Fã Fic – Per Te Ci Sarò ( Introdução e Primeiro Capítulo )

Per Te Ci Sarò conta a história de Liadan, que ao terminar a escola se vê em um beco sem saída, tendo que trabalhar para tentar realizar seus sonhos e ajudar sua família. Dividida entre o que ela tem como certeza e o que o coração quer, a vida vai lhe testar ao máximo, tirando até a sua última lágrima. Mas ela não estará sozinha. Em meio a escuridão que parece infinita, Piero estará lá por ela, sendo a luz que guia o caminho que deve ser percorrido. A única questão é: Liadan irá entregar seu coração à dor mais uma vez?

***

 Pela segunda vez, mostrando que nada é certo e tudo muda o tempo todo, mas no final, a única coisa que importa é a verdade.
E a verdade é que a vida é bela!

Per Te Ci Sarò

Procurei meu nome na lista.
B, B, B… Mais para baixo. Francesco.
G, Gianluca, Grazia, Graziela, G, G…
Nada nessa lista.
Próxima.
Vamos, você tem que ter sido aprovada.
Ignazio, India… India? Quem tem o nome India?
L. Finalmente. Lauren, Leticia, Lorena e Lorenzo.
Fechei os olhos e chorei. Essa era minha última esperança. Não entendo como não consegui ser aprovada em faculdade nenhuma. Eu tinha certeza de que daria certo, me esforcei para isso desde sempre. Como isso é possível?

— Não deu certo de novo, gata? — As mãos do Scott me abraçaram pela cintura.
— Não — respondi enxugando as lágrimas.
— E o que você vai fazer? — Ele encostou o rosto no meu ombro.
— Não sei.
— Você poderia tentar em outra faculdade.
— Em qual, Scott? Você não percebeu que nenhuma me aceita?
— Já falei que você poderia fazer culinária. Aqueles sorvetes são únicos e muito bons.
— Poxa, Scott, você só pode estar brincando comigo!
— Não, mas acho que você consegue pagar a faculdade inteira com um mês de trabalho noturno.

Continuei de olhos fechados. Ignorei o beijo que ele me deu e o fato de ter ficado nervoso por eu não ter retribuído.

— Sabe, você poderia ser uma namorada melhor.
— Posso dizer o mesmo sobre você.
— Que é? Você não é aprovada na faculdade e a culpa é minha agora?
— Você é um idiota, Scott.

Coloquei minha mochila nas costas e me soltei dos braços dele.

— Não vai querer carona? — Ele gritou, levantando os braços no alto.
— Não. Prefiro ir embora sozinha hoje. Grazie.
— Vai andar por quatro quilômetros?
— Eu fazia isso antes de te conhecer, posso fazer agora.
— Você está muito chata hoje.
— Só porque não deixo você me levar para o seu quarto.
— Ou pode ser isso.

Revirei os olhos.
Já não estava bem por não conseguir ser aprovada e aguentar mais um chilique do Scott tentando me levar para casa dele não ia ser uma coisa muito boa.
Gosto dele, gosto muito. O jeito badboy dele me encanta. Aquelas covinhas quando o sorriso perfeito aparece. Na verdade, ele é totalmente perfeito. É alto, o cabelo preto jogado de lado, o olhar marcante e aquele sorriso detalhadamente desenhado no rosto perfeito com a pele levemente bronzeada. Mas não sou a única que se deixa levar pela aparência dele. Acho que toda e qualquer menina dessa escola se derrete quando ele passa. Aqueles olhos castanhos claros conseguem qualquer coisa. Bem, mais ou menos “qualquer coisa.” Até onde sei, sou a primeira namorada do cara badboy líder do time de basquete, que resultou em cinco coisas: a parte feminina da escola dividida em três grupos, as que me odeiam, as que querem me matar e as que não ligam paro Scott e para mim; e a parte masculina dividida entre os que querem se juntar a mim para ter status com o Scott e os que querem se juntar a mim por uma noite, ou menos que isso. Tudo sempre gira em torno dele.
Ele é insensível às vezes, e não enxerga nada muito além do próprio nariz, mas se não fosse o Scott, não sei como estaria lidando com tudo e todos. Acho que ele é o único ponto positivo que faz com que ter uma vida de merda aqui na Itália seja melhor do que ter uma vida de merda no Brasil.
Meus pais e eu deixamos o Brasil há muitos anos. Sinceramente, eu nem me lembro, mas gosto de falar como se tivesse passado a maior parte da vida por lá, só para aumentar um pouco meu drama pessoal; não que minha vida precise de um upgrade para problemas.
Meu pai sempre quis voltar para Itália, foi o que ele me disse quando perguntei, mas acho que ele pensava que a vida em Bologna seria mais fácil e melhor do que a vida que tinha no Brasil. Com certeza estava enganado.
Minha mãe não conseguiu emprego aqui e ele tem lutado muito para conseguir pagar as contas. Nossas economias mal dão para as despesas com Leah, minha irmã de sete anos, então não é para menos toda essa minha preocupação por não conseguir ser aprovada na faculdade. E conseguir um emprego não é tão fácil assim, mesmo vivendo onde vivemos, sobretudo quando veem meus documentos com naturalidade brasileira, acredito que as pessoas automaticamente pensam que vou roubá-las, ou não vou trabalhar direito, ou me mandam procurar emprego em uma boate (essa última, já aconteceu mesmo).
Aquele pré-conceito misturado com o preconceito básico de sempre; e eu nem me lembro daquele país!
Já aprendi há muito tempo que não devo me importar muito com isso, então me agarro a cidadania e tento seguir em frente.
Minha vida aqui, nesse momento, parece não andar, então furtivamente me pego pensando se tudo seria mais fácil caso meu pai não tivesse decidido vir para cá quando eu nasci.
Finjo que gosto, que estou bem e tudo dará certo. Não preciso preocupar meus pais com isso, eles já tem muitos problemas para resolverem sozinhos.

— Liadan, Liadan! Me espera. Vai andando hoje?
— Sim, Antonella.
— E aí, como foi? Podemos sair para comemorar essa noite?
— Comemorar o quê se eu não fui aceita.

Ela parou de tentar me acompanhar, mas não demorou muito para vir correndo me abraçar.
Antonella é a única amiga que tenho e com certeza a única necessária. Luto para tentar mantê-la em casa e ela luta para tentar me levar para sair. É o meu oposto, totalmente.

— Você vai dar um jeito amiga. Você sempre dá um jeito.
— Espero que você esteja certa.
— É claro que estou. Você é a pessoa mais inteligente que conheço, vai conseguir ser aprovada em algum curso de dança sim!

Ela me soltou e tirou o lápis que prendia meu cabelo em um coque. Rindo alto, como todas as pessoas gostam de fazer nesse país.

— E vamos sair essa noite sim. Não marca nada com aquele seu namorado “ui ninguém me toque porque eu sou o melhor do mundo” porque vamos sair para tirar você dessa depressão.

Ela continuou rindo enquanto eu andava atrás dela. Desisti de pegar o lápis para prender meu cabelo novamente.

— Eu não estou deprimida. E também não estou a fim de sair hoje.
— Você nunca está a fim de nada e isso é porque você está deprimida.
— Ou porque estou preocupada.
— Ou porque você está deprimida.

Eu ri.
Ela sempre me faz bem, me faz rir e tenta me tirar da fossa que é a minha vida. Ela entende meu nervosismo, meu desespero e meus problemas em casa porque ela realmente passa pelo mesmo que eu.

— Então, vamos?
— Não sei, Antyh. Hoje é dia de ficar com a Leah.
— Vocês farão pão?
— Provavelmente sim.
— Não tem como remarcar?
— Não. E você não pode chegar tarde. Tem trabalho na sorveteria amanhã de manhã. Esqueceu?
— Ei, gata. Quer uma carona? Não você, Antonella.

Ela mostrou língua e fez careta quando Scott parou com a moto ao nosso lado, nos acompanhando bem devagar, seguindo nossos passos.

— Ignora. — Ela disse. — Continua andando que os carrapatos demoram para acompanhar.
— E a cobra vai à frente — ele retrucou.
— Chega disso, vocês dois. Que coisa! Parem com isso.
— Vem, Liadan. Não vou deixar você andar tudo isso sozinha.
— E vai desviar do ponto final em algum momento. Eu te conheço, Scott.
— A Antonella pode ir com o Evans. Ele já está vindo.
— Com o Evans Roos? Nunca mesmo. Vamos andando, grazie.

Até aceito o fato de Scott não ser um bom exemplo para namorados, mas pelo menos ele tenta ser gentil às vezes.
Detesto o Evans. É o melhor amigo do Scott, mas o nível mais baixo de homem que existe.

— Só você mesmo para não aceitar minha companhia.
— Tenho muito no que pensar hoje. Muitas coisas para resolver. Preciso esfriar minha mente.
— Entendi. Passo na sua casa hoje a noite.
— Para…?
— Festa na casa do Nate. Terminamos a escola, é hora de comemorar. E amanhã é o último jogo. Você viaja comigo amanhã de manhã.
— Me liga depois. Quero ir conversando com minha amiga.

Ele saiu da moto em um pulo e me encostou à força contra uma árvore. Ele sempre me faz rir quando inventa essas coisas inusitadas.

— Me dá isso aqui — ele pegou minha mochila e o caderno que eu estava carregando. — Se minha namorada quer ir andando para casa, o mínimo que posso fazer é levar as coisas dela.

O deixei levar minha mochila e fingi que não vi um grupinho de meninas falando sobre como deve ser perfeito namorar Scott.

— Você vai levar isso até quando, Lia? — Antyh perguntou enquanto eu pegava metade do material dela para a ajudar enquanto caminhávamos.
— Levar o quê?
— Essa sua brincadeira com o Scott. Todo o universo sabe que isso não dará certo.
— E todo o universo pode estar enganado — respondi, só para responder mesmo, porque sei que o universo está certo.
— Você não falou pra ele que não vai poder viajar, não é?
— Não. Mas vou falar hoje.
— E acha que ele vai lidar bem com isso? Você sabe que ele detesta quando você não viaja com ele para que ele exiba a líder de torcida perfeita dele.
— Sei, mas ele vai ter que superar.
— Ou terminar com você.
— Antonella!
— Tá, parei. Mas é o que parece. Na verdade, parece qualquer coisa, menos que vocês terão um futuro juntos.
— Por que eu não sou rica como ele?
— Porque você merece mais do que ele pode oferecer. E você sabe, muito bem, que, no fundo, ele só está com você porque do colégio inteiro você é a única garota bonita que não se deitou com ninguém.
— Eu mereço! Podemos mudar de assunto ou tenho que ir embora pelo outro lado da rua?
— Você que manda. Já pensou no que fazer?
— Não. Ainda não. Tenho que arrumar um emprego. Qualquer coisa tá valendo.
— Posso tentar ver se o Natucci quer contratar alguém lá na sorveteria. Ele é completamente doido, mas agora que a atendente se demitiu, estamos precisando de alguém. Sem falar que ele está quase enlouquecendo todo mundo com aquela bendita reforma. Posso tentar marcar um horário para você, mas o salário não é bom.
— Qualquer coisa já ajuda. Você acha que consegue, Antyh?
— Acho que sim. Vou tentar falar com ele hoje e marcar para amanhã. Te mando mensagem avisando.

Agora, sem faculdade no momento, o jeito é optar por um curso mais barato que eu possa pagar e intercalar com o horário de trabalho. Isso se eu conseguir trabalho.
Cheguei em casa no fim da tarde. Não moro perto da escola, não moro perto de nada. Nossa casa é pequena, mas aconchegante. Tem aquele estilo rústico e medieval de toda casa por aqui, que é só um jeito chique de dizer que tudo é velho. Peguei minha mochila que Scott deixou pendurada no nosso clássico portão enferrujado.
Minha irmã logo veio me abraçar.

— Lia, a mamãe fez bolo para comemorar. — Ela disse, animada.
— É, Leah? —Riu enquanto eu fazia cócegas nela.

Entrei em casa e a coloquei no chão. Ela pegou minha mochila e foi guardar no quarto.
Nossa casa é simples: em baixo temos a entrada que dá na sala, onde temos apenas o essencial (televisão, sofá e alguns quadros que pintei com minha irmã pendurados na parede), seguido do banheiro e da cozinha, que muita vezes minha mãe pedia que fosse maior. Subindo as escadas entre a cozinha e a sala, temos os quartos. Divido quarto com minha irmã, temos camas separadas, mas de nada adianta porque ela dorme comigo todas as noites. E eu amo isso. Temos uma vida simples e difícil, é fato, mas o amor que sinto por ela é o que me mantém no caminho.

— Liadan, conseguiu?

Não sorri para minha mãe e ela entendeu.
Fico em silêncio, mas sei que ela está brava.
Não gosto de vê-la dessa forma.
Tenho que conseguir um emprego.

— Não fica assim, mãe. Está tudo bem. Eu vou conseguir, vou tentar em outro lugar, vou tentar outro curso também. Vou resolver isso.
— Eu queria poder fazer mais.
— Não se preocupa com isso, mãe. Está tudo bem.
— Você merece muito mais do que posso oferecer, querida.
— Não, mãe. Está tudo bem. Darei um jeito.

Passei aquele fim de tarde deitada no colo de minha mãe, sentindo a mão dela fazer tranças no meu cabelo enquanto minha irmãzinha ia e vinha tentando me fazer comer alguma coisa. Não é sempre que dona Natalie é carinhosa, na maior parte do tempo ela exala raiva, então aproveitei os carinhos que vinham com a tristeza.
Não me dei ao luxo de chorar. A culpa é totalmente minha, embora eu ainda não saiba onde errei ou onde deveria ter melhorado.
Quando não é para ser, simplesmente não é.

— Ainda sinto que vai dar tudo certo, Liadan. Você será muito feliz, muito mais do que imagina. Você merece isso.
— Amém.

Mãe é mãe. Elas sempre acham que tudo dará certo.
Mas eu sabia, meu coração me dizia, que não era bem isso que ia acontecer. Que nada poderia melhorar. Nunca.
Eu já estava quase dormindo quando meu celular tremeu no chão.

CONSEGUI, LIA!!!
PASSO NA SUA CASA AMANHÃ, ÀS 06H PARA IRMOS TRABALHAR.
BEIJOS, AMIGA. VAI DAR TUDO CERTO,

Desliguei o celular e me deixei sentir aquele fiozinho de felicidade. Não era muito, mas já era alguma coisa.
Me levantei do colo de minha mãe e a beijei no rosto antes dela ir tomar banho.

— Leah? Cadê você? — Gritei, a procurando na sala.— Minha minion, onde você está? Vamos fazer pão?

E ela simplesmente brotou na minha frente. Ela sempre faz isso, sempre surge do nada quando a convido para cozinhar comigo. Ela, assim como eu, ama essas coisas. E fazemos a maior bagunça juntas.
Aqueles grandes olhos verdes me fitaram felizes enquanto amarro o cabelo louro dela em um coque para poder colocar a touca.
Ela ria, como sempre, enquanto polvilhávamos a massa.

— Lia, vamos ouvir música?
— Claro. Il Volo, como sempre? Ou podemos ouvir algo que eu goste dessa vez? — Ela fez biquinho e cara de triste. Sorri.— Está bem, põe Il Volo, vai.

Ela saiu correndo e pôs o CD para tocar, baixinho, apenas para nós duas ouvirmos.
Não sou muito chegada nesse tipo de música, gosto de músicas mais animadas.
Já Leah, se deixar, morre por cada um dos homens da banda, então todo esse amor dela é o que faz com que eu economize o máximo possível para conseguir comprar alguma coisa com o nome dos rapazes para ela. Embora tenha apenas sete anos, consegue demonstrar um amor tão grande por eles que me fez prometer que um dia a levaria a um concerto.
Claro que prometi pensando que minha vida pudesse melhorar, mas parece um tanto complicado no momento.
Deixei Leah responsável por colocar o pão no forno enquanto atendi o telefone.
Soltei uma gargalhada antes de sair quando ela tentou manter o mesmo timbre de voz, pelo mesmo tempo, que um dos rapazes durante a música, mas faltou o ar e ela se engasgou.
Olhei na tela do celular e me certifiquei de que a porta do quarto estava trancada. Não preciso perturbar minha mãe fazendo-a ouvir mais uma discussão minha com Scott.

— Pronto, Amo. Onde você estava? Já é a terceira vez que te ligo.
— Ocupada com minha irmã.
— Fazendo o quê?
— Pão.
— Aquele que eu gosto?
— Sim, aquele que você gosta.
— Vou ganhar um?
— Passa aqui em casa amanhã antes de viajar e pega o seu.
— Que história é essa? Você não vai comigo? — O tom de voz dele mudou. Respirei fundo antes de continuar.
— Não vai dar, Scott. Não passei na faculdade e vou começar a trabalhar agora.
— E o que isso tem a ver?
— Vou começar a trabalhar amanhã.
— E vai me deixar sozinho?
— Você nunca está sozinho, e sabe disso.
— É isso o que você quer, Liadan?
— Não. Mas é o que eu tenho que fazer.

Ele resmungou algo e ouvi o barulho de alguma coisa batendo na parede e em seguida quebrando no chão.

— QUE MERDA, LIADAN!!! Será que custa muito pedir para uma namorada acompanhar o namorado em algo importante para ele?
— Não, Scott, não custa. Mas será que custa muito pedir para o namorado entender que a namorada não pode fazer tudo o que ele quer, na hora que ele quer?
— Não é assim, Liadan.
— É claro que é assim, Scott. Sempre foi desse jeito. Sempre fiz tudo o que você pediu. Não posso ir amanhã, não irei e não adianta você dar chilique.
— É assim que você vê o nosso relacionamento?
— É assim que o universo inteiro vê o nosso relacionamento, menos você. Eu estive em todos os jogos, Scott. Todos. Quantas vezes assistimos a porcaria daqueles jogos na televisão? Quantas? Todas as vezes. Então, não posso ir no jogo amanhã, e não irei.
— Pensei que o problema fosse o dinheiro.
— O problema sempre é o dinheiro, Scott. Mas não quero, e não vou, depender de você para tudo na vida. Então vou trabalhar amanhã.
— E vai trabalhar onde?
— Na mesma sorveteria que a Antyh. Ela conseguiu pra mim.
— Tinha que ter o dedo dela nisso tudo.
— Ah, para, Scott. Chega de frescura. Tenho que desligar. Boa noite e bom jogo amanhã.
— É assim, então?
— É assim, sim. E boa noite.
— Então boa noite, Liadan. Você sabe que as pessoas vão inventar coisas, não sabe?
— Coisas do tipo: você viu o Scott com a Mulher Maravilha ontem? — Ele riu, e eu ri também.— Pode ter certeza que eu sei, sim, mas já estou bem preparada para isso.
— Acho que é por isso que eu te amo, Lia. Te ligo amanhã depois do jogo.
— Tá bom. Boa noite.
— Boa noite, Lia. Te amo.

Desliguei. Nunca digo que o amo, então para nós está tudo bem. Foi até bem mais fácil do que eu imaginava.
Ajudei minha irmã a tomar banho. Meus pais ficaram responsáveis por olhar os pães no forno e fui me deitar com minha irmã.
Acordei, com o despertador, às 05h. Me levantei com cuidado para não acordar Leah. A deixei abraçada ao meu travesseiro. Tomei banho e vesti uma calça jeans azul-marinho e uma camisa branca, optei por calçar tênis porque tenho uma longa caminhada pela frente. Preparei a mesa para o café da família, como faço todos os dias, e tomei o meu café antes de sair de casa, às 06h, quando a Antyh chegou.
Fomos o caminho inteiro revezando o assunto entre a minha discussão estranha com o Scott, que praticamente não foi uma discussão, sobre o que fazer daqui pra frente e como é o trabalho na sorveteria.
Chegamos na sorveteria um pouco antes das 08h30, e como a Anthy havia me dito, o Natucci estava muito irritado. Dava para ouvir os gritos dele, com ele mesmo, do lado de fora.
Ela bateu na porta e avisou que estava entrando. O tom de voz dele mudou, ficou mais calmo.

— Senhor Natucci? Sou eu. Antonella. Buondì. Está tudo bem?
— Buongiorno, Antonella. Se você tiver alguma ideia para a decoração da sorveteria, meu dia estaria bem melhor.
— Eu não tenho nenhuma no momento, mas trouxe a fábrica de ideias para o senhor. Ele está reformando a sorveteria de Abruzzo, Lia, e está sem criatividade para a decoração. Alguma ideia? Qualquer coisa vale.

Me assustei. O que era aquilo? Já era um teste para saber se eu poderia ficar trabalhando ou não? Tentei fazer minha mente pensar em algo, mas eu já estava nervosa demais para tentar controlar alguma coisa. Forcei minha mente mais ainda. Pode ser qualquer coisa. Qualquer coisa. Pensa.

— O senhor pode mandar fazer azulejos personalizados para parecer que tem sorvete caído no chão, ou espalhado pela parede, como se alguém tivesse jogado. Não sei como é a fachada da sorveteria de lá, mas acho que seria muito legal fazer isso no lado de fora também.

Arrisquei, já que foi a única coisa que consegui pensar. Ele ficou me olhando, sério. Por um momento, pensei em dizer que poderia encontrar outra ideia, mas fiquei com medo de não encontrar nenhuma, então fiquei quieta.

— Você é casada? — Ele perguntou, depois de quase uns dois minutos.
— Não, senhor.
— Tem filhos?
— Não.
— Estuda?
— Estou tentando entrar na faculdade, mas não estou fazendo nada no momento.
— Gostei de você…?
— Liadan, senhor. Liadan Bertizzolo — apertei a mão dele.
— Então, senhorita Bertizzolo, gostei da sua ideia. Gostei muito. Você acha que consegue passar ela para o papel pra mim?
— Com certeza — eespondi. E poderia mesmo, já que minha mente havia criado um cenário onde minha ideia parecia até aceitável. Só não sei se será tão fácil assim fazer ela se tornar algo real.
— Tenho uma pessoa responsável para lidar com todo o trabalho, você precisa apenas fornecer detalhes de como imagina a sorveteria, pode ser?
— Pode. Então eu estou contratada?
— Sim, senhorita.

Ele apertou minha mão novamente. Meu coração bateu acelerado no peito. Então é assim que sentimos a felicidade e a esperança? Com certeza o sorriso deveria estar grande demais no meu rosto porque a Antyh apareceu atrás do senhor Natucci, no meu campo de visão, fazendo sinal para eu diminuir o sorriso no rosto. Obedeci de imediato.

— Só uma coisinha, senhorita Bertizzolo. Você teria problema em passar duas semanas fora? Arco com todas as despesas, mas preciso daquela sorveteria bem diferente de qualquer outra. O seu final de semana será livre, e posso trazer você para cá novamente.
— Por mim, tudo bem.
— Você pode trabalhar aqui hoje, mas amanhã você não vem porque à noite você viaja para começar a trabalhar na segunda. Sua viajem de volta na sexta à noite já vai estar em mãos. Já conhece a região de Abruzzo?
— Não, senhor.
— Então, com certeza vai adorar. Todos amam Roseto degli Abruzzi.

Continua…

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FIC atualizada e corrigida em 2023.

10 comentários em “Fã Fic – Per Te Ci Sarò ( Introdução e Primeiro Capítulo )

  1. Me deparei sem querer com o site.. me apaixonei ❤ …

    Li o primeiro capítulo. . MARAVILHOSO ❤ .. irei continuar os próximos em breve.. ja vi que sera um vicio 😊 .

    Quero dizer que vc escreve mto bem.. PARABÉNS!! Continue assim ..

    Bjos 😘

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  2. Acabei de descobrir o site.
    Já curto o Il Volo há um tempinho mas não acompanho nada fora do facebook geralmente.
    Mas que bom que algo me trouxe aqui hoje porque achei essa história ótima.
    Adorei esse começo e já vou correndo ler as outras *-*
    Mas pelo visto não tem como não ser perfeita, com o Piero e esse começo ❤
    A verdade é que desde o show não consigo me desapegar, estou apaixonada platonicamente por ele. Quase precisando urgentemente de uma intervenção hahaha
    Já ansiosa pela continuação.
    Beijinhos 😀

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    1. Que lindezaaa!! ❤
      Poxa, fico muitooo feliz por algo ter trazido você até o nosso site, Fernanda. Seja muitooo bem-vinda!!
      Espero, de verdade, que você continue gostando dessa fic, e se ler a outra, espero que goste também \õ/ ❤

      Esse Piero… parece que veio para o Brasil com a missão de fazer todas as brasileiras se apaixonarem por ele ❤ ele é tão fofo ❤ ❤ ❤

      Espero que você visite o site mais vezes õ/

      Milhões de beijinhos ;*

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  3. Olha eu aqui de novo
    Não ia deixar de comentar essa fic completamente diferente da outra
    E dessa vez com o Piero
    Só para avisar que estou em uma paixão platonica por ele nesse momento
    To muito curiosa pra continuação
    Por favor posta rapido
    Bjos

    Curtido por 1 pessoa

    1. Ooooiiii Maria õ/
      Eu confesso que já estava com saudade dos seus comentários kkkkkkkkk
      Esse Piero é tão perfeito ❤
      Espero que você goste dessa Fic também, e claro, espero conseguir despertar com essa Fic os mesmos sentimentos (talvez mais alegres) que consegui realizar com a anterior :") ❤

      Milhões de beiijinhos.
      E obrigada ❤

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      1. Ahhhhhhh eu tenho certeza de que eu vou amar esse Piero e espero que seja bem mais feliz
        Tô mto ansiosa pro próximo
        E eu estava morrendo de saudade da sua fic
        Bjinhos e não demora postar

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