ela respira fundo antes de começar a falar.
— Sorcha era a filha mais nova de lorde Colum. Ele era o responsável pela floresta de Sevenwaters. Finbar era irmão de Sorcha. Eles se comunicavam por pensamento. Sabe? Eles conversavam pela mente, mesmo estando distantes um do outro. Esse era um dom que os irmãos gêmeos das gerações seguintes à de Sorcha carregavam. Niamh era mulher de Colum, uma grande curandeira, mas veio a falecer e Sorcha se tornou a curandeira de Sevenwaters.
— Como assim curandeira?
— A história se passa em um tempo que não existiam hospitais, Ignazio. As pessoas adoeciam e tinham apenas o que a terra oferecia para se curar. Ervas, plantas e coisas assim. Os curandeiros são as pessoas que percorrem as fazendas e as casas dos moradores da floresta, e de onde for, fazendo o papel dos nossos médicos hoje: curando as pessoas.
— Entendi. E o que mais?
— Apareceu uma feiticeira em Sevenwaters, mas ninguém reconhecia isso além de Sorcha, Finbar e alguns de seus irmãos. Lorde Colum se apaixonou perdidamente por ela e eles se casaram. Mas ela tinha planos e transformou os irmãos de Sorcha em cisnes.
— E o que mais? A história não acaba assim, não é? —Pergunto, curioso. Aquilo estava atraindo toda a minha atenção, embora ela nem se mexesse.
— Não. A Dama da Floresta ajudou Sorcha a trazer seus irmãos de volta. Mas não foi fácil. Ela tinha que confeccionar seis camisas, uma para cada um de seus irmãos, com uma planta que tinha espinhos que machucavam, Estrela d’Água. Sorcha tinha que fazer tudo sozinha. Procurar a planta, colher e tecer as camisas. Mas demorava muito porque os espinhos machucavam e deixavam a mão dela inchada. Ela não podia trabalhar direto, e não podia voltar para casa, onde estava a feiticeira que havia transformado os irmãos dela em cisne. Ela não demorava menos de duas luas para tecer uma única camisa. Conte isso ao fato de ela ser apenas uma menina, ter de ser virar sozinha em cavernas e ainda não poder falar nada, porque senão não seria possível reverter o feitiço.
— E os irmãos dela?
— Eles deixavam de ser cisnes duas vezes por ano, durante uma noite. Eles vinham até Sorcha e tentavam ajudar da forma que podiam já que ela não podia falar com eles e com ninguém mais.
— Ela conseguiu?
— Conseguiu. Mas foi parar no território dos inimigos de sua família, os bretões. E foi um deles que a acolheu e fez de tudo para que ela pudesse terminar sua tarefa, mesmo sem entender o porquê. Mas a Sorcha não era bem vinda naquele lugar, as pessoas a chamavam de bruxa. E o tio de Hugh, o bretão que a ajudou, iria queimá-la viva na frente do povo. Sorcha não conseguiu terminar a sexta camiseta por completa, mas mesmo assim chamou os irmãos cisnes e colocou as camisetas neles enquanto o fogo tentava queima-la. Mas Hugh apareceu e salvou Sorcha, porque ele a amava.
— E os irmãos?
— Todos voltaram como pessoas normais. Exceto Finbar. Sorcha não conseguiu terminar a camiseta dele, e colocou nele mesmo com a camiseta faltando uma manga, que resultou em uma asa de cisne no lugar do braço de Finbar.
— Não acredito! Mas e ela e esse homem que a ajudou?
— Ela o amava, e ele largou tudo por ela. Eles se casaram e tiveram três filhos.
— Mas e o da asa de cisne?
— Ele é o equilíbrio perfeito entre esse mundo e o outro. Ele não vive aqui, mas também não vive no outro mundo. Ele tem medo de coisas bestas que um cisne teria medo, como cachorro, lobo, latido, mas consegue ver o futuro e ser sábio ao aconselhar as pessoas. Finbar é único.

Fiquei pensando em cada parte. Era diferente quando ela contava, mesmo estando mais concentrada em uma formiga que anda no chão.

— Me parece uma história bem escrita.
— Uhum.
— E o que acontece com a garota?
— Com Sorcha? Ela morre no livro seguinte. E eu queria muito que, quando eu morresse, você e todos que eu amo fizessem exatamente o mesmo que a filha, os irmãos e o marido de Sorcha fizeram para ela naquele momento.

Eu já ia responder que ela não ia morrer quando ela começou a chorar. Não durou muito. Foi um choro breve. Enxuguei suas lágrimas. E ergui o queixo dela, fazendo ela olhar pra mim.

— Manuela, o que está acontecendo?
— Nada. Preciso de um banho. Vamos?

Ela sabia que eu não conseguiria dizer não àquilo e a segui em silêncio até o banheiro. Eu estava confuso, não sabia o que estava acontecendo com ela e não conseguia entender.
Voltei até o nosso quarto para pegar nossas toalhas e as deixei em um canto no banheiro. Mona me observava sem piscar, encostada na parede. Olhei pra ela, esboçou um pequeno sorriso, mas não parava de me olhar. Dava para acompanhar meu reflexo nos olhos dela. Me aproximei de seu rosto. Meus olhos. Meu nariz. Minha boca. Eu sorri e ela ficou olhando por mais tempo.
Senti a mão dela deslizando pelo meu nariz, como ela fazia sempre, depois seguindo minhas covinhas, meu sorriso, minha bochecha. Os olhos dela se encheram de lágrimas.

— O que foi, amor? — Tento, mais uma vez.
— Só quero olhar você, nada mais. Guardar cada detalhe do seu rosto na memória, sabendo que sou a pessoa mais feliz do mundo por ter tido você.
— Você me tem, Mona! — uma lágrima corre pelo canto do olho dela e a enxugo assim que ela cai. Outra e outra.— Então guarda isso também.

Me aproximo dela aos poucos com medo de vê-la começar a chorar novamente. Ela olha tão fundo em meus olhos me passando confiança, amor e carinho ao mesmo tempo. Encosto minha boca na dela e deixo nossos lábios se encontrarem e fazerem o resto sozinhos. Minha mão, como sempre, desce rápido o caminho da cintura dela e no minuto seguinte ela está sem blusa. Mas algo muda e ela me empurra.

— Mona? —Pergunto, preocupado, enquanto ela me olha triste e se senta no chão, já praticamente sem roupas.
— Não vamos poder ter aqueles oito filhos que você tanto queria, Ignazio. Não vamos poder ter mais do que um. Eu não vou poder te dar mais do que um filho. Você merece mais do que isso.

Observo as lágrimas se formando nos olhos dela novamente.
Estou muito confuso.

— Amor, o que é isso? O que foi?
— Oh, Ignazio. Eu não sei. Você… Você merece… Cinco, quase seis, anos, Ignazio!! Seis anos que você vem tentando, sem parar, sem nenhuma precaução! Seis! E até agora não consegui te dar nenhum filho e… Meu tempo está correndo. Eu não… Eu não quero.. Eu não… —ela desaba em lágrimas novamente. Então esse era o problema. Como eu não havia percebido?.— Eu não quero isso pra você Ignazio.

Me ajoelhei na frente dela, sem blusa. Ela não parava de chorar, então peguei sua mão, arrumei o cabelo dela atrás da orelha e a ajudei a se levantar.

— Vem aqui, amor. — Disse, e apaguei a luz do banheiro. Deixando tudo escuro, já que não havíamos acendido a luz no quarto também. Eu não sei o que estava fazendo, mas queria fazer e então fiz.

Ela me abraçou assim que eu apaguei a luz do banheiro. Me abraçou tão forte que eu conseguia sentir seu coração batendo acelerado.

— Me desculpa, Ignazio. Você merece muito mais do que eu posso oferecer. —ela sussurra no meu ouvido.

A pego em meus braços. Ela se assustou porque não esperava. A levo até nosso quarto e a coloco com cuidado em nossa cama. Ela ainda chora e meu rosto ficou molhado com as lágrimas dela. Peguei um lenço, mas como está muito escuro não sei se peguei o lenço correto ou o que ela usa para tirar maquiagem, então limpo o rosto dela com cuidado, mesmo sem enxergar muita coisa. Respiro fundo e termino de tirar minha roupa. Procuro a Mona na cama, e sorrio quando minha mão bate na barriga dela. Sei que a alergia que ela tem da minha barba vai fazer com que a barriga dela amanheça extremamente vermelha, mas não me preocupo com isso. Beijo seu queixo e sinto a respiração dela, meio descompensada.

— Eu já decidi o que eu quero pra mim. Eu quero você. Com ou sem filho. É você. E você é muito mais do que eu mereço.

A beijei e a mão dela começou a bagunçar meu cabelo, do jeito que ela gostava de fazer.

Quando é para acontecer, as coisas acontecem. Não adianta chorar, espernear e gritar porque a vida não mima ninguém. Ela é apenas boa conosco, mas boa até certo ponto. Até decidir tirar tudo o que nos deu ou nos levar para poupar sofrimento. Eu queria ser amado, queria ter uma mulher, uma família, um filho e fazer aquilo que eu mais gosto, que é cantar. Mas querer não é poder. E eu não poderia ter tudo o que queria. Mas eu tinha, já que a Mona me contou sobre a gravidez três semanas depois daquela noite.
Amar é uma palavra linda.
Ninguém enxerga o sacrifício que ela esconde.
Ninguém enxerga a dor.
Ninguém enxerga a perda. Afinal, amar é só mais uma palavra bonita que perdeu seu significado com o passar dos anos e se tornou tão comum quanto dizer “Bom Dia.” Amar é não acreditar, e mesmo assim, pedir para alguém além de nós, que a pessoa que você ama não sofra. É implorar para que ela seja feliz e não saiba o que é sofrimento.
Eu só queria que, diante de tudo que ela me falou, não fosse ela quem ficasse para ver minha morte. Não fosse ela quem tivesse que ficar sozinha, porque depois de toda essa vida que vivemos juntos, a solidão seria a tortura para quem ficasse. Pode parecer egoísta, sim, sempre tem quem enxerga desse jeito, mas eu não queria viver mais do que a Mona, queria apenas que ela não vivesse para sofrer, e eu estava disposto a sofrer no lugar dela, se fosse preciso.

Continua…

3 comentários em “Fã Fic – Através dos Olhos de Ignazio ( Capítulos 25, 26 e 27)

  1. Quero aprender a comentar sem começar falando que eu achei tudo lindo. Porque acho que está mais que claro que acho tudo o que você escreve lindo. Mas enfim, quando a Martins falou dos anjos eu arrepiei no começo mas depois achei extremante lindo. E fiquei surpresa que ela e a May tem um relacionamento bom. Eu temia que a Martina morresse de ciúmes da May e a odiasse por isso.
    Derreti com o Ignazio falando da “rotina” da vida de casados deles. Tão lindo!!! E fiquei estrema mente angustiada com o sofrimento da May por causa do filho. Só de saber o final já quis chorar de novo.
    ;*

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    1. Ahhhh Rina, que linda amore ❤ ❤ ❤
      Muito obrigada por tudo!!!
      Tem um final à mais nessa história, amore. E os anjos também aparecem por um motivo :") mas não vou te contar porque perde o encanto kkkkkkkk

      Espero que você continue gostando :")

      Milhões de beijokas. ;*

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  2. MEU CORAÇÃO ESTA DESTRUIDO
    EU CHOREI PARA VARIAR
    EU NÃO QUERO O MESMO FINAL PARA ESSA FANFIC
    POR FAVOR
    O NAZIO VAI SOFRER TANTO, NEM IMAGINO COMO O GIAN VAI FICAR
    ESSE CAP FOI TAO LINDO
    EU AMEI TUDO NELE
    EXATAMENTE TUDO
    E ESSE FINAL CORTOU MEU CORAÇÃO AO MEIO ME FAZNDO SOLTAR LÁGRIMAS
    PARABÉNS E VE SE NAO DEMORA PRA POSTAR O PROXIMO

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