Fã Fic – Escrevendo Caminhos (Capítulos 2 e 3)

Como. Quando. Onde. Por quê.
Essas são as palavras mágicas da minha vida, que me acompanham em cada segundo do meu trabalho. Mas ainda hoje, 10° dia das minhas férias, elas não me deixam em paz. Prometi pra mim mesma que deixaria tudo de lado nesse mês, mas meu cérebro não me acompanha e continua trabalhando no modo normal do dia-a-dia.
Pedi mais um suco de laranja e voltei para a piscina. Na verdade, deitei e coloquei o notebook sobre as pernas para poder xeretar o máximo possível. Ana Magnoti parece estar adorando me substituir no trabalho. Todos os dias, uma matéria nova e, por sinal, obviamente não escrita por mim, percebe-se logo pelo título. É como se eu tivesse abandonando um filho.

Para de pensar nisso, Elara!
Parei.
Vamos procurar sobre shows. Isso!
Ultimo, Marco Mengoni e até o The Kolors tem show por aqui, então me preocupei em providenciar ingresso para os dois primeiros, já que vou ficar aqui apenas mais três dias e The Kolors é só na semana que vem. Nenhuma matéria para escrever.
Que tédio!

CHEGA!
Deixei o notebook de lado e peguei o fone de ouvido. Passei protetor novamente só para ter certeza que não vou ficar trocando de pele como uma cobra. Tocava Mille Lire, do Marco, só para me fazer entrar na vibe do show de amanhã, e o sol queimava minha pele de um jeito até delicado para o horário, quando meus olhos, por instinto, decidiram olhar para o lado e avistar um grupo de pessoas sentando próximo a mim, na área coberta, e fazendo os pedidos para o garçom.

Conheço cada rosto. Cada um deles. Mas achei melhor virar pro outro lado e continuar fazendo exatamente nada.

Não estou no trabalho. Não estou no trabalho. Nada disso, Elara. Larga mão de ser chata e frescurenta, você não está no trabalho!.

Para me distrair e tentar aliviar os pensamentos, decidi tirar uma foto e publicar no instagram. Simplesmente amei a foto, o óculos de sol, minha pele já bronzeada e eu vestida apenas com um biquíni. “Dolce far niente.” E marquei o hotel onde estou.
Decidi tentar dormir, mas meu celular começou a vibrar.
Mensagem privada no instagram.
gianginoble11
Estamos no mesmo hotel 🤗
 
Show por aqui?
 
Início das férias. Vamos ficar só quatro dias.
 
Até as férias vocês passam junto? Menos, né!
Mas não enviei, embora quisesse muito.
 
Legal. Vi vocês 😂
Onde você tá?
 
Perto do restaurante. A família Barone está aqui ao lado.
 
Eu estou no quarto. Cheguei atrasado 🤣 nos vemos depois?
 
Claro que não! Estou de férias u.u
 
Certo. Então nos vemos depois. Ou nos vemos daqui a pouco.
MUNDO, EU ESTOU DE FÉRIAS! PARA DE ME TESTAR, EU ESTOU DE FÉRIAS!
 
Maxim curtindo foto minha? Eu mereço mesmo! 
Desativei o wifi do celular e voltei a tentar dormir ouvindo música.
Consegui.
Fui acordada com o barulho da risada de pessoas na piscina.
Irritada, peguei meu notebook e levantei pronta para ir dormir no quarto.
—Acordamos você, bela adormecida?
—É maravilhoso ver você também, Barone.
Ele sorriu abraçando a mulher dele. A irmã, acompanhada do namorado e o irmão acompanhado da mulher e do filho também estão na piscina. Pararam para prestar atenção na nossa conversa.
—Conheço você! —Disse Liadan, eu sorri.—Do instagram do Gianluca.
—Lazzarini, amore. —Falou Piero e deu um beijo no rosto dela e, por algum motivo, todo mundo me olhou mais intensamente. Calma galera, sou jornalista, e de férias. Não precisam ter medo.—De férias, né? Lembro que você comentou sobre isso. Mas pensei que você fosse viajar pro exterior.
—Quem consegue abandonar a Itália em agosto? Eu não consigo. —Respondi, rindo. A irmã de Piero jogou água no rosto dele.
—Viu? Eu falei! —Ela disse. Todos riram
—Vai ficar aqui muito tempo?
—Não, senhor. Na segunda, vou pra Sicilia. Chega de Verona por um tempo. —Falei, rindo.
—Nos vemos depois então?
—Claro. Preciso ir agora, antes de queimar de verdade. —Falei, todos riram.
—Você pode ir visitar os rapazes na Sicilia. —Gritou Liadan. Até eu me assustei.— Quer dizer, voltamos na quarta. Se quiser, visita a gente.
Fiz sinal positivo com a cabeça porque até Barone ficou boquiaberto.
—Que foi? Ela parece legal. —Ouvi ela dizer quando eu já havia me afastado. Sorri pensando na possibilidade das palavras de Barone se tornarem realidade e eu acabar parando na casa deles para uma entrevista.
Você está de férias, Elara Lazzarini!!!
*
No balcão do restaurante, pedi mais uma taça de vinho. O líquido avermelhado sempre desce acariciando e aquecendo suavemente cada parte do meu corpo. É uma calmaria necessária depois de mais um dia torrando ao sol.
Hoje não estou com vontade de sair para balada, mas também não quero ficar trancada no quarto, então decidi pelo menos descer para beber alguma coisa, depois de passar a tarde toda dormindo. Me sinto relaxada, descansada e extremamente entediada. Não estou esperando ninguém, mas a cada cinco minutos tenho vontade de olhar para a porta de entrada do restaurante. Gabi me ligou, pelo menos isso para me distrair, e contar as novidades: Sebastian foi demitido.
Eu odiava aquele velho irritante, mas ainda assim tenho um certo apresso por ele. Quando cheguei, ele lutava sozinho para erguer o site da revista. O site era realmente vazio e quase sem informação, mas ele lutava muito por aquilo, pelo salário de cada um do departamento, e cheguei como estagiária perdida. Ele me acolheu, do jeito dele mas acolheu e me deu toda a liberdade possível e impossível. Fizemos o site crescer juntos, trabalhando juntos. Sempre fui de correr atrás das informações e nunca me preocupei em ficar até mais tarde, ou virar a noite no trabalho. Fiz isso por muito, muito tempo até ser necessário -e possível- contratar uma equipe. Então trouxe Gabriella, Rafael e Fillipo, amigos que fiz durante o período da faculdade e estavam precisando de emprego. Às vezes tenho vontade de socar a cabeça do Sebastian na parede, mas sei que não teria toda a liberdade que tenho se não fosse ele o meu chefe. Poder escrever o que eu quero, sobre o que eu quero é uma liberdade até desconhecida no nosso ramo. E quem vai entrar no lugar dele? Como será os meus dias agora? Eu quero a minha liberdade ainda. Eu preciso dela.
—Absorta demais nesses problemas para falar comigo um pouquinho? —Disse Ginoble. Rindo.
Não percebi que ele havia chegado e ocupado a cadeira ao meu lado no bar. Os olhos dele brilham.
—Desculpa. É… mudanças. —Respondi, ainda não tendo me torturado com todos os problemas possíveis para depois esquecer e seguir em frente, como sempre.
—Trabalho?
—As pessoas nos aconselham a fazer aquilo que amamos, mas não acredito que esse seja o caminho. Transformar a vida em uma espiral constante do trabalho não deveria ser um exemplo de conselho. —Ele sorriu, mas eu estava falando sério.
—Acho que férias existem para isso.
—Na teoria, quando você detesta o que faz. Na prática, ninguém nunca tira férias, principalmente se você gosta do que faz.
—Você precisa de férias.
—Não. Preciso aprender a tirar férias. Preciso ensinar ao meu cérebro o que é isso. — Falei rindo agora, ele riu também.
—Está esperando alguém? —Perguntou, olhando para a porta atrás de mim..
—Deveria estar, mas não estou.
—Quer se juntar a nós?
—Não, não! Obrigada, mas não.
—Que é? Não tem ninguém que você não conheça.
—Agradeço muito, mas é melhor não.
—Você se arrumou tanto pra nada? Aliás, está muito linda.
—Não vou subir com você para um quarto graças a elogios, espero que você saiba disso.
—Você é jornalista, Lazzarini. Sei que o que importa para você é conhecimento. —Disse, sorrindo. Merda! Pensei que meu comentário idiota seria o suficiente para poder continuar bebendo sozinha.
—Bem analisado, Ginoble.
—Passei no teste? Quer subir agora? —Não aguentei e comecei a gargalhar descontroladamente.
—Muito ousado para uma figura pública.
—Sou cantor, mas também sou homem. E tenho olhos. —A cada comentário, eu dou mais risada.
—E bem bonitos, diga-se de passagem.
—Já imaginou nossos filhos? Os meus olhos, e os seus… olha, vão ser lindos. —Tá bom, isso aqui tá péssimo. Misericórdia.
—Isso é o melhor que você consegue fazer? —Soltei, rindo.— Pelo amor de Deus, me diz que você consegue dormir com mulheres que tenham uma quantidade maior de porcentagem cerebral em uso. É impossível você conseguir sair com alguém com esse tipo de conversa.
—Não sou tão péssimo assim. —Ele disse, rindo.
—Então é melhor você melhorar isso aí porque tá caindo no meu conceito. —Respondi, rindo. — E o que aconteceu com a Antonella?
—Não damos certo. Não dou certo com 99,9% das mulheres.
—Te entendo. —Também não dou certo com 99,9% dos homens.— E tudo bem pra ela…quer dizer, você ficar claramente dando em cima de qualquer jornalista que aparece na sua frente diante dela?
—Não dou em cima de qualquer jornalista! Também não sou assim. —Ele disse, gargalhando. —Só uma, ou outra. E foi ela quem terminou comigo.
—Ela descobriu sozinha ou publicaram em redes sociais?
—O quê?
—A traição —respondi rindo.
—Que traição? Eu não trai ela. —Ele disse sério. Mas palavras são desmentidas com olhares. E sei muito bem ler olhares.
—Acredite em mim, você é péssimo com mentiras. Se você quer mentir, você tem que acreditar na mentira e torná-la realidade para si mesmo, caso contrário, seus olhos só faltarão gritar a verdade.
—Obrigado pela aula. Acontece.
—Claro que acontece. Principalmente com pessoas como você. —Falei, terminando de tomar o vinho que me restara. Pedi mais uma taça.
—Com pessoas de figura pública?
—Não. Não acredito que Barone tenha força o suficiente para se soltar da esposa dele dessa forma. Me refiro a italianos mais clássicos, ao estilo cafageste que o mundo humildemente nos deu.
—Nos deu? —Ele perguntou, com um sorriso tão largo que até os olhos dele brilhavam.
—Claro. Quer dizer, somos italianos, não somos? O mundo naturalmente nos conhece como cafageste, traídores, essas coisas. E realmente somos. O mundo é, não apenas nós. Mas acabamos sendo as cobaias.
—E o que você quer dizer com isso?
—Quero dizer que é normal trair, Ginoble. Isso é normal quando você não encontrou a pessoa certa, a pessoa que faça você se tornar idiota, como o Barone, entende? Até ser idiota, todos somos italianos; ou até sermos Barone, todos somos Ginoble. E você não precisa ter vergonha disso.
—Quantos relacionamentos seus já terminaram por conta disso?
—Digamos que o suficiente —Respondi e bebi mais um gole de vinho.
—Da sua parte ou da parte dele?
—Não vem ao caso.
—E foi assim que você se tornou italiana? —Ele perguntou rindo e olhando para a minha taça de vinho já quase vazia novamente.
—Digamos que foi assim que percebi que sou italiana. Nós somos complexos demais, senhor Ginoble. Uma raça bem exagerada. Não só na comida, na beleza, nas palavras, mas também nos sentimentos. Se não amamos, somos os cafagestes que somos; se amamos, nos tornamos os mais idiotas que existem. É assim. Não existe meio termo conosco. Ou é, ou não é. Ou sim, ou não. Não existe talvez. Não existe amanhã. E somos livres.
—Parece que vamos nos dar muito, muito bem —ele disse, rindo.— Quantas taças de vinho você já tomou?
—Essa é a terceira. E não fico bêbada com isso, pode ficar tranquilo. E seguiu minha linha de raciocínio? É nessa linha que você deve seguir.
—Vem se juntar a nós logo! Não vou deixar você sozinha aí, à espera de qualquer rapazinho com palavras melhores que a minha. Vamos, ou vou ter que te pegar?
Eu ri. Ri alto por sinal.
—Vai me pegar de que jeito? —Perguntei ainda rindo. Ele não se surpreendeu com o duplo sentido.
—Quer que eu mostre? —Ele piscou e levantou, me puxando pelo braço.—Entrega os pedidos dela naquela mesa, por favor.
E lá vou eu. Uma multidão, mas eu realmente conheço cada um. 3 cadeiras vazias ao lado direito do Barone, a irmã dele e o namorado ocupam as cadeiras ao lado, seguidas do irmão mais velho e a esposa, uma cadeira vazia, Antonella e Sami.
A cadeira ao lado de Barone continuou vazia e nos acomodamos nas cadeiras ao lado. Ginoble me apresentou rapidamente, o que não era necessário.
Eles discutiam alto sobre ir para Sicilia na segunda, ao invés de quarta. Mas Barone é o único que se opõe e ninguém quer ir sem ele. Ginoble apenas ri ao meu lado, sem falar muita coisa.
—Piero! Não precisa ser em casa, podemos ficar na praia, tanto faz! —Falou Mariagrazia.
—Não estamos falando de Naro, Piero! Estamos falando da parte banhada pelo mar da Sicilia! Vamos passar uma semana lá. Faz tempo que não vejo aquelas águas. —Disse Francesco.
—Já falei que vou ficar aqui até quarta-feira e não gasto mais nem um centavo nessa viagem. Não vamos pra Sicilia antes do tempo e fim. Vocês podem ir.
—Para de ser mão de vaca, Piero! —Gritou Antonella. Ginoble riu ao meu lado. — Minha amiga se casou com um mão de vaca desses? Poupe-nos dos seus tchaus de mão fechada, Piero!
—Sua amiga se casou comigo dando tchau de mão fechada e pronto. —Ele respondeu mostrando língua. Todos riram. Inclusive eu. Que criancice, gente! —Ela não liga pra Sicilia, você sabe disso.
—É claro que sei. —Respondeu Antonella.
—Mas ela se importa ao extremo com cada pessoa sentada à essa mesa. —Exceto eu, pensei.— E você sabe disso. —Respondeu Mariagrazia, mostrando língua igual ao irmão. Rimos mais.
—Não entendo qual o problema de ficar aqui até quarta-feira, como combinamos. Depois vamos para Sicilia. Vai dar no mesmo, exceto pelos gastos. Todos sabem disso. Quem foi o gênio dessa ideia?
—Gianluca. —Respondeu Marigrazia. Ginoble riu.
—Pra que isso, Gian?
—Só comentei que mudei os planos essa tarde e decidi ir pra Sicilia na segunda-feira, porque depois quero ir pra Capri. A Dani que gostou e convenceu o Francesco, que convenceu a Maria, que convenceu o Alessio. E a Antonella se convenceu sozinha. —Todos rimos.
Barone não respondeu e parecia simplesmente absorto da realidade onde estava no exato momento que a mulher dele atravessou a porta do restaurante. Ela sempre está linda, sempre está exuberante e faz com que eu me sinta mal e distorcida no ambiente. O meu vestido preto extremamente colado ao corpo entra totalmente em contraste com a saia longa rodada azul marinho cheia de strass prateado e fios brilhosos e a blusa regata bege, bem disfarçada com um colete preto por cima, que ela está usando. Faz com que eu me sinta errada e vulgar, desnecessária. Me sinto a peça sobrando no quebra-cabeça.
Ela se sentou ao meu lado, e nem percebi que me vi obrigada a corrigir a postura só pelo simples fato dela estar no mesmo ambiente que eu, me cumprimentou antes de beijar o Barone e ele assumir a cara de marido bobo apaixonado de sempre.
—Observe —falou Ginoble, baixinho, ao meu ouvido.— Piero insistiu até agora que não irá para Sicilia mais cedo. Diante de tudo isso, aposto uma pergunta que ele muda de opinião nos próximos dois minutos.
—Ele não vai mudar. Acabou de dizer isso. É impossível. E o que eu vou fazer com um pergunta?
—Você é jornalista. Acredito que deve ter alguma pergunta martelando aí no seu cérebro e que não será liberada por equipe nenhuma. Poder fazê-la deve ser algo bem gratificante para você. E você acredita mesmo que o Piero não muda de opinião? Quer subir a aposta?
—Eu não o conheço. Estou em desvantagem. E que merda você vai fazer com uma pergunta?
—Não duvide dos meus conhecimentos, Lazzarini! E você deve saber desvendar qualquer pessoa sentada à essa mesa melhor do que qualquer um de nós. Ele muda de opinião nos próximos um minuto e meio. Uma pergunta e uma noite.
O olhei profundamente e ele apenas sorriu e pigarreou. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Francesco nos interrompeu.
—Vocês querem compartilhar o assunto com o resto de nós, ou a conversa é bem íntima? —Ele perguntou, nos fazendo rir.
—Liazinha, o que você acha de irmos para Sicilia na segunda ao invés de ir na quarta? Estávamos conversando sobre isso. Mas não queremos ir pra Naro. Queremos praia e sol. Queremos Taormina. O que você acha?
Todos fizeram silêncio enquanto Ginoble falava, quase que sem interesse em nada além de uma simples informação dela.
—Eu acho legal! —Ela respondeu animada.— Faz muito tempo que nenhum de nós vai pra lá. O que você acha, Piero?
Todos nós viramos pra ele e parecia que aquela era a primeira vez que alguém tocava no assunto.
—É o que você quer, Baronessa? —Ele perguntou moldando um sorriso de lado bem bonito.
—Acho que vai ser legal. Mas você já deixou tudo resolvido aqui para fechar até quarta, né? Vocês não conseguem esperar até quarta? —Ela perguntou olhando para cada um à mesa, inclusive para mim, mas Barone a puxou para mais perto e ela encostou o rosto no ombro dele.
—Não se preocupa com isso, amore. Nós vamos pra Sicilia na segunda de manhã, principessa.
Ele beijou a testa dela e começou a deslizar os dedos pelo seu cabelo.
—E é assim que se ganha uma aposta — Ginoble disse baixinho ao meu lado.
—Não entendi. O que aconteceu?
—Ele está apaixonado, e acho que vai durar para sempre, é isso o que aconteceu. Ele é realmente a pessoa mais mão de vaca que conheci na vida, menos com a Lia. Ele é assim, é capaz de mudar o mundo inteiro, se ela pedir.
—E vocês usam a coitada para conseguir o que querem? —Joguei, sem rir. — Isso é desumano. Eu esperava mais de você, Ginoble.
—Cada um usa as cartas que tem —deu de ombros. Eu ri, ainda incrédula.
O amor deixa as pessoas bem mais idiotas do que eu pensava. Lembrar de revisar a carteira de vacina contra esse vírus. Anotei na minha agenda mental.
Estou me roendo por dentro, me controlando, para não fazer milhões de perguntas. Na verdade, não estou falando. Aprendi, no terceiro semestre da faculdade, que ouvir é tão importante quanto perguntar, mas isso me lembra mais os dois meses de curso de análise de perfil. Foram as 4 horas de cada dia mais trabalhosas da minha vida que se fazem muito úteis nesse exato momento. É obvio que posso estar paranóica e a forma como Bertizzolo olha ao redor a cada três minutos, ou a forma como morde discretamente o interno da boca, não quer dizer certamente que ela quer memorizar ao extremo cada rosto dessa noite, mas ainda assim tem receio de algo.
Ginoble se preocupa em tentar conversar comigo às vezes, mas minhas respostas sempre são curtas e de encerramento. A irmã do Barone também tenta ao máximo me fazer pronunciar palavras quaisquer por pelo menos mais de meio minuto.
Estou calada por dois motivos: primeiro, ninguém me controla quando eu abro a boca; e, segundo, tenho muito medo de acabar usando qualquer informação obtida aqui para criar algum texto polêmico no site quando eu voltar. Não quero nenhum dos dois, mas a vontade de perguntar pra Antonella se ela sofreu quando terminou com o Ginoble, e se é uma tortura para eles terem de se sentar à mesma mesa, está me consumindo a cada segundo.
—Você é quieta demais para uma jornalista. — Falou Antonella, rindo, quase como se pudesse ler a minha mente.— Tem certeza que você é jornalista mesmo? Você não está colhendo informações para depois publicar tudo sobre nós, né?
—Você me pegou! —Respondi rindo e todos riram também. É o máximo que faço desde que cheguei.
—O que você ganhou de presente ontem, Branca de Neve? — Ela perguntou, e demorei a entender que falava com a Bertizzolo. Barone sorriu e levou a taça de vinho à boca.
—Não preciso dizer toda a semana, né? —Liadan respondeu rindo.
—Sei que já falei que eu sou nova demais para ser tia, mas mudei de ideia e vocês podem me dar um sobrinho. —Ela disse, todos riram.
—Você tem o Sami. Nos dê um sobrinho. —Falou Barone.
Então o amigo de Ginoble está namorando a ex namorada dele? Fiquei confusa, mas é claro que sou a única perdida nesse assunto todo.
E, me sequestrando dos meus próprios pensamentos, Maxim se junta a nós. Revirei os olhos e quase saí correndo sem educação nenhuma.
—Elarinha! —Me cumprimentou. Diferente de todo mundo, não sorri quando ele chegou. E observei que a Bertizzolo também não sorriu ao meu lado.
—Não sei dizer seu sobrenome. E é Lazzarini. —Quando percebi, já havia dito. Todos riram.
—Me chame de Max. Falo sério, me chame.

Quase vomitei de verdade dessa vez. Esse idiota acabou de estragar uma frase de um dos meus personagens literários favoritos. Ele não faz o tipo de pessoa que costuma ler. Não tem como ele saber disso.

—Porque você decidiu estragar o Patch dessa forma? —Perguntei, com os olhos semi cerrados. Me recuso a acreditar que ele saiba o verdadeiro significado do que está dizendo.
—Estraguei o quê? —Ele perguntou, confuso. Respirei aliviada.
—É comum isso, Lazzarini. Mas com o Patch parece individual. —Respondeu Mariagrazia piscando para mim.
—Individual. Surreal. Unico. E me recuso a aceitar que exista Nora sentada à essa mesa. —Comentou a Bertizzolo. —Não com a frase de Patch vindo de quem veio. Maxim. —Ela disse, seca. Isso foi um cumprimento?
 —Liadan. —Disse, cumprimentando-a.

É como se estivéssemos em um jantar de realeza e fica evidente para qualquer um que Bertizzolo e Barone são os reis donos do castelo. E, ainda assim, a rainha é a unica pessoa à quem o amigo visitante de um reino distante não oferece um apelido idiota.
Admiro cada vez mais essa rainha, principalmente depois que ela respondeu o cumprimento dele com um aceno de cabeça quase imperceptível.
—Eu detesto esse rapaz, Piero. Você sabe que ele também não me suporta. —Ouvi-la dizer extremamente baixo ao meu lado. Não consegui ouvir a resposta do Barone. Isso, com certeza, cedeu uns 300 pontos positivos pra senhora Barone na minha contagem.
Senti uma mãozinha gelada tocar a minha perna e me virei para encontrar um garotinho de bochechas bem grandinhas e cabelo bem preto, rindo, olhando para mim. Não sei lidar com crianças e elas parecem que também não são muito chegadas a mim, então não me movi até o rapazinho olhar para trás e soltar uma bela gargalhada quando viu a senhora Barone.
Bertizzolo logo se alegrou com a distração e pegou a criança no colo, rindo, e fazendo todos rirem com eles.
—Cadê o pequeno príncipe da dinda? Cadê o sorriso, Pietro? Cadê o sorriso da tia? É o menino mais lindo! É sim!
Sorri porque era exatamente isso o que pairava no ar: sorriso, alegria, felicidade e um raio de paz e tranquilidade. Não sei se emana apenas da criança, ou apenas da pessoa que brinca com ela, mas emana e deixa todo mundo mais calmo e quieto.
—De férias, Elarinha?
—Senhor? —Fala sério! Não sou comprometida com ninguém aqui para ter de suportar alguém que eu não gosto. Não sou a Bertizzolo. Não vou suportar o Maxim e essas palhaçadas.
—Vai pra Sicilia conosco? —Ele insistiu. Ginoble ousou responder por mim, mas apertei a perna dele discretamente por sob a mesa.
—Você irá? —Perguntei.
—Claro. Não largo meus amigos. —Tenho quase certeza que a Bertizzolo bufou ao meu lado. Quase.
—Bom pra você. —Respondi, pensando quanto custaria para adiar minha estadia de uma semana em Taormina e seguir direto para Capri. Depois volto e encerro em Taormina.
—O que vocês vão pedir? Estou com fome! —Falou Antonella e todos riram.
—Sushi! Vamos comer sushi! Nós amamos sushi quando estamos viajando. —Berrou Maxim. A voz dele faz meu cérebro dar pequenos curto-circuitos, quase entrando em pani. Sinto que algo está fritando, e sei que são meus miolos temperados com minha paciência e uma colher de chá de educação.
Observei todos concordarem e Barone chamou o garçom revisando o prato de cada um e parou o olhar na Liadan e em seguida em mim.
—Pra ela você trás, por favor, a maior porção de batatas fritas com molho e pasta. E você, Lazzarini?
—Ela vai comer sushi conosco. Toda mulher que se preze ama sushi. —Berrou Maxim, quase orgulhoso. Dessa vez, eu realmente ouvi a Liadan bufar.
A criança, no colo da senhora Barone, deciciu que era o momento perfeito para colocar metade do estômago para fora. Todo mundo ria enquanto a coitada tentava limpar a criança. O garçom me olhou, rindo, esperando meu pedido.
— Bem, eu detesto sushi. Vou querer a mesma porção de batata da senhora Barone, por favor — Barone assentiu com um sorriso.
—Eu vou querer batata também! —Falou Mariagrazia, rindo.
E, assim, o rapaz acabou trazendo, além dos sushis já pedido, batata e pasta para mim, para a senhora Barone, para Antonella e Mariagrazia também.
Dividi a minha com Ginoble depois de muita luta, porque eu realmente não queria dividir, mas acabei cedendo. Bertizzolo continuou com o garotinho no colo, ao meu lado, mas realmente incomodada com alguma coisa no pé.
Eu já estava para me oferecer para segurar a criança quando percebi que ela chegou ao limite do incômodo, mas respirei aliviada quando o Barone se ofereceu e observamos a Bertizzolo se dirigir ao banheiro.
Aparentemente, só eu percebi que Barone ficou irritado.
—O que aconteceu com a Lia, Piero? — Perguntou Mariagrazia, acho que ela também percebeu.
—O vômito da benção desse seu sobrinho encharcou o pé dela. Na real, bro, seu filho está fedendo. —Ele disse, fazendo careta, mas todos estamos rindo de verdade.
—Acho que é um recorde, não é, Dani? Ele ficou limpo por quanto tempo dessa vez? —Perguntou Francesco, dando de ombros.
—Duas horas. É, realmente, o máximo que já conseguimos.

Não tinha como não rir da situação toda.
A unica pessoa realmente prejudicada nisso tudo foi a Bertizzolo, porque estava com a criança no colo.
Ainda estávamos rindo quando o Barone chamou o garçom novamente e pediu uma garrafa do melhor vinho, um bandeja funda e uma toalha. Com certeza, o pedido mais estranho do mundo. Tento fingir que não estou curiosa, como todos à mesa, mas é impossível.
Barone me olhou com cara de desespero quando o garçom estava se aproximando, dessa vez não consegui escapar e tive que segurar a criança, que realmente não estava cheirando bem. Foi graças ao Ginoble, ao meu lado, que a esposa do Francesco decidiu tirar o menino do meu colo e confirmar que o garoto havia deixado um presente na fralda.
Todos ainda ríamos da coitada da criança enquanto a mãe o levava ao banheiro.
Barone se levantou no momento que avistou a Bertizzolo chegando. O sorriso no rosto dele é bem idiota. É muito engraçado, na verdade, porque parece mesmo que ele é levado para algum lugar fora do tempo e espaço que estamos.
Todo mundo encara a cena com cara de “esse homem está louco”, porque é a unica explicação. E quando falo “todo mundo”, é todo mundo mesmo.
Tirando Mariagrazia e Antonella, que estão realmente felizes.
Observo, em silêncio, Barone pedir para a Bertizzolo se sentar ao meu lado e dou risada quando ele se ajoelha diante dela, pedindo para que ela estique o pé que, com certeza ela estava limpando até agora, e o colocasse sobre a perna dele.

—O que você está fazendo, Bro? —Finalmente, alguém teve coragem de perguntar. Francesco. Completamente ignorado pelo irmão.
—Piero, você não está fazendo isso! —Grita Mariagrazia, realmente feliz e contente, fazendo todos, de fato, prestarem atenção ao que estava acontecendo.
—Amore, por favor, não precisa dessa loucura toda —Bertizzolo praticamente implora, baixinho, ao meu lado.
—Quantas vezes eu vou ter que repetir que, para mim, precisa, Pupa? —Respondeu Barone, com um sorriso realmente lindo no rosto.

Se aquele sorriso me convenceu, com certeza convenceu a Bertizzolo.
O garçom que nos serviu se aproximou do Barone, para o ajudar.
Observamos, com Mariagrazia, Ginoble, Antonella e Francesco fazendo uma festa, enquanto Barone tira a sandália do pé da Bertizzolo, abre o vinho e, com a ajuda do garçom, derrama o vinho sobre o pé dela.
Estou quase chorando porque vi o cardápio quando cheguei e sei que aquele é, realmente, o vinho mais caro da casa. Sendo utilizado como água e sabão.
Acho que sou a única pessoa realmente inconformada, ou não acostumada a esse nível de loucura, porque todos à mesa estão realmente curtindo cada momento.
O garçom entrega uma toalha para o Barone e observamos, ainda com todos fazendo uma festa, ele secar o pé dela e, meu Deus, dar um beijo nele antes de colocar a sandália dela novamente.
Todo mundo aplaude quando ele finaliza.
Ele é realmente um espetáculo, admito.

—Você não disse que ele é mão de vaca? —Perguntei baixinho, para o Ginoble que estava todo sorrisos, aplaudindo e gravando a cena toda.
—Disse, mas disse também que ele compra o mundo pra Lia, se ela pedir.
—Isso tudo aqui, essa cena toda, é normal pra vocês? —Perguntei só para confirmar, porque todos ainda estão falando sobre isso, bem contestes, de volta a normalidade.
—Quando ele está com ela, já aprendemos a esperar todas as formas de demonstração de amor. Ele é assim, é o jeito dele, bem exagerado.
—Parece uma tortura pra ela —comentei baixinho, observando que ela praticamente se esconde no abraço dele. Ginoble sorriu.
—É sim. Poucas pessoas percebem isso.
—E ele não se importa de torturar ela?
—Eles passaram por muita coisa, Lazzarini. Muita coisa. Ela passou por muita coisa. Você não imaginaria. Esse foi o jeito que ele encontrou de mostrar pra ela que a ama, e isso tudo é importante pra ele. Muito importante, porque ele planeja por semanas. Entre as renuncias de um e do outro, ela ignora a vergonha porque sabe o quão importante isso tudo é pra ele. É assim que eles funcionam.
—E dá certo? —Perguntei realmente curiosa.
—Eles fazem dar certo. E fazem parecer fácil. É até um pouco invejável.
—É amor, não é?

Ele apenas sorriu e confirmou com a cabeça.
Qualquer pessoa percebe que aqueles dois se amam de um jeito unico.

—E então, Lazzarini, curtindo as férias? —Perguntou Francesco, nos tirando do transe hipnótico dos Barone ao meu lado.
—Na medida do possível, sim. —Respondi sorrindo.
—Gianluca foi te atrapalhar, né? —Ele perguntou, quase gargalhando.
—Eu? Eu sou um amor! Não estou atrapalhando ninguém. —Ginoble respondeu de imediato.
—A coitada tá muda desde a hora que chegou. Ela conversou mais com você durante aqueles cinco minutos do que aqui durante uma hora e meia. Nós costumávamos ser mais legais, curtir mais, não sei quando mudamos. —Ele comentou sem sorrir. Parece que sente falta de algo.
—Fale por si só, Franz! Alessio e eu ainda somos pessoas legais. —Comentou Mariagrazia, rindo.
—Você entendeu o que eu quis dizer, Maria. —Respondeu Francesco.
—O que foi, Elara? —Perguntou a Bertizzolo, ao meu lado. Me contive para não corrigi-la e avisá-la que prefiro ser chamada pelo meu sobrenome.—Algo aqui te incomoda? Foi o teatro do Piero?
—Não. Eu só estou pensando. Recebi uma notícia não muito boa antes de vir pra cá. Estou meio que tentando digerir ainda. Sem contar que prefiro ouvir e colher informações para publicar depois. —Respondi rindo e pisquei pra Antonella, que gargalhou. Ela é engraçada. Todos riem.
—Você comentou que vai pra Sicilia, não é? —Ela perguntou, tentando puxar assunto. Não sei exatamente porque eu cedi, mas tenho quase certeza que ela consegue olhar a minha alma do jeito que me encara esperando uma resposta.
—Sim. Saio daqui na segunda pela manhã. Meio que já bati a minha cota de estadia em Verona. Tô no limite dessa calmaria toda, meio que me estressa. —Respondi rindo.
—A calmaria te estressa? —Ginoble perguntou surpreso.
—Claro. Não tenho nada para fazer. Não sei o que fazer com o meu tempo. Não fazer nada me deixa cansada.
—Você não é jornalista? Escreva um livro no seu tempo livre. —Ela respondeu, rindo.
—Não precisa ser um livro. Escreva qualquer coisa. —Respondeu Ginoble.
—Como sempre, meu trabalho não me deixa. —Respondi rindo e Francesco quase caiu na gargalhada.
—Você escolheu uma profissão um tanto cruel. —Ele disse, rindo.
—Você deveria ter aparecido na minha vida há cinco anos e ter dito exatamente essa frase. Agora é um tanto tarde. —Respondi séria, mas todos riram.
—Vai para qual lugar da Sicilia? —Perguntou Barone.
—Taormina de início. Mas vou passar apenas uma semana. Depois sigo para Capri. Uma semana.
—Taormina e Capri? —Perguntou Antonella, rindo. —Minha impressão ou são os destinos que Gianluca enfiou na nossa cabeça essa tarde? Gianluca, você está fazendo uma lavagem cerebral em cada um de nós e nem estamos percebendo, é isso?

Tem como não rir? Não tem como não rir. Estou me segurando para não cair na gargalhada. Que grupo de pessoas loucas e engraçadas.

—Eu apenas comentei que vou para Sicilia e depois vou para Capri. Vocês que inventaram de me seguir. —Ele disse, jogando as mãos para o alto.
—Pensa melhor Antyh. —Falou Bertizzolo, rindo.
—Não tô entendendo. —Ela disse, realmente confusa.
—A Lazzarini vai para Taormina na segunda. —Falou o Kadriu.
—E depois vai pra Capri. —Completou Francesco.
—Uma semana em cada lugar. —Disse Mariagrazia.
—E agora vamos para Taormina na segunda. —Falou Barone. Olhando pro nada, como se tivesse entendido algo.
—E depois vamos para Capri. —Disse a mulher de Francesco.
—E vamos ficar uma semana em cada lugar.—Terminou o namorado da Mariagrazia.
—Algo me diz que ficaremos até no mesmo hotel. —Disse Maxim, piscando pra mim.
—E Gianluca te chamou pra sentar conosco…—Falou Antonella me olhando e sorrindo de um jeito bem engraçado.Que jogo mais besta! Cada um falando uma frase, conforme vai entendendo o assunto, e eu realmente boiando em uma conversa pela primeira vez.
—Gianluca, me diz, pelo amor de Deus, que você não está nos fazendo seguir a Elara pelos próximos 14 dias. —Respondeu a Bertizzolo, fechando os olhos quase que fazendo uma prece.
—ME SEGUIR? VOCÊ TÁ ME SEGUINDO? —Quando eu percebi, já estava gritando.—Você tá doido?

Cadê a educação, Liadan?!
Ficou perdida no meio do caminho! Ah, me deixa em paz, consciência!

—Calma! Não estou seguindo ninguém, muito menos fazendo vocês seguirem alguém. —Ginoble respondeu tão calmo. —Taormina e Capri já são nossos destino há 2 meses. Todos sabem disso.
—É bom que isso seja verdade. —Falei e terminei de beber o meu vinho.
—Tirou as palavras da minha boca. —Comentou Bertizzolo, rindo.—Piero, põe mais vinho pra ela, amor.
—Max, passa a garrafa.
—Não. Não precisa. Chega por hoje. —Respondi rindo.—Pessoas demais me seguindo e eu não estou acostumada. —Só faltei gargalhar.
—Gianluca, amigo, você precisa melhorar as suas táticas. —Falou Francesco. Me segurei para não rir.
—Seguir ela não vai adiantar, Gianlu. Ela não é como a Lia. Você tem que entender mais sobre a mulher que está ao teu lado. Não fisicamente, Elara, só estou te usando como exemplo. —Aham, Barone. Sei. —Acompanhe comigo. Amor, se eu te seguisse, o que você acharia?
—Depende. Não preciso saber que estou sendo seguida, mas seu eu souber, certeza que enlouqueço.
—E você, Antonella?
—É claro que eu quero ser seguida. —Respondeu Antonella, rindo.—Ser seguida, ser paparicada, ser mimada, quero que lavem meu pé com esse vinho extremamente caro. É o mais caro, não é, Piero? Claro que é. Quero essas coisas tudo que você faz pra Liadan e ela não gosta, eu amo! —Tem como não rir com uma pessoa dessas? Essa senhora Di Garvolli.
—Mariagrazia?
—Se eu for seguida, juro que quando descobrir mando matar o ser que estava me seguindo. Chega e fala, não fica de frescura.
—Dani?
—Tô com a Maria. Mas eu não mandaria matar ninguém. Só acho que chegar e falar é melhor do que ficar escrevendo capítulo extra de livro para contar página.
—Viu? Quatro mulheres e quatro formas diferentes. Um erro e tudo vai embora.
—Eu não estou seguindo a senhorita Elara Lazzarini, Piero. —Disse Ginoble, quase nervoso. Quase.
—Acho que vou ao banheiro. —Falei, e tentei parecer séria. Mas não vou ao banheiro, muito menos voltar, e não vou deixar Barone pagar uma conta minha porque “ele dá tchau de mão fechada”, foi o que disse Antonella. Decorei muito bem essas palavras. —Pensando melhor, acho que já estou meio cansada. Garçom? —Chamei, e levantei a mão. Não demorou dois segundos e ele brotou ao meu lado. —Fecha a minha conta, por favor. O meu tá separado, iniciou lá no bar. Tem como?
—Claro, senhora.
Tá como Lazzarini. Por favor. Obrigada.
—Você não vai pagar a conta, Lazzarini. —Falou Barone, sorindo, mas percebi o tom de voz mais alto. — Temos 6 homens nessa mesa e você não vai pagar a conta.
—Não se preocupe com isso, Barone. Eu sempre pago minhas contas, e pagaria mesmo que houvesse 30 homens sentados à mesa. —Respondi com o sorriso mais doce que eu tenho.
—Não vou deixar você fazer isso. Não tem como. É falta de educação.
—Fica tranquilo, Barone. Que isso? —Soltei, rindo.—Tá tudo certo. Explica pra ele depois, Bertizzolo,.
—Ele é assim mesmo, depois passa.— Ela respondeu rindo e usando uma das mãos livres para bater na bochecha dele de forma carinhosa. Pietro dormiu no colo dela, nem sei quando. Me despedi rapidamente de todos assim que o garçom chegou avisando que minha conta havia sido fechada. No balcão de fechamento, pedi para entregar docinhos de chocolate na mesa deles e, ao invés de ir para o quarto, como eu disse que iria, pedi para entregarem uma garrafa de vinho na piscina do terraço. Sei que vai estar vazia agora e é exatamente esse vazio que eu quero.
*
Esqueci que é final de semana, e o terraço está um caos, mas ainda assim consegui encontrar um lugar para beber em paz e conversar com a Federica e o Marcelo, que são namorados curtindo as férias. Nos conhecemos há quase uma semana, quando eles chegaram ao hotel, e geralmente faço passeios com ela, ou ficamos conversando na piscina.

Essa noite, Marcelo se juntou a nós. Ela é boa em puxar assunto e ele é bom em ir pegar bebidas.
—Você deve conhecer muitas pessoas famosas. —Ela disse, mas nem ela nem eu estamos de fato interessadas nesse assunto.
—Eu só escrevo sobre elas, nem sempre as conheço.
—Quer ir no show do Francesco Renga conosco? —Ela perguntou, agora sim bem animada.—Vai ser amanhã, ou melhor: hoje, ali na Arena.
—Comprei ingresso para o do Marco e do Ultimo, vocês não comentaram nada.
—Vocês viram que os volo tão hospedados aqui? Acabei de ouvir ali no bar. —Perguntou Marcelo quando estava voltando com os drinks deles. Eu parei no vinho há cerca de uma hora.
—Sério? Quais deles? —Ela perguntou, animada. E até piscou para mim. — Será que rola uma foto? Ou uma entrevista, talvez. —Ela piscou novamente. Eu ri.
—Não sei quais. Só ouvi essa parte e saí. —Até eu ri dessa vez.
—Será que se perguntarmos na recepção alguém nos diz quais são e os quartos deles? —Sim. Tô gargalhando agora.
—Podemos tentar. —Falou Marcelo.
—Vocês são doidos. —Disse quando percebi que eles estavam falando sério.— É o Barone, acompanhado da esposa, dos irmãos e cunhados; Antonella, amiga da esposa dele, e o namorado; e Ginoble. E vocês são doidos. —Terminei rindo novamente.
—Parece que alguém foi à recepção antes de nós. —Marcelo disse e fui obrigada a gargalhar com eles.
—Eu jantei com eles antes de vocês me encontrarem aqui.
—JANTOU COM OS VOLO? —Gritou Federica. Eu ri.
—Jantei ué. Ginoble me obrigou, na verdade.
—Você é amiga deles? —Perguntou Marcelo.
—Não.
—Tá ficando com um deles? —Perguntou Federica
—Não.
—Que merda você estava fazendo com eles então?
—Para ser bem sincera, não sei. Eles, por si só, chegaram a conclusão de que Ginoble quer ficar comigo, mas tenho minhas dúvidas. —Mentira. Não tenho dúvida nenhuma.
—E como você conheceu eles?
—Há quase um mês. Por aí. Entrevistei o Tiziano Ferro no último show dele e o Barone estava acompanhando a esposa. Nos encontramos, mais tarde, na mesma balada. Dessa vez com Ginoble e um outro amigo bobo deles. Era meu aniversário. Conversamos. Trocamos contato. E nos vimos ontem à tarde.
—E aí…? —Perguntou Marcelo, se aproximando de mim.
—E aí o quê?
—Ele é realmente bom ou é só a fama de cantor? —Eu ri novamente.
—Não faço a mínima ideia.
—Você não ficou com ele? —Perguntou Federica, abismada.
—Claro que não!
—Mas você é solteira?
—Sou. Mas isso não quer dizer que vou sair por aí dormindo com qualquer um.
—Mas você praticamente já faz isso. E ele não é qualquer um, vamos combinar.—Isso é verdade, pensei.—E isso pode super alavancar a sua carreira de vez. Já imaginou? Pode ser bom em todos os ângulos.
—Em todos os ângulos. —Repetiu Marcelo, me fazendo rir.
Mas é óbvio que ela está errada.
 Regra:
Não é permito escrever sobre si próprio. Caso o indivíduo esteja envolvido de forma particular com o assunto tratado no texto de seu departamento, o gerente deve solicitar de imediato que outra pessoa o assuma, podendo realizar troca de departamentos, ou medidas mais drásticas mediante aprovação da supervisão.
Esse bilhetinho está fixado na lateral de cada estande do prédio inteiro, só para ninguém esquecer.
Se tem algo no que sou boa, é o meu trabalho. Minha alma está em cada letra, cada palavra, aquilo é o que eu sou, a única coisa que eu sei fazer. Querer ficar com Gianluca não é uma opção. Não quando ficar com ele pode colocar meu trabalho em risco.
E quando digo ficar não quer dizer nada mais do que uma noite.
É só curiosidade…. vontade… sei lá. Mas nada mais do que isso.
E como eu disse pra ele, somos cafagestes, não é mesmo?
*
Acordei antes das 9h por força do habito, mas estou extremamente cansada. Dois shows seguidos cobram seu preço.  Organizei todas as minhas malas, mas como só saio às 14h, saí para almoçar em um restaurante aqui perto, entre o caminho até a Arena. Estava tudo ótimo, e eu já havia terminado de comer, estava apenas esperando um pedaço de bolo como sobremesa, quando Maxim entrou no restaurante. Para meu desespero, me avistou de imediato e veio direto na minha direção. Estou sentada na área externa porque não havia ninguém aqui, mas estou começando a me arrepender.
—Vai derreter no calor, hein. —Ele disse, se sentando à minha frente.Estou vestindo uma calça montaria de couro preta, botas também preta e uma blusa de manga longa em tricô dourada com fios também dourados. Tô nem aí pro sol. Coloquei um óculos de sol e fiz um coque improvisado. Não estou passando calor. Está ambiente, na verdade.

—Não sou de gelatina, pode ficar tranquilo.
—Todos os jornalistas são assim? —Ele perguntou, dessa vez pegando a minha taça de vinho e tomando posse dela. Tomara que engasgue.
É típico da maioria das pessoas aderir a generalização. Exige menos esforço mental para tentar entender o real motivo em cada situação. O que você está fazendo aqui?
—Vim almoçar.
—Ah, claro. Fique à vontade para tomar o meu vinho. Eu nem queria mesmo. —Olhei feio pra ele, que apenas sorriu em resposta.
—Você deveria beber menos, Elara.
—E você deveria tomar conta da sua vida, ou da vida dos seus amigos. Qualquer coisa que não me inclua.
—Gosto da sua sinceridade.
—Você gosta que eu diga na sua cara que eu não gosto de você? Porque eu não gosto de você.
—Pelo menos você não fica falando pelas minhas costas, como a mulher do Piero.
—Gosto dela.
—É. Claro que gosta. Só eu não faço parte desse fã clube.
—Já parou para pensar que o problema pode estar em você? —Falei séria, mas ele gargalhou.—O que você quer de mim?
—O que você pode me oferecer? —Ele perguntou e ainda teve a ousadia de piscar. Vontade de dar uns tapa na cara dele e ver se os parafusos voltam ao normal.
—Definitivamente nada.
—Eu não quero nada sério. Você também não. O que está no meio do caminho?
—Que espécie de pessoa é você que dá em cima da mesma mulher que o seu amigo?
—Gianluca? Ele sempre dá em cima de todo mundo. A diferença é que ele é cantor.
—E você é só um amiguinho que tenta pegar fama às custas dele. Quer saber? Eu não tenho paciência, nem vida, pra isso.

Ele apenas sorri, achando graça por me deixar irritada. Pedi para fecharem a minha conta quando o Barone e a esposa, acompanhados da escolta completa, incluindo Ginoble, entraram no restaurante e vieram se sentar conosco.
Gostaria muito de saber que merda foi que eu fiz para resultar nisso?
Ginoble não veio de imediato ao nosso encontro, como os outros. Ele parou para pedir algo, enquanto fala ao telefone, no balcão. Todos me cumprimentaram com aquela alegria e energia típica dos Barone, e até recebi um elogio da Bertizzolo pela forma como estou vestida. Vez do Maxim de revirar os olhos. HÁ!

—Então, amor, combinado pra hoje? —Perguntou Maxim. Eu gargalhei.
—Essa palavra, vindo da sua boca, me enoja. Faça um favor ao universo e me erra, Maxim.
—Amigo, entenda que você sequer teve a chance de participar dessa guerra e já perdeu. —Falou Barone, rindo. Dando uns tapinhas no ombro dele. Minha deixa.
—Eu adoraria ficar para conversar com vocês, mas tenho horário a cumprir hoje. Trem. —Respondi, quando Barone ousou pensar em falar que não estou trabalhando.
—Você vai ficar hospedada em qual hotel, Elara? —Perguntou Bertizzolo. Não sei porque, mas não sinto mais vontade de corrigi-lá quando ela me chama pelo meu nome.
—Em um bem distante do Maxim, se possível. —Respondi séria, me levantando.
—Não vou pra Sicilia, amor. —Ele disse se arrumando na cadeira.
—Me chama de amor de novo que você vai morrer engasgado com essas palavras. —Falei nervosa, exatamente do jeito que eu estava. Não controlei nada. E ainda tive a ousadia de bater a mão na mesa. As taças balançaram, mas não caíram, ou quebraram. Barone me olhou preocupado, bem mais sério do que o normal. Bertizzolo deixou escapar um sorrisinho de lado. —Moleque ridículo. Cresça.
—Sou grande em muitos aspectos, amor. —E piscou novamente.
—Certamente que não no cérebro. Crescer fisicamente não ajuda em nada se a sua mente sequer saiu da puberdade. E me erra. Não sou sua amiga, sequer sou sua colega, não somos conhecidos. E não sou seu amor. —Esbarrei, talvez não sem querer, no braço dele fazendo-o virar o resto da taça de vinho em si próprio.Enquanto eu ria, feliz pelo meu encerramento perfeitamente dramático digno de uma indicação ao Oscar, Ginoble colocou a mão na minha cintura, me apertando contra o corpo dele.
Todo mundo doido nessa merda. Eu hein!
—Você vai ter que limpar isso. Você sabe, né? —Ele disse, ficando nervoso.
—Claro. Vamos ali fora que eu coloco fogo em tudo, inclusive no seu corpo, se você quiser. Sem problemas por mim.
—Engraçadinha. —Agora sim ele está nervoso.
—Perdi muita coisa, né? —Perguntou Ginoble, de um jeito engraçado para disfarçar a mão idiota dele descendo pela minha perna. Me soltei dele também.
—Cara, me solta. Não sou de nenhum de vocês. Que possessão é essa? —Falei olhando feio pro Ginoble. — Foi um prazer rever vocês. Barones. E espero que não nos encontremos fora do mundo do trabalho novamente. Au revoir!
Fui ousada o suficiente ao estilo Lazzarini para soltar um beijo no ar. Liadan até piscou em resposta.
Passei no balcão, paguei a minha conta e deixei meu pedaço de bolo para o filho de Francesco.
Voltei para o hotel e chamei um táxi para poder chegar até a estação de trem.
Gosto de trens. As viagens são mais calmas e tem uma paisagem espetacular esperando que você a olhe através da janela. É sempre lindo. É sempre perfeito. E relaxa.
***
Certeza que passei quase uma hora na água antes de voltar para o meu lugarzinho, que chamo de “meu” desde ontem, próximo à beira do oceano o suficiente para que, às vezes, a água atinja meus pés dependendo da força da onda, mas protegido do sol graças aos gazebos. As pessoas gostam de ficar mais tempo no bar e restaurante aqui atrás, ou ao sol mais distante, e tirando um casal com três filhos aqui perto, sou a única pessoa ocupando esse magnífico local.
Eu estava quase dormindo novamente, quando meu celular tocou.
Lipo.
—Aproveitando as férias? — Ele perguntou. —Espero que esteja mesmo porque isso aqui está um caos.
—O que está acontecendo?
—Problemas, Lazzarini. Muitos problemas. Vamos enviar nossos curriculuns para outros lugares. Estou ligando pra saber se podemos enviar o seu junto.
—Calma. O que está acontecendo?
—O Rafa acabou de ser demitido. E metade do departamento foi com ele. Certeza que também estamos na lista… então? Podemos enviar o seu também?
—Pode, claro. Para onde vocês forem…
—…nós vamos também. Vamos dar um jeito pelo Rafa, mas é certeza que nenhum de nós dura muito aqui, Elara. Nós sabemos que você gosta daqui, mas o Sebastian se foi, o Rafa também, e temos certeza de que somos os próximos.
—Tudo bem. Pode deixar que vou dar um jeito. Vou pensar em algo.
—Preciso desligar agora. O novo supervisor é um saco.
—Tudo bem. Nos vemos em duas semanas.

Somos eu, a Gabi, o Rafa e o Lipo. Sempre fomos só nós. Nos apoiamos em tudo e sempre estamos juntos desde a faculdade. Fui a primeira a conseguir emprego, e logo consegui para eles no mesmo lugar. É tipo: nós contra o mundo. Atingir um de nós é o mesmo que atingir todos. Somos uma equipe. Mais que uma equipe, somos irmãos. Somos família.

—Você sempre fica absorta demais nos seus pensamentos, ou é só quando eu estou por perto? —Perguntou Ginoble. Não vi quando ele deitou na espreguiçadeira ao meu lado. Isso é meio chato.
—Vou começar a acreditar naquele negócio de que você está me seguindo. —Falei, ainda de olhos fechados. —E eu ainda não estou trabalhando.
—Está começando a ficar esnobe. E, se bem me lembro, você me disse que seu cérebro não sabe tirar férias. Então você está trabalhando.
—Ponto pro senhor. Assiste alguma série policial?
—Não. Por quê?
—Porque acho que seguir uma pessoa pode ser considerado crime em algum lugar.
—E matar alguém pode ser também. É capaz de irmos para a cadeia juntos.
—Poupe-me. Seu amiguinho é irritante. Como vocês conseguem ser amigos dele? Sério…. é bem estranho.

Segui o mapa decorado da cidade de Roma fazendo um círculo mental usando um marcador fluorescente em cada lugar que podemos deixar um curriculum e tentar conseguir entrevistas. Minha mente trabalha em três assuntos ao mesmo tempo: Rafa, emprego e Ginoble.
—Vou ficar um pouco no sol. Você vem? —Ele perguntou. Ainda não me preocupei em olhar pra ele.
—Não posso mais. —Respondi, sorrindo.— Mais um pouco e eu queimo.
—Certo. —Ele respondeu, rindo.—Volto logo. Quer bebida?
—Não. Estou bem. Obrigada.
—Certo. Vou trazer sorvete.
Minha mente está tentando encontrar uma solução para o nosso novo problema, mas está um tanto complicado e está me deixando exausta.
Precisamos sentar no sofá da minha casa, com nossos notebooks em mãos e uma taça de vinho como companhia para conseguir resolver tudo juntos. Sozinhos, não vai dar certo.
—Tô achando que os seus surtos pioram quando eu estou por perto. —Falou Ginoble, jogando água em mim antes de deitar.—O sorvete. Pega aí.
—Estou bem. Obrigada.
—Não estou te dando, bobinha. Depois você me paga alguma coisa. É uma troca. Pega logo. Gosta de chocolate?
—Todo mundo gosta.
Aceitei o sorvete;
Ele aceitou o suco de laranja;
Aceitei os petiscos.;
Ele aceitou o vinho;
Aceitei dar um mergulho com ele;
Ele aceitou jantar sozinho.
Aceitei a companhia para o café.
Ele aceitou o passeio de jetski;
Aceitei almoçar no Bambar,
Ele aceitou uma caminhada -caótica- pela cidade.

Cancelei “caminhada” das trocas e pagamentos. Muitas pessoas param para fotos, muitas pessoas atrapalham as conversas.

Aceitei conhecer o Teatro Antico; deixar ele publicar todas as fotos que quiser nas redes sociais; nos stories.

Ele aceitou extender a viagem dele até o Etna, para conhecermos tudo;
aceitei voltar em dois dias.
Aceitamos passar outro dia inteiro na praia.
Aceitei a presença dele.
Ele aceitou a minha amizade.
E os vinhos.
E os chocolates.
E as risadas.
E o sol
E a praia.
E os passeios.
E os vinhos.
E as risadas.
E as risadas.
—Jantar: restaurante? Hotel? —Ele perguntou pegando as minhas coisas da areia. Estou bem suja hoje.
—Restaurante!
—Fechado. Convido o Piero?
—Sempre convide os Barone.
—É engraçado você chamá-los de Barone.
—E vou chamá-los de quê?
—Pelo nome deles, ué.
—E estou inventando nomes é? —Perguntei, rindo. O meu celular caiu na areia novamente. Ele se abaixou para pegar e aproveitou para jogar areia em mim. De novo.
Dessa vez não fiquei quieta. Peguei areia e joguei nele também. Ele revidou, claro, e revidei também. E ficamos nessa guerrinha de areia por muito tempo. Dois bobos, duas crianças gargalhando ao por do sol sem perceber que tanto o Barone, quanto a irmã, estavam gravando nossa palhaçada e publicando no instagram.
—Vocês querem jantar conosco? Você não pode rejeitar hoje, hein, Lazzarini. —Falou Barone, limpando minha bochecha para poder beijá-la em forma de cumprimento. Bertizzolo vem mais atrás acompanhada da família de Francesco.
—Estávamos falando sobre isso. —Respondi, rindo, ao cumprimentar Mariagrazia.
—Vai jantar escoltada hoje? —Ela perguntou. Eles já se acostumaram que eu me refira a eles como “escolta”, devido o fato de andarem sempre juntos.
—Queríamos convidar a escolta para jantar conosco hoje. Restaurante, nada de hotel. —Respondeu Ginoble. — Ideia da Ini.
—Cara, não me chama assim. Já falei. Se não for me chamar de Lazzarini, me chama de Elara. Pelo amor de Deus. —Falei, jogando mais areia nele, mas ele desviou e a areia atingiu em cheio o Barone.
Sim. Lá estávamos nós jogando areia uns nos outros. Quebrando o silêncio do início da noite com as nossas gargalhadas. Fazendo todos olharem para nós, como se fôssemos crianças brincando na areia….
Oito crianças bem crescidas brincando na areia pela primeira vez.
Quer saber? Não somos crianças, mas é a primeira vez.
Continua…
Fic revisada em 2023.

4 comentários em “Fã Fic – Escrevendo Caminhos (Capítulos 2 e 3)

  1. Super feliz com esse novo capítulo, fiquei surpresa com o fim do namoro de Gianluca, mas agora ansiosa para que ele fique com a senhorita Lazzarine, amo as cortadas que ela da em Maxim kkkk, gosto muito de todos os detalhes da estória, torcendo pelos novos capítulos e que sejam longos e feliz

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  2. Altas gargalhadas com a Lazzarine (melhor chamar assim pra evitar que ela me jogue vinho rsrsrs)… e eu achava que a Liadan merecia o Oscar de como resistir aos rapazes do Il Volo, mas Lazzarine bateu o recorde kkkkk vamos chegar ao capítulo 100 pq este conto já está no mesmo nível que “Per Te Ci Sarò”, Mayara… A cada nova fic vc demonstra seu dom pra escrever histórias dignas da magia do Il Volo

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