Fã Fic – 3 irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo. (Final)

Aos poucos o vazio e o silêncio somem.
Escuto vozes que primeiro me parecem estranhas, mas depois tomam o timbre da voz de meu marido e uma outra voz que ainda não reconheço. Me esforço para tentar me mover ou abrir os olhos mas meu corpo simplesmente não me obedece.
Com o tempo, desisto de me esforçar, em vão, e deixo que eles retomem à minhas ordens quando quiserem. No entanto, não consigo parar de ouvir o que Ignazio fala. As vezes tudo se torna um completo silêncio e parece que meus ouvidos param de me obedecer enquanto meu cérebro trabalha descontando em mim todo tipo de memória possível. As memórias alegres me enchem de felicidade, mas não consigo sorrir, as memórias tristes me abatem e tentam encher meus olhos de lágrimas, mas não consigo chorar, então elas apertam meu coração tornando-se meu pior pesadelo, meu medo e meu inimigo.
Então é assim que é a morte? Morrer? Tornar-se escrava de seus piores pesadelos, de seus piores momentos, e revivê-los como assassinos que torturam e torturam sem dó nem piedade? Mas como lutar com um inimigo que é, no fundo, você mesmo?
Às vezes, entre uma memória e outra, sinto meus pulmões falharem, mas, assim como o resto do meu corpo, eles não me obedecem e acabo deixando que eles façam o que querem. Agradeço quando meus ouvidos voltam a trabalhar e Ignazio fala, afastando, assim, as memórias que me torturam impiedosamente.
Eu já estava me acostumando com o fato de ver a morte brincando comigo, chegando perto o suficiente para me trazer uma lembrança ruim e se afastando, aos poucos, apreciando minha dor e meu sofrimento, esperando apenas que eu ceda, aos poucos, e implore para que aquilo acabe logo. Reviver lembranças de minha infância que eu havia decidido guardar no fundo de minha mente e esquecer para seguir em frente se tornarem realidade novamente me fazem querer gritar para que ela, a morte, me leve.
Primeiro, uma noite qualquer, após um dia comum entre meus oito ou nove anos. Minha mãe me buscou na escola e fizemos meu dever de casa, em seguida a ajudei a fazer doces para o fim de semana. Era um dia comum para nós. Meu pai, como sempre, e em toda sexta-feira, chegou tarde em casa, bêbado. Minha mãe estava em meu quarto lendo uma história qualquer sobre príncipes e belas princesas e seus vestidos perfeitos quando tudo começou. Ele entrou, cambaleando o suficiente apenas para precisar se escorar nos objetos e estantes da sala. Ouvimos o barulho de algo quebrando e desobedeci a ordem de minha mãe para que eu ficasse no quarto. Desci e sentei no corredor, abraçando os pés, quando vi meu pequeno vaso de rosas quebrado no chão, a flor estava para se abrir e aquilo partiu meu coração. Por muito tempo detestei flores, muito tempo mesmo, Mas, em algum momento, isso mudou.
Outra lembrança me invadiu. Minha mãe chorando enquanto penteava o meu cabelo explicando sobre tudo o que meu pai fazia. As traições, as mentiras, tudo. E eu, ali, ouvindo suas dores, enquanto jurava para mim mesma que nunca, nunca em minha vida casaria com ninguém. Nunca, pelo sofrimento de minha mãe, pelo seu choro, eu me manteria afastada de qualquer homem para não sofrer o que ela sofria, para não chorar o que ela chorava. Não foi fácil cumprir minha promessa. Parece que quanto mais você tenta se afastar das coisas, mais elas nos perseguem. Terminar o ensino médio foi um inferno e eu dizia para todos, tentando me convencer que era verdade, que estava me guardando para a pessoa certa, mas sabia, no fundo eu sabia qual era a verdade: meu juramento, minha mãe; seu sofrimento, meu sofrimento
A lembrança seguinte é a de César, que é meu amigo desde que me lembro, que acompanhou cada dor que passei com meus pais, me levando ao túmulo de minha mãe pela primeira vez após o acidente. Me viu desabar em lágrimas ali, no chão, e não precisou falar uma palavra sequer para me ajudar, apenas ficou ao meu lado, chorando por me ver naquele estado. E ali, no túmulo de minha mãe, derramei minhas últimas lágrimas, dizendo a César que nunca mais na vida ele me veria chorar, tomando minha força e as forças de minha mãe. No início, e durante muito tempo, César foi o único homem que ultrapassava a barreira do “Bom dia” em minha vida, simplesmente por estar ao meu lado desde sempre e claro, no fundo ele não era bem… homem. Na semana seguinte, após o falecimento de meus pais, César contou aos pais dele sua opção sexual e tomei as dores dele, me importando com seu sofrimento e em como melhorar as coisas para ele, e abandonando a imagem de meus pais de minha mente. E, ali, naquele momento, aprendi que ajudar as outras pessoas e as colocar em primeiro lugar sempre ajuda a superar ou esquecer os nossos problemas. Aos poucos, adotei isso como regra em minha vida e esses momentos, que sempre mantive o mais escondido possível por me sentir envergonhada das atitudes de meu pai, me tornaram a pessoa que sou.
Fui.
Não sei.
Estou para implorar que a morte, fria e gelada, me leve com ela quando a lembrança do dia que fiquei trabalhando até mais tarde no escritório e pensava ser a última pessoa ali, me pega desprevenida. Fui surpreendida por um homem do setor de comunicação tentando abusar de mim. Eu gritei, e gritei, e gritei, o bati, o mordi, o chutei várias vezes, mas se não fosse César, que havia me ligado minutos antes e iria passar ali para me buscar, eu com certeza teria perdido minha virgindade à força, contra minha vontade, naquela noite. Aquilo resultou na dor de dedicar horas e horas a aprender a lutar, a jogar futebol e jogar vídeo-game afastada do serviço durante um mês e meio para me recuperar do susto e do medo da raiva de tentar encontrá-lo e batê-lo até ele sagrar. E, segundo César, foi a partir daquele momento que comecei a fazer coisas de homem, mas, segundo ele, isso não ajudaria na minha tentativa de tentar afastá-los de mim, que se mostrou verdade dia após dia.
Sinto a morte pegar em minha mão e estou pronta para ir com ela já que sei que fazendo isso todas as lembranças irão parar de me atormentar e voltar ao baú onde eu as havia guardado.
Estou pronta para ir, mas meus ouvidos voltam a funcionar.

– Você poderia ter esperado um pouco mais, não acha? Está feliz com ela desse jeito?

– Ela é minha mulher. Não interessa o que você sente ou deixa de sentir.

-Chega, vocês dois. Ninguém está tentando tirar ela de você, Ignazio. Cresça e entenda a preocupação de Gianluca. Mas parem com isso agora, ela pode estar ouvindo e não vai ficar nada bem quando acordar e querer matar vocês dois. Chega dessa palhaçada. E para de chorar, Ignazio. Sei que é difícil, mas ela está bem e você tem que entender que a culpa não é sua. Para de se culpar. Senta aí, vocês dois, e ajam como adultos. Se não forem fazer nada para ajudar então fiquem calados.

Reconheço a voz de Piero só no final da tentativa de fazer Ignazio e Gianluca pararem de brigar. É sempre ele quem ameniza as coisas. Fica um silêncio enorme, mas sei que não são meus ouvidos parando de funcionar, apenas os rapazes digerindo as palavras de Piero, em silêncio. Então a pior de todas as lembranças vem em minha mente, mas não é trazida pela morte, e sim por vontade própria do meu cérebro que se acostumou ao sofrimento, Ignazio me contando que havia falhado comigo. E milhões de outros pensamentos surgem com essa lembrança. Sinto meu corpo entrar em desespero quando temo que o futuro de minha mãe se repita em mim, como alguma maldição de família.
Não vai ser assim comigo. Não vai ser mesmo. Ignazio não é como meu pai. Não pode ser.
Mas meu pai nem sempre foi o que eu conheci.
Sentir a morte rindo de seu sofrimento, de sua dor e tentar entrar em desespero, tentar chorar e não conseguir foi a pior sensação que já tive. Então choro com a alma, que, de alguma forma, é choro e alivia meu desespero.
Aos poucos percebo que Ignazio nunca vai ser como meu pai era, e, se aconteceu coisas que não deviam foi, simplesmente, por minha culpa. E me apego a isso que é bem mais fácil do que pensar que minha vida será o espelho da vida de minha mãe.

O silêncio é quebrado por Ignazio, que começa a cantar e, em seguida, os rapazes o acompanham em minha música favorita. Mas não sei como Ignazio descobriu porque sempre mantive isso guardado a sete chaves.
Talvez seja o primeiro momento de paz desde que minha consciência retornou à vida e me entrego a isso, deixando que suas vozes tomem conta do meu corpo e afastem o medo, o desespero e a agonia. Me surpreendo quando sinto a morte se afastar também, mas é o toque de Ignazio em meu rosto que me traz de volta ao mundo de sempre.

Guardo negli occhi la ragazza con gli occhi beli come il mare, poi di improviso uscire una lacrima e lui credete di afogare. Te voglio bene, assai, ma tanto, tanto, bene sai.

Ele beija minha testa antes que eu descubra que meu corpo voltou às minhas ordens.
Ainda não consigo falar, mas vejo seus olhos, vermelhos por causa do choro, sorrirem para mim ao me verem. Ele me abraça forte, e beija meu rosto ao mesmo tempo, agradecendo e brigando comigo por ter feito ele passar por tudo aquilo. É Piero quem chama o médico e beija meu rosto em seguida, sorrindo para mim. Gianluca faz o mesmo, mas passa um bom tempo mexendo no meu cabelo com ternura enquanto me encara com o sorriso no rosto e a mão de Ignazio me apertando e soltando aos poucos. O médico chega e faz uma série de pequenos exames dizendo que estou bem mas insiste que os rapazes precisam sair para que eu descanse. Eles relutam, mas Piero convence Ignazio a ir embora tomar banho e voltar no dia seguinte. Assim que os rapazes saíram o médico aplicou algum remédio no soro que, aos poucos, relaxou meu corpo.

– Você é bem forte, hein? Confesso que rezei para você ficar bem porque eu não queria, de forma alguma, ser a pessoa a trazer notícias ruins para os seus seguranças que ficaram acampados aqui a tarde toda. Se sente melhor? – ele perguntou, olhando para mim, com ternura nos olhos. Fiz que sim com a cabeça. – Vou pedir para trazerem seu filho. Ele é lindo, bem forte e grande. Já é um pequeno vencedor, você também é. Seria bom se você conseguisse amamentá-lo, ele está esperando há algumas horas. Você acha que consegue?

Respondi que sim com a cabeça e meus olhos se encheram de lágrimas. Fiquei apagada por algumas horas, que pareceram ser dias, e meu filho estava ali precisando de mim o tempo todo. Que mãe eu estava me tornando?
Jurei para mim mesma nunca mais o deixá-lo, em momento algum.
Alguns minutos depois uma enfermeira trouxe Dante aos meus braços. Ao olha-lo, choro pedindo desculpas pela minha ausência enquanto ele se aninha ao meu corpo, mantendo-se bem próximo de mim.

– Ele é lindo, tão calmo, quase não chora. A senhora precisa de ajuda, não é? É mãe de primeira viajem. Vem, segure-o assim. Vai doer, e muito, mas ele precisa se alimentar.

Ela não estava errada. Doeu muito, como ela havia me alertado, mas brinquei com o cabelo de Dante enquanto ele se alimentava e, aos poucos, me acostumei com a sensação. As mãozinhas dele ficavam balançando de um lado para o outro, segurei uma delas e comecei a chorar novamente, mas dessa vez era de alegria. Depois de um bom tempo ele parou de se alimentar, acabando com minhas dores, e fiquei sorrindo em meio as lagrimas deslizando meu dedo pelo seu rosto, seu pescoço, seus bracinhos e parei, mais uma vez em suas mãozinhas gordinhas, beijando-a.

– Pequeno Dante. Meu pequeno Dante. A mamãe te ama tanto, tanto, tanto. Você é tão lindo, tão pequeno, tão perfeito com esse cabelinho, anjinho. A mamãe te ama.

Digo, em meio as lagrimas que aumentam quando a mãozinha dele para na minha bochecha, como se entendesse o que eu estava falando e quem eu era. A enfermeira o deixou ali comigo e arrumou as coisas para que, de agora em diante, meu pequeno anjinho ficasse apenas comigo. E ele adormeceu ali, pela primeira vez, em meus braços. Não chorou nem um minuto. Eu, no entanto, esgotei minhas lagrimas a cada vez que sentia seu coraçãozinho bater agradecendo à Deus por aquele pequeno anjo em meus braços.

***

O que tive, na verdade, não passou de uma simples hemorragia que resultou em cerca de cinco ou seis horas desacordada, mas para mim, naquele estado, pareciam meses de guerra com minhas lembranças. Entretanto, no momento em que voltei à realidade as mantive guardadas no baú em minha mente, de onde nunca deveriam ter saído para voltar a me atormentar. E assim continuei. Passei mais um dia no hospital e só fui liberada na tarde do dia seguinte, escoltada por Ignazio, Nina e Piero. Como meu parto foi normal eu não precisava de nenhum tipo de ajuda, ou frescura, como eu costuma falar, mas, mesmo assim, Nina ficou conosco por dois dias, paparicando o sobrinho.
Com o nascimento de Dante, mais uma vez, entrei em guerra com Ignazio.
Não era correto fazê-los cancelarem mais uma semana de concertos e compromissos. Isso não se resumia apenas a mim, Ignazio e Dante, mas se estendia até Piero, Gianluca e todas as pessoas que trabalham duro para fazer com que tudo dê certo. Foi, como eu descrevi, uma guerra. Mas Ignazio sabia, no fundo, mesmo sem querer admitir, que eu estava correta e acabou voltando à turnê normalmente, dois dias depois do nascimento de Dante, mas não partiu sem levar Nina para casa, que se despediu relutante de meu pequeno anjinho. Piero trouxe Suelen, Mariagrazia e Eleonora para conhecerem o mais novo membro da casa, foi uma tarde agradável. Eleonora voltou para casa no dia seguinte, deixando Mariagrazia e Piero conosco. Por morarmos mais próximo da gravadora e mais perto das cidades com aeroportos, Piero sempre é nosso convidado certo duas noites antes de viagens, concertos ou compromissos em Bologna.
No segundo dia de Dante em casa, Gianluca trouxe os pais e Erny para paparicar meu pequeno. Foi meio difícil tirar Dante dos braços de Gianluca e triste saber que todas as vezes que Ignazio o pegava nos braços ele simplesmente começava a chorar, mas isso acontecia apenas com Ignazio. Dante era uma criança calma até demais para suas horas de vida. Ele não chorava, exceto nos momentos que precisava de uma fralda nova ou sentia fome e, claro, os momentos que Ignazio o pegava no colo. Ignazio, Piero e Gianluca partiram naquela tarde para continuar os seus próximos seis meses de turnê, deixando Mariagrazia e Eleonora, mãe de Gianluca, comigo e Dante.

Não foi uma despedida comum, como todas as outras.
Não senti que meu mundo ia desabar ou que nada mais ia fazer sentido se eu não visse o sorriso de Ignazio todos os dias. Não que estivéssemos brigados, não estávamos. Estávamos estranhos.
Não tive tempo para falar com ele sobre o que pensava referente a sua falha comigo, e ele parecia inquieto, mas não tivemos escolha já que nossos dois dias sob o mesmo teto após o nascimento de Dante estavam sempre cercados por um amigo ou outro, mas eu já havia tomado a minha decisão e Ignazio permaneceria em minha vida… se quisesse. Não que ele não fizesse falta, ele fazia, e muita. Suas palhaçadas e brincadeiras, seus gritos inesperados cantando alguma musica pela casa, isso sempre ia fazer falta, no entanto, eu não estava mais sozinha. Dante me dava um motivo para continuar e me mantinha focada. Decorar seus três choros diferentes, criar e contar histórias e ver o quanto ele gostava de ficar no banho eram minhas novas tarefas.
Ainda estávamos no hospital quando Dante olhou o mundo pela primeira vez, em meus braços, revelando os olhos iguais aos de Nina, que não aguentou e não conseguia mais parar de jogar isso na cara de Ignazio, que só ficava mais bobo com cada coisa que Dante fazia. Embora nossa relação não estivesse muito boa, como antes, Ignazio se fazia mais presente nas ligações, sempre perguntando por Dante, o que ele tinha aprendido e coisas que ele tinha feito, evitando ao máximo falar no assunto da traição, e respeitei isso.
Eleonora nos deixou na semana seguinte, já Mariagrazia ficou comigo quase um mês. Assim que ela saiu, foi Suelen quem chegou e depois Nina voltou e ficou um mês comigo. Passamos pela visita de Francesco e de parentes e amigos de Ignazio, mas a visita de Fabio rendeu um presente lindo. Ele levou uma foto minha com Dante sorrindo em meus braços, fazê-lo rir era fácil, ele herdou esse dom de seu pai, e, alguns dias depois, um quadro passou pela minha porta, com a mesma imagem da foto reproduzida com toda a perfeição do trabalho de Fabio, que sempre me encantou. Coloquei o quadro no quarto de Dante, já que o presente foi para ele.
Meu pequeno já estava bem esperto quando Ignazio estava para chegar de viajem. Ele já tinha noção de barulho, reconhecia vozes, principalmente a minha, e ria até quando as pessoas apenas ficavam o olhando. Ele tinha os olhos de Nina, claros, mas o formato do rosto era de Ignazio. Não havia como negar o parentesco quando ele sorria, o queixo realçava e as pequenas covinhas apareciam, exatamente como as de Ignazio, em uma versão pequena. Era um anjinho. O meu anjinho.
Dante se agarrou ao sono rotineiro da tarde por volta das 14h, depois de se alimentar, rindo e brincando com minha blusa, apertando meus dedos e parando para tentar me imitar quando eu fazia besourinho com a boca, mas não conseguia, e ficava rindo por não conseguir, sempre tentando. Mesmo com minha voz não sendo linda e perfeita como a de Ignazio, Dante só se entregava ao sono depois de algumas palavras cantadas. Eu fazia isso, com todo o amor do mundo, enquanto brincava com seus pequenos, porem muitos, fios de cabelo, vendo ele se entregar ao sono sorrindo no berço. Ele era assim, a criança mais calma e mais risonha do mundo.
Assim que ele dormiu, desci para me alimentar, como fazia sempre.
Desci, recolhendo os ursos que espalhei pela casa enquanto contava histórias para Dante, subi novamente e os guardei, desci e, ao invés de ir comer me sentei na bancada e encostei os braços na mesa. Olho ao redor, a casa está uma bagunça, cheia de brinquedos revirados para todos os lados; não consegui dormir a noite passada, a dor de cabeça e o mal estar acabaram comigo e passei a noite toda vendo Dante dormir e o alimentando quando ele abria aqueles olhos lindos para mim, rindo, e não consegui reorganizar toda essa bagunça.
O sono me visitou naquele momento, usei meus braços como travesseiro e adormeci.

Ouvi um barulho, longe, e me mantive em alerta.
O barulho se repetiu e acordei assustada.

– Dante.

Foi a unica coisa que consegui dizer antes de sair correndo até o quarto de meu pequeno, mas ele continuava ali, dormindo e brincando com os anjos no céu.
O ar foi voltando aos meus pulmões com dificuldade. Olhei o relógio. Se passaram apenas dez minutos.
Sentei no chão, com o rosto escondido nos braços, me odiando por estar tão cansada daquele jeito.
No segundo seguinte, Ignazio passou pela porta, fazendo meu coração quase parar de bater com o susto.

– Principessa? Tutto bene? Você saiu correndo pela casa.

O ar voltou aos meus pulmões.
Não era Dante. Era apenas o Ignazio abrindo a porta.

– Estou bem. Adormeci e pensei que fosse Dante chorando. Como foi de viajem?

Ele estende a mão e aceito a ajuda para levantar.

– Exaustiva. Estou feliz de estar aqui com você, finalmente.

Ele beija minha testa, como sempre, mas o mundo não para ao meu redor. Não é Ignazio quem está em minha frente, não o Ignazio que eu conheço, o Ignazio de sempre. Não sei o que acontece ou o que aconteceu, mas ele ainda é meu marido, então finjo que está tudo bem.
Ele sempre chega em casa morrendo de fome, optando por não comer dizendo que minha comida é a melhor do mundo. Não sei como ele vivia antes de mim. Então, enquanto ele toma banho para aliviar o cansaço preparei algo para podermos comer, já que eu nem havia almoçado ainda.
Minhas noites nunca mais foram as mesmas, os pesadelos vinham me atormentar da mesma forma que a morte, então passei a dormir menos. Três horas de sono já era milagre, isso quando eu conseguia dormir, e isso me deixava cansada, exausta. Mas Dante, de alguma forma, me dava a força necessária para passar o dia brincando com ele.
Termino de preparar a comida de Ignazio no exato momento em que ele sai do banho. Ele se senta na bancada, mas eu continuo em silêncio terminando de colocar a minha comida.

– Dante cresceu -ele fala, encarando a comida e começando a comer.

– Muito. Está tão esperto! Não se contenta mais em ficar apenas sentado e já está tentando engatinhar. -respondo animada, como qualquer mãe faria.

– Mas continua um amor de criança, como sempre.

Antes que eu me sente de frente para Ignazio e possa, finalmente, começar a comer, escuto o choro de Dante e largo tudo ali para correr até seu quarto.

– A mamãe está aqui pequeno, já acordou? Hmmm, que fedorzinho hein? Eca, eca. Vamos tomar um banho? -falo, o pegando do berço e ele se acalma. Era o choro que pedia para trocar a fralda. – É sim, o bebê da mamãe vai tomar um banho para ficar bem cheiroso -digo enquanto brinco com ele tirando o macacão e o fazendo rir ao enche-lo de beijos e pedir para ele me imitar mandando beijo ou fazendo besourinho.- Vai ficar bem cheirosinho, vai sim. Hmmmmm, que fedor, Dante. Como um menininho tão pequeno consegue fazer isso? Meu Deus. Eca. Eca. Eca.

Ele fica o tempo todo sorrindo. O ensinei a bater as mãozinhas na água e me derreto por dentro quando ele ri tanto que chega a faltar o ar. Ficamos, como sempre, muito tempo no banho. Ele brinca com um pequeno ursinho enquanto coloco a fralda, um pequeno short jeans e uma camiseta que foram presentes de uma fã, e suas meias de sempre. Penteio o cabelo dele para o lado, como o de Ignazio, por costume, como faço sempre.
Antes de descer com ele para ver Ignazio, o alimento e o enrolo em uma pequena manta, já que minha blusa e minha calça estão molhadas por causa da nossa brincadeira no banho.

– Olha quem está em casa, Pequeno. Pappà è arrivato!

Ignazio ri, pela primeira vez desde que chegou, e aquele era o Ignazio que eu conhecia. Aquele sorriso.
Pegou Dante no colo e começou a brincar com ele, mas Dante não o reconheceu, e não o culpo por isso, e começou a chorar. O peguei, novamente, e expliquei quem era Ignazio, mas não adiantou, ele não ia para os braços de Ignazio sem ficar chorando. Demorou, muito, até a solução se moldar em minha mente.

– Papai, você não quer brincar de Homem de Ferro com ele? É sim, Pequeno. Papai vai brincar de Homem de Ferro com você. Olha só, Papai até parece o Homem de Ferro. Como faz para brincar?

Ele ergue os bracinhos, animado.

– Mas como brinca disso, Amore? Non lo so.

– Assim, Papai.

Seguro Dante no alto, como se ele estivesse voando, e, depois de um tempo, o ajudo a ficar em pé. como se estivesse aterrissando. Ele solta gargalhadas.

– Agora o Papai vai fazer, é Igual o Homem de Ferro.

Ele ergue os braços, rindo para Ignazio e soltando gargalhadas enquanto ele voa de um lado para o outro da sala. Mas Ignazio também é uma criança, e eles disputam para ver quem ri mais alto. Fico ali, sentada, os observando.
Acordo atordoada caindo para o lado, no sofá e me surpreendo com Ignazio e Dante, sentados em minha frente, rindo de mim.

– Olha só rapazinho. Viu? Como que a mamma faz?

Ignazio ri alto quando Dante fecha os olhos e deixa o corpo cair para o lado, nos braços de Ignazio. Ele abre os olhinhos e ri para mim.
Meu mundo estremece ali com Ignazio e Dante, cópias de uma mesma pessoa, o mesmo sorriso, as mesmas covinhas. Aquela era minha família.

– Bobos. Vocês dois! Você também, Dante. Não esquece que seu pai não sabe te dar banho!
– E você sabe muito, não é? Olha sua roupa, parece que vocês tomaram banho na chuva.

Olhei para mim mesma, minhas roupas ainda estavam molhadas por causa do banho de Dante e o cansaço devia estar estampado no meu rosto. O cabelo desarrumado, com certeza eu estava com olheiras, andando descalça pela casa. Passei a mão no cabelo, tentando arruma-lo, me xingando por estar na frente de Ignazio daquele jeito.

– Amore, vai descansar. Está escrito no seu rosto o quão cansada você está. Eu fico com Dante, nós somos melhores amigos agora. Vamos jogar bola, não é Rapaz?

Dante ri enquanto Ignazio o enche de beijos, como eu faço.
Em seguida ele ergue os bracinhos e Ignazio volta a brincadeira antiga novamente.

– Não, não. É você quem precisa descansar, Ignazio. Foi você quem passou horas em voo e trancado em um carro. Vai fazer isso, depois eu vou. Revezamos. Me dá meu pequeno aqui.
– Não acho que ele consiga dormir, porque parece que é isso que você vai fazer. Descansa, Amore. Deixa ele comigo. Você cuida de nós direto, deixa a gente cuidar de você um pouco.

Ouvir aquilo foi o necessário para que eu me entregasse ao cansaço.
Como sempre, é Ignazio quem vence. Tento me levantar, com cuidado, cambaleio devido ao cansaço, mas acho que não ter comido nada também ajudou. Ignazio corre até o meu encontro, colocando um braço ao redor da minha cintura, me segurando, forte, com Dante no outro braço, rindo.

– Opa. Calma, calma, Mona. Tudo bem? Acho que nossa fortaleza está abalada, Campeão. Amore? Ei? Vem, eu te ajudo.

Ignazio me puxa pela cintura, fazendo força para que eu me mantenha próxima ao seu corpo. Chegamos no quarto com uma certa dificuldade, já que Dante estava no outro braço de Ignazio. Sento na cama, com o pensamento longe.
Não quero dormir.
Não posso dormir.
Eles virão. Os pesadelos.
Não vou deixar a morte voltar a rir da minha cara enquanto eu tento lutar contra minha própria mente. Não vou deixar isso acontecer de novo.

– Manuela, o que está acontecendo? Há quanto tempo você não dorme?

Não posso falar para Ignazio o que está acontecendo. Não posso dizer a ele que pesadelos vêm me visitar todas as vezes que fecho os olhos por tempo demais porque ele vai querer saber quais são os pesadelos, e vou responder o quê? Que a morte vem me buscar como quando eu estava no hospital? Que vejo minha vida indo embora? Que a imagem de meu pai batendo em minha mãe se repete em meus pesadelos com Ignazio e eu como personagens? Nunca!
Não vou dizer à ele o quão devastadora e humilhante é a minha descendência. Quando meus pais se foram eu apenas os deixei ir e me afastei da humilhação de ver todos os parentes falando sobre como eles eram. Me afastei de todos, me isolei, criei uma barreira para as memórias e jurei nunca mais falar sobre isso com ninguém, esquecer. Nunca quebrei essa promessa, e nunca vou quebrar. Fim. Então não respondo à pergunta de Ignazio e ele entende o meu silêncio, mas me obriga a deitar e se deita ao meu lado, me abraçando fazendo com que eu acalme meus medos quando me aninho em seu peito.
Ele ajeita Dante do outro lado, sentado, mas Dante não ri quando me olha.

– Tudo bem, Amore. Descansa. Eu estou aqui. Estamos aqui com você. A mamma vai ficar bem, Campeão. Dá um tempo pra ela. Ela sempre fica bem.

Sinto a mãozinha de Dante na minha bochecha, exatamente como eu faço com Ignazio, e passei a fazer com ele, quando quero sentir seu sorriso. Abro os olhos e Dante está com a cabeça deitada na barriga de Ignazio, de frente para mim, me olhando com aqueles olhos grandes e claros. Sorrio para ele e ele devolve o sorriso, ainda com a mão no meu rosto. E me entrego ao cansaço.
Acordo, sozinha no quarto, sem luz e minha primeira reação é a de levantar e procurar Dante em seu quarto, mas lembro que o deixei com Ignazio quando estou quase chegando na porta. Olho para o relógio, não dormi mais do que quatro horas, mas foi a primeira vez que não tive pesadelos em três semanas.
Antes de descer e procurar minha família, decidi tomar banho, eu estava precisando. Fiquei, como sempre, tempo demais trancada no banheiro. Coloquei uma regata preta e um short também preto antes de descer e encontrar Ignazio ensinando Dante a brincar com um carrinho no chão da sala.
Naquele momento, sabendo quem era Ignazio, decidi querer saber o porque da traição.
Não que eu o culpasse. Não culpava. Culpava a mim mesma, então queria saber o que fiz de errado, ou o que deixei de fazer, mas espero até que Dante queira dormir para fazer isso e fico os observando, em pé, sentindo meu coração parar quando Dante põe a mão no rosto de Ignazio e o olha rindo. Ali, naquele momento, percebi que por mais que ele fosse a cópia física de seu pai, o interior, por dentro, o coração, era exatamente como eu. Ignazio fica um tempo parado, aproveitando a mão de Dante em seu rosto e depois vai até a cozinha.
Assim que ele levanta, Dante me vê encostada na parede e ri pra mim, estendendo os braços, mas não vou ao seu encontro. Me abaixo, batendo as mãos, pedindo que ele venha até mim. Depois de um bom tempo ele entende o que tem que fazer e engatinha, com um pouco de dificuldade, na minha direção, rindo cada vez que uma mão encosta no chão. Não consigo segurar a emoção e começo a chorar quando ele coloca a mãozinha na minha perna e o pego no colo, beijando ele até as gargalhadas dele tomarem conta do momento. Quando paro, ainda chorando, ele olha pra mim com os olhos brilhando, beijo sua testa e ele encosta a cabeça no meu ombro. Me desmonto outra vez, abraçando-o, quase sem perceber Ignazio nos envolvendo com seu abraço também.
Aquilo, aquele momento, tudo era parte de mim. Era minha família, minha vida, tudo o que eu precisava para viver. Cada um deles, cada sorriso, cada gesto, cada momento, cada brincadeira, cada lembrança. Eles estavam escrevendo minha história e não vou pedir para que eles mudem palavra alguma em tudo isso.
Ainda naquele momento, olhei nos olhos de Ignazio. O mais fundo possível.
Não tem como, eu o amo, e não consigo mudar isso. Nada que ele faça vai fazer isso mudar. Nada. O amo, simples assim. Ele percebe que o olho e retribui o olhar, mas não se atreve a se aproximar de mim, então eu tomo as rédeas da situação e o beijo. Ele fica sem reação, com certeza não esperava. Não antes de colocarmos nossas opiniões em pauta e resolver o problema da traição. Mas o que eu ia fazer? Nada.
Eu o amo.
Ele me abraça, envolvendo minha cintura com as mãos e está para falar alguma coisa em meu ouvido quando Dante começa a chorar no meu colo e me concentro em fazê-lo se acalmar, mas ele só faz isso quando Ignazio vai para o cozinha e diz que assume a responsabilidade do jantar.
Fico brincando com Dante, o ajudando a engatinhar e correr atrás dos carrinhos pela sala. Ele ri, as vezes para e senta, mas depois volta a engatinhar atrás do carrinho. Ignazio se senta no sofá, nos observando em silêncio, rindo das palhaçadas e do esforço de Dante. Quando Ignazio se senta ao meu lado no chão, Dante engatinha do outro lado da sala até mim e para do meu outro lado, jogando uma bolinha para mim e eu a jogo de volta para ele. Ele engatinha um pouco mais longe para pegar um boneco e Ignazio põe o braço ao redor do meu pescoço e deito a cabeça em seu ombro. No instante seguinte, Dante volta até meu colo, rindo. Ignazio nos deixa para ir até a cozinha e Dante volta a engatinhar. Me levanto para o acompanhar. Ele para perto da cozinha e me sento no chão para ver o que ele vai fazer, mas ele apenas fica me olhando, rindo. Ignazio passa por nós e Dante estende a mãozinha, ele se abaixa e beija sua bochecha, se volta para mim e beija minha boca. No mesmo instante Dante começa a chorar.
O pego no colo e ele boceja, então começo a balança-lo enquanto Ignazio ri na cozinha.

– Você sabe o que está acontecendo, não é Mona? -ele pergunta, rindo.
– Nosso pequeno está com sono, foi um dia um pouco cansativo comparado com os outros. Vou leva-lo para o quarto.
– Você não percebeu? Mesmo? Olha.

Dante estava rindo no meu colo, balançando as mãozinhas no ar, quando Ignazio chegou e beijou minha boca de novo, então Dante voltou a chorar, se acalmando quando Ignazio se afastava. Ignazio ameaçou se aproximar e ele ficou com expressão séria, quando Ignazio envolveu minha cintura com as mãos e encostou o rosto no meu ombro, Dante fez um bico e voltou a chorar quando Ignazio me beijou.

– Está ai, não nega nem um segundo que é meu filho. Quanto ciúme, Campeão. Calma. Ela é sua. Oh. Papai deixa ela com você -ele diz, se afastando. Dante ainda faz bico no meu colo, mas Ignazio e eu não conseguimos parar de rir.
– Não acredito nisso. Você tem que se controlar, Anjinho. Mamãe vai te ensinar isso também.
– Como se você soubesse o que ele sente. Eu sei. Ele não vai parar com isso.
– Eu sei o que ele sente. O fato deu não ficar demonstrando não quer dizer que eu não morra de ciúmes por dentro, sabia? Vou ensiná-lo a controlar isso, assim como a mamãe faz. Mas outro dia, está bom, Pequeno? Vamos dormir agora? É sim, vamos dormir.

Fazer Dante dormir é a coisa mais simples que existe. Depois de o alimentar, o deito no berço e coloco Caruso ou Quando L’Amore Diventa Poesia para tocar, e ele demora um pouco mas dorme sozinho, vendo os super-heróis que ficam acima do seu berço se balançarem. Fecho as cortinas do quarto e saio em silêncio.
Encontro, mais uma vez, Ignazio na cozinha. Ele faz sinal para que eu me sente, e rindo, o faço quando ele puxa a cadeira para mim. É estranho jantarmos sem dizer palavra alguma, apenas rindo do olhar um do outro, mas foi também divertido, como tudo o que faço com ele.
Estou terminando de tomar minha taça de vinho quando ele, finalmente, quebra o silêncio.

– Só eu achei isso estranho? -ele ri, colocando mais vinho na taça dele e na minha.
– Pode ter certeza que não, mas normal é uma palavra que nunca nos definiu, então… É o nosso nível de normal, um tanto diferente do nível de normalidade das outras pessoas.
– Você está lendo qual livro? -ele pergunta, com um sorriso de lado, se ajeitando na cadeira.
– A Rebelde do Deserto, de novo. Nunca me canso. Por quê?
– Você só fala coisas desse tipo quando está lendo algum livro. Ainda vou ler um deles com você.
– Minha biblioteca está aberta a qualquer momento, basta você querer. – apoio o braço na mesa, com as mãos na frente do rosto, pronta para o próximo passo.
– Vou passar lá qualquer dia. -Ele faz uma pausa.- Vamos. Você começa.
– Na verdade eu queria que você começasse.
– Mas não tenho por onde começar.
– Vai ficar quanto tempo em casa? -começo, já que ele não tem força para isso sozinho e espero a resposta bebendo o vinho, me preparando para não ficar nervosa com o resultado final.
– Dois meses, quase três. Mas vamos ter algumas programações por perto, nada que tire um dia ou outro apenas.
– Entendi. Bem, vamos parar de nos torturar e ir direito ao que interessa. -Ele faz que sim com a cabeça e mantenho o olhar firme em seus olhos, porque eles nunca mentem para mim.- Você quer continuar isso? Acha que consegue?
– Isso o quê?
– O casamento, Ignazio. Você acha que consegue?
– Eu não quero me separar de você. Eu nunca quis isso. Manuela, eu morro se você passar por aquela porta.
– Eu não disse que ia embora. Acompanhe a conversa com seu lado racional, por favor. Estou perguntando se você está mesmo preparado para isso, Ignazio. Se é isso o que você quer, porque se não for, eu não sei o que fazer.
– O que eu quero é você, nosso filho, nossa família. Estou pronto para isso, sempre estive, não tem como ser com outra pessoa a não ser você. Eu te amo. Cometi um erro, e me odeio por isso, não consigo tocar em você sem me sentir o pior homem do mundo.
– Chegamos no ponto exato. Por quê, Ignazio? Por que você fez o que fez? Eu não vou te xingar, não vou brigar com você, não vou quebrar a casa ou te ignorar. Mas quero saber o por quê.
– Não tem um porque, Manuela.
– Tem sim, Ignazio. Tudo tem um porquê. Não vou te culpar pelo que você fez, mas acho que, no mínimo, eu mereço uma explicação decente, não acha? Por quê? Só me diz isso.

Conseguir uma resposta de Ignazio quando ele está decidido a não falar é difícil, demora muito e requer uma certa habilidade com as palavras, mas essa habilidade eu tinha. Eu não queria envergonha-lo, apenas saber onde errei para que isso não volte a acontecer. Não que a resposta não vai me torturar, vai sim, e sei disso. A cada dia ela vai estar lá, martelando em minha mente, me mostrando o quão falha com ele eu fui. Mas, sem dúvidas, nada será mais torturante do que não saber onde errei. Vou sofrer, muito, de qualquer jeito, mas eu consigo. Eu preciso de uma resposta. Preciso.

– Eu nunca pedi para que nada disso acontecesse, Ignazio. Nunca. Mas estamos aqui. Porque você insistiu, você me manteve ao seu lado. Me pediu em namoro, em noivado, em casamento. Me ensinou a te amar. Me ensinou a precisar de você. E, assim como preciso de você, preciso de uma resposta. Sou eu, disso eu sei, mas não sei em qual ponto exato. É meu corpo? Você não gosta mais do que vê? -Embora eu tenha certeza de que estou bem mais atraente após o nascimento de Dante, pergunto mesmo assim, qualquer tentativa é válida.- É o que fiz? É nosso filho? É minha forma de pensar? Minha forma de agir? Meu jeito? O quê? Ignazio, eu não vou conseguir viver assim! Foi algo que fiz? Algo que deixei de fazer? Está insatisfeito com o sexo?
– O quê? Manuela? Calma! Você tem que entender que o erro não está em você, estava em mim. Você é a mulher mais linda desse mundo, do meu mundo. Por Deus, como você é perfeita. Te tocar é, não sei dizer, é mágico, de outro mundo. O problema nunca esteve em você, Amore. Eu nunca fui merecedor, e você sabe disso. Essa tatuagem no seu pulso estampou isso no meu rosto. Eu não te mereço e mesmo assim você insiste em ficar ao meu lado. Você sempre precisou de alguém que te valoriza-se de verdade, que desse valor, pelo menos, a sua mania de leitura ou que seguisse a sua forma de pensamento e não ficasse olhando para você todas as vezes que você se abaixa, se vira ou simplesmente respira amarrando o cabelo. A culpa não é sua, Manuela. Você nunca me deixou, mas no instante em que precisou de mim, da minha fidelidade, te trai da forma mais idiota possível. Sem sentir nada, sem querer nada, apenas por necessidade. Você pode ter um ataque a qualquer momento, mas nada vai mudar o que aconteceu.

Respiro fundo e bebo um longo e demorado gole de vinho. Ele estava se torturando com isso, estava escrito em seus olhos.
Queria que ele se visse como eu o vejo, através de meus olhos, para saber o quão perfeito ele é para mim, o quão grande é o amor que cresce no meu peito a cada pequena diferença que nos completa, como eu queria. O arrependimento também estava estampado, não só em seus olhos, mas em cada gesto, cada olhar, e ficou claro para mim que aquilo nunca mais se repetiria. A verdade ainda não me tortura, imagino que ela esteja se acostumando a minha mente e esperando o melhor momento para agir, no entanto, o meu lado que se importa em fazer todos ficarem bem entra em ação.

– Você lembra que uma vez eu disse para você que, só o fato de você tentar já te tornava o homem mais perfeito do mundo? Isso não mudou para mim, Ignazio. Eu vou estar aqui, se você tentar, eu vou estar aqui. Eu não quero que você seja perfeito, eu nunca te pedi isso. Quero apenas que você seja você mesmo, porque foi por você que me apaixonei. É você que eu amo, são os seus defeitos, o seu jeito, não a sua perfeição. Ninguém é perfeito. E eu te amo, independente do que você fez. Temos uma família, um filho lindo, e eu te amo. Te amo. Te amo. Te amo e ponto. Te amo.
– Você não está nervosa comigo? Irritada? -ele pergunta, com um olhar de confusão enquanto o puxo e ele se ajeita para que eu me sente em seu colo deslizando minha mão em seu rosto.
– Não estou nervosa, nunca estive. Mas não vou mentir. Estou decepcionada, muito. Não esperava isso de você. Eu pensava, sim, que isso iria acontecer, simplesmente pelo seu trabalho, mas esse pensamento havia me abandonado e eu confiava em você, no entanto, você me deixou desapontada. Apenas. Mas isso não muda o fato de que te amo, te amo muito, e vai ser sempre assim. Mas você tem que me dar a sua palavra de pai, que vale mais do que a sua palavra de homem, de que não vai voltar a fazer isso, de que posso confiar em você, e, se mesmo assim você o fizer eu nunca vou querer saber. Porque eu aguentei essa, Ignazio, mas não sei se terei coração para aguentar uma outra decepção dessas.
– Você tem a minha palavra de que isso nunca mais irá se repetir. – Ele não olha em meus olhos, mas levanto sua cabeça para que ele me encare.
– Eu não confio em você. Não da forma como confiava: cegamente. Mas acredito em cada palavra e, no que precisar, pode contar comigo. Eu vou estar sempre aqui – o beijo e sinto sua boca tremendo- mais perto do que você imagina.

***

Fazer Ignazio confiar em mim era fácil, até porque eu nunca dei sinais de que faria com ele o que ele fez comigo, no entanto, fazê-lo voltar a confiar em si mesmo era uma batalha que parecia não ter fim, mas mesmo assim lutei. Ele não me tocava, nada passava do beijo simples de bom dia e de boa noite, e era nisso que eu tinha que trabalhar, quando essa barreira se quebrasse era porque ele havia conquistado a autoconfiança de volta. Então me concentrei nisso e fiz disso minha nova meta, junto com a de criar Dante como alguém que tenha o equilíbrio entre minhas emoções e as de Ignazio.
Dante já andava pela casa falando suas palavras favoritas entre as frases: Mamãe, Papai, Bolo, História. Foi meu nome que ele falou primeiro, aos choros no colo de Ignazio, em um dia que eu não me sentia muito bem para o pegar no colo. Meus pesadelos ainda me atormentavam, muito, mas, diferente de Ignazio, nesse assunto eu sou um livro fechado e sei muito bem esconder meus medos e lutar minhas guerras sozinha. O batizamos, antes dele completar onze meses, com Gianluca e Martina como padrinhos. A cada dia a aparência de Dante lembrava mais a de Ignazio, embora seu jeito não deixava duvidas de que tinha minha forma de pensar e sentir emoções, então eu lutava sozinha para ajudar Ignazio e Dante ao mesmo tempo e sabia que venceria, mas não sabia o que me esperava no final.
Dante tinha um problema com Ignazio. Eles brincavam, conversavam e riam juntos, mas quando eu me aproximava, Dante mudava. Era claro que quem falava por ele, naquele momento, era o ciúme e foram meses de trabalho até ele entender como as coisas funcionavam e que, de forma alguma, deveria ter ciúmes de seu pai. Venci a batalha com Dante primeiro. Ele sabia guardar as emoções, mas era super protetor como o pai, e demorou até que ele me contasse que não era ciúme que ele sentia, era medo. Depois disso foi fácil ajudá-lo a confiar no pai, já que, de forma alguma, Ignazio me faria mal. Convencer Dante disso foi fácil, me convencer do mesmo é que era complicado. Me odiei, em segredo, por muito tempo, pelo simples fato de me entregar ao máximo para ajudar qualquer pessoa e não conseguir ajudar a mim mesma quando era eu quem mais precisava de ajuda já que estava ficando difícil acordar assustada sem deixar Ignazio perceber.
Quando parei de alimentar Dante, a primeira coisa que fiz foi ir até Fabio, nosso amigo, e fazer outra tatuagem. Foi como aqueles meus gritos de desespero quando pensava que seria impossível ajudar Ignazio.
O grito era pior por ser para mim mesma.
Voltei para casa, naquele dia, com três asas no tornozelo do pé direito, seguidas de três claves de sol, cada asa representando um deles -Ignazio, Piero e Gianluca- para nunca me esquecer do dia que as vozes deles me trouxeram das garras da morte enquanto eu estava desacordada no hospital. Mas não, não funcionou, e aquela era minha última esperança, então desisti de lutar e me acostumei a acordar apavorada sem deixar Ignazio saber disso, ou das noites que eu passava em claro.
Acordo apavorada, querendo gritar, mas seguro o grito quando vejo Ignazio dormindo como um anjo ao meu lado. Ver Dante imóvel no chão, após ter caído da escada, me fez ir até seu quarto conferir se ele ainda estava respirando. O quarto, parecendo o céu, permanecia intacto já que ele gostava assim, no entanto o berço deu lugar a cama e os bonecos de super-heróis estavam na estante. Nada muda muito, na verdade.
Me senti aliviada quando vi o movimento de sobe e desce em sua camisa, o cobri, como faço todas as noites, e o beijei na testa pedindo que ele seja uma pessoa melhor do que eu sou. Voltei para o quarto apenas para pegar a toalha, em silêncio, e fui para o banheiro fazer meus medos irem embora com a água. Não escuto o barulho de Ignazio ao abrir a porta, mas ele se anuncia.

– Amore? Tudo bem?
– Tudo sim, Querido. Não consigo dormir hoje -nem em todas as noites passadas-. Pode voltar a dormir, daqui a pouco eu volto.
– Você tem certeza?
– Tenho sim. Só preciso de um banho.
– Está bom então. Se precisar de mim é só chamar.

Ele sai e me concentro na água que cai sobre a tatuagem em meu pé, já acostumada ao fato de que aquilo não me ajudou e nada mais irá ajudar. Fecho os olhos pensando em qual será a reação de Ignazio quando eu contar o que está acontecendo e solto um grito, curto, quando ele toca meu ombro.

– Você não tinha voltado ao quarto?
– Como, se você está aqui? -dou risada quando ele arruma o cabelo que a água começa a molhar. Ele ergue meu rosto com a mão.- Não sei o que está acontecendo, mas quando você quiser conversar, eu estarei aqui. Sempre.

Ele não fez mais nada além de ficar olhando em meus olhos, como se tentasse descobrir o que estava acontecendo através deles, mas mantive meus medos comigo, afinal, eles eram meus. No entanto, me dei ao luxo de esquece-los um pouco e me preocupar com Ignazio em minha frente. Foi necessário apenas um beijo para que ele perde-se o controle e recupera-se a autoconfiança, bem mais vívida e mais forte que antes.
Naquela noite, os medos não voltaram para me atormentar.

***

– Dante, a mãe vai ter que falar quantas vezes para você não correr assim pela casa?
– Nenhuma, mamma.

Aquele dia estava sendo só mais um dia normal para nós. Ignazio voltou a ser o meu Ignazio de sempre e passamos por mais dois anos de turnês e eventos sem gerar preocupações, o que, para mim, era um alivio.
Piero estava para chegar, já que eles partiriam para uma entrevista na noite do dia seguinte, e era o motivo pelo qual Dante corria desesperado arrumando os brinquedos no quarto para poder brincar com Piero quando ele chegasse, como sempre faziam.
Eu estava na cozinha, terminando de fazer os cup-cakes que Piero e Dante tanto gostavam. Ignazio me abraçou por trás, de surpresa, beijando meu pescoço para me desejar bom dia. Retribui o susto sujando o rosto dele com o recheio dos doces. Ele riu e fez o mesmo comigo. Quando Dante parou na nossa frente, confuso, sujamos suas bochechas e ele ria mais alto que nós. Assim era a nossa vida.
Naquele dia, Ignazio jogou bola com Dante e Piero e fiquei os observando, rindo ou evitando que algum deles se machuca-se, depois eles jogaram videogame, e, por último assistiram a um filme. Então eu entrei em ação. Ajudei Dante a tomar banho, cantando com ele, depois jantamos e Piero foi se deitar, exausto devido o dia cansativo. Ignazio e eu revessamos a história de dormir de Dante e ele adormeceu no meio da história que ele estava contando sobre um super-herói que não sabia como ajudar as pessoas.
Ignazio e eu tivemos mais uma noite de casal e dormi aninhada em seu corpo com o peso de seu braço apertando a minha cintura.
Acordei assustada quando a mão dele bateu em meu rosto, mas ele ainda estava dormindo. Me virei para o lado e vi a sombra de Dante passando pelo corredor. Ele tinha mania de tomar leite no meio da noite e eu sempre deixava um copo térmico com leite morno na mesa da cozinha, caso ele precisa-se. Ele demorou para voltar, então decidi descer para ver o que ele estava aprontando. Foi quando tudo começou.
Ou terminou.
Encontrei Dante na cozinha, mas ele não estava sozinho e a porta de entrada da nossa casa estava aberta. Não sei quem estava com ele, na verdade não vi nada além da faca e da arma nas mãos dos homens que estavam vestidos de preto com toucas na cabeça. Enquanto um deles se preocupava em manter Dante quieto e sentado, o outro revirava a nossa sala à procura de sei-lá-o-que. Quando vi aquilo eu queria gritar, e ia, mas a voz parou na minha garganta quando a arma se voltou para a minha direção e me mantive em silêncio quando ameaçaram Dante. Tentei pensar em alguma coisa, mas nada se moldava em minha mente quando eu olhava para meu filho e via seus olhos, que eram sempre felizes e alegres, cheios de lágrimas e preocupado com uma faca em seu pescoço. Foi quando meu instinto de mãe tomou as rédeas do meu corpo.

– Não sei o que vocês querem -falei, baixo, para não assusta-los e resultar em algo ruim para nós.- Mas deixem meu filho. Ele é só uma criança. Não precisa…
– Cala a boca -gritou o homem que não estava com Dante e se aproximou de mim, apontando a arma para meu rosto. Levantei as mãos para mostrar que eles não tinham com o que se preocupar e tentei não chorar.

Piero estava dormindo em nosso quarto de hóspedes, que era no final do corredor, e ouviu o grito do homem, entrando em cena assustado. Com a chegada de Piero, Dante e eu passamos a nos tornar reféns. Meu filho me olhou apavorado e pisquei para ele, avisando que estaria tudo bem e ele aceitou. Eu, no entanto, estava apavorada por dentro.

– Soltem eles. O que vocês querem? Dinheiro? Eu tenho dinheiro! Deixem eles em paz, deixa eles saírem, que faço a transferência agora pra vocês – pediu Piero, mas os homens se mantinham calmos e alertas, como se esperassem tudo isso.

Dante chorava enquanto o homem fazia alguma coisa para prender suas mãozinhas para trás, e depois fez em mim também. Senti a morte se aproximando. Não chora, Manuela. Não agora. Foi tudo muito rápido. Dante já estava indo para fora, à força quando entendi o que estava acontecendo.

– Não levem ele, -gritei desesperada- ele vai chorar muito. Levem a mim, no lugar dele.

E implorei isso, muito rápido, várias vezes até eles aceitarem. O fato de fazerem tudo em silêncio só me assustava mais. Dante correu chorando até os braços de Piero, que não se mexia com medo de que resultasse em uma tragédia. A faca, gelada, fazendo força contra meu pescoço me apavorava cada vez mais enquanto andávamos para fora

– Vai ser melhor assim -ele falou em meu ouvido, fazendo as lagrimas correrem em minha face- Vamos nos divertir com você. Você não devia andar assim, as pessoas olham, comentam.

Me encolhi por dentro, mas tentando parecer forte por fora. As lagrimas faziam minha visão ficar turva e eu não podia limpa-las porque minhas mãos estavam presas. Um deles parou na porta, apontando a arma para mim, eu não conseguia enxergar detalhes e tropecei no tapete da sala, caindo de joelhos, chorando mais. Dante gritou alguma coisa, inesperada em meio a tanto silêncio, que assustou a todos nós.
E eu parei de ouvir por um tempo, com os homens sumindo do meu campo de visão. Senti meu corpo ficar pesado, mas estava aliviada por eles terem ido embora. Sorri diante do meu medo de que acontecesse algo com Dante e me assustei com seu choro desesperado quando meus ouvidos voltaram a funcionar. Piero apareceu em minha frente, segurando minha cabeça, com lágrimas correndo dos olhos. Não percebi que me deitei no chão, ou cai. Não sei.

– Moh. Mona. MANOELA. Vai ficar tudo bem. Dante, vem aqui rapazinho. Corre lá em cima, chama seu pai. Moh, fica comigo.

Não entendi o porque das lagrimas de Piero, ou o porque do seu tom apavorado e sorri para ele. Eu estava bem, estávamos bem. Eu só… queria descansar. Meus olhos pesavam. Dormir.

– Moh. MANOELA! Fica comigo!

A mão de Piero machuca minhas bochechas quando ele bate com força, me tirando do sono que chegava. Sorri novamente para ele e juntei forças para falar.

– Eu estou bem, Piero.

Foi difícil, foi sim. Mas ele sorriu para mim, ainda chorando. Eu queria fazer algo para que ele parasse de chorar, mas minha mente se negava a trabalhar e eu estava cansada. Muito.
Senti algo como um pequeno terremoto e meu rosto esquentou. Parecia que estava chovendo.
Usei todas as forças que eu tinha para abrir os olhos.
Vi Ignazio me olhando, também chorando. Nunca o vi assim, desesperado daquele jeito. Piero chorava ao telefone atrás dele. Demorou até entender que eu estava descansando em seu colo.
Eu queria fazer algo para que eles parassem de chorar, doia vê-los daquele jeito, mas eu já havia esgotado minhas forças e nem sabia o motivo de tanto choro.

– Amor, não faz isso comigo! Não! Fica aqui. Por favor. MANUELA!
– Pressiona, Ignazio. Dois minutos e eles chegam.

A mão de meu marido faz alguma coisa em meu peito que liga o botão da dor e ela invade meu corpo sem dó nem piedade. Como um choque constante, sem parada, tirando cada resto de força que tenho até quando respiro, com dificuldade, como se tivesse algo bloqueando minha respiração. Ignazio me aperta, exatamente onde sinto ser a matriz da dor e rapidamente coloco a minha mão na sua, implorando que ele pare de me apertar, de me machucar, mas ele apenas chora mais, com mais intensidade, e sinto seu choro correr em minha mão, a deixando grudenta.
Eca.

– Eu te amo, Manuela. Sempre te amei. Não faz isso comigo. Não me deixa aqui. Não!

Ele beija minha boca e sinto suas lagrimas virem de encontro ao meu rosto.

– Eu vou estar sempre aqui -falo rápido, juntando minhas forças extras, implorando para que ele pare de chorar. Sinto meus pulmões falhando e me esforço ao máximo para erguer a mão e tocar em seu rosto. Mas minha mão estava diferente, sujei ela com algo vermelho em algum momento. Ignazio põe a mão sobre a minha, beijando-a, mas a mão dele também está vermelha. Me preocupo com a marca que deixei em seu rosto. Fecho os olhos, cedendo ao cansaço, mas sorrio para ele- mais perto… do… que… você imagina… Lembra?

Esgotei minha ultima gota de força tentando fazê-lo parar de chorar. Tusso, e a sinto pegar minha mão. Não. Não a morte. Minha mãe.
Tossi novamente, mas dessa vez senti algo escorrer pelo meu rosto.
Minha mãe voltou, e ela por perto afastava a dor, então me entreguei quando ela me chamou.

– Filha, vem. Acabou o sofrimento para você.
– Não! O Ignazio precisa de mim! Ele está desesperado. Eu preciso ajuda-lo. O Piero não vai conseguir.
– Você não tem mais escolha, Manuela.

Eu não queria ir, não com Ignazio desesperado por mim, chorando sem ter quem o ajude porque só eu conseguia fazer isso.
Eu não queria mesmo ir com ela. Não queria. Mas não tinha escolha.
Me entreguei, fraca, como sempre fui, esperando que ele me perdoe algum dia.

***

Ignazio.

– Ela mudou minha vida e faz falta. Dante chora durante as noites, não sei contar histórias da forma que ela fazia, e Gianluca ajuda muito com isso.  Dormimos quando o sol está nascendo, sempre falando sobre ela. Ele ainda a chama quando acorda à noite para ir ao banheiro ou tomar leite e, sem entender que ela não vai voltar, começa a chorar. Eu deveria ajudá-lo a superar, mas sofrer a dor dele mais forte em mim, também me faz perder o chão. Nunca vou me perdoar, eu deveria ter fechado a porta naquela noite, a culpa foi minha. Eu não devia ter dormido, mas dormi e vivo um pesadelo sem ela.
– A culpa não foi sua, Ignazio. Eu deveria ter feito mais. Muito mais. Ela sempre esteve presente quando eu precisei, sempre. E no momento que ela precisou eu não consegui fazer nada. E aqueles homens?
– Não sei. Ninguém sabe. De que adiantaria? Achá-los não a trará de volta. Não vai preencher o vazio nem nos deixar dormir durante as noites sem chama-la.
– Não chora, Papai.
– Não estou chorando, Dante.
– A mamãe ama a gente. Ela vai ficar bem, ela sempre fica bem. Você disse.

Enxugo as lagrimas.
Dante sai dos braços de Gianluca, que diferente de Piero e eu, supera a ausência de minha mulher em silêncio. O pego no colo e o levo até o quadro deles na parede de seu quarto.

– Ela está bem, Campeão.
– O que foi que ela te disse?
– Quando?
– Naquele dia que ela deixou a gente.
– Dante, você precisa entender que nada aconteceu porque ela quis. Ela te amava, muito. Nos amava. Mas teve que ir e não podemos fazer mais nada.
– Eu sei, Papai. Mas ela falou com você, eu lembro.
– Ela disse que nunca ia nos deixar.
– Você acha que ela deixou a gente?
– Não, Campeão! Sua mãe nunca deixou de cumprir uma promessa. Enquanto nós precisarmos dela, ela sempre vai estar conosco. Aqui, oh -coloco a mão sobre o seu coração-, mais perto do que nós imaginamos.

Ele continua olhando para o quadro e se estica para toca-lo. Me aproximo para o ajudar e ele põe a mão no desenho da bochecha dela e encosta seu rosto ali.

– Eu te amo, mamãe. E sinto sua falta. Mas você pode descansar.

Ele beija o que seria o rosto dela no quadro e ri olhando para mim.

– Eu a amo, Papai.
– Tudo bem. O Papai também ama, Campeão.

Nem todas as pessoas merecem finais felizes.
Eu não merecia.
Mas mesmo assim, ela fez do seu final o meu final feliz.
Me lembro dela correndo na chuva, brigando comigo, sujando meu rosto, rindo. O mesmo sorriso que ela me deu antes de nos deixar. O mesmo sorriso de quando Dante nasceu. O mesmo sorriso que me fez amá-la desesperadamente.
Que me faz ama-la.
Ela me deu ele até quando não tinha mais forças para respirar, até quando nada mais parecia ter vida em seus olhos.
Ela sorriu.
E é essa imagem que tenho em meu pensamento, que guardo em meu coração.
Prometi fidelidade a ela, e vou cumprir isso mesmo sem poder toca-la, porque sei que ela está perto.
Mais perto do que imagino.
Sorrindo.


Agradeço a cada um de vocês que viveram essa aventura conosco. Que riram, choraram, sentiram raiva e amaram com nossos personagens que atravessaram as barreiras estabelecidas pelo idioma e chegaram à Itália, Estados Unidos, México… Enfim. Obrigada.

E aguardem, por enquanto, Através dos olhos de Ignazio.


A Fic: 3 Irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo é um romance fictício.

De forma alguma diz que Ignazio, Piero, Gianluca, e qualquer outro nome de pessoas que acompanham a vida dos rapazes pessoalmente, agiriam da mesma forma que nossos personagens perante as cenas estabelecidas na história.

Autora da Fic: Responsável pelo FC – May.

21 comentários em “Fã Fic – 3 irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo. (Final)

  1. Meooo Deus não acreditoooo
    Eu engoli essa fic (de tão rápido q a li) e com esse final, meu coração esta disparado sem acreditar… Sensacional, estou chocada, nossaaaaa
    Parabénssss não sei mais o q falar, sem palavras…
    More posta as suas fanfics no SpiritFanfics ou no wattpad assim posso salvar!!

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    1. 😂😂😂😂😂 que lindeza, Érika!
      Fico muito feliz que você tenha gostado ❤ Você já leu a fic seguinte, "Através dos Olhos de Ignazio"? Conta essa mesma história, mas contada pelo Ignazio, e os outros rapazes. Tem muita coisa nova :") sem contar o verdadeiro final :") ❤
      😂😂😂
      Beijinhos 😘 e obrigada pelo comentário ❤

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  2. Uau! Que estória intensa! Estou sem palavras, mas faço questão de deixar um comentário aqui pra demonstrar o quanto gostei.
    Sempre que conheço algum artista novo e gosto de sua música eu procuro ler fanfics. E estou feliz de essa ser minha primeira fanfic de Il Volo.
    Li quase sem parar. Comecei ontem à noite e terminei hoje. Tive que me controlar pra não chorar com esse fim porque estou no trabalho kkkk mas não aguentei chegar em casa para ler o final.
    Apesar de trágica a estória é ótima e conseguiu me envolver com os personagens. Estive em uma montanha russa de sentimentos durante a leitura e valeu muito a pena!!
    😉

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    1. No ânimo de comentar esqueci de mencionar que amo finais inesperados. Sempre comento com meus amigos que é legal quando o autor tem coragem de matar o protagonista. Mas apesar disso foi triste a morte dela hahaha

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      1. Ohh amore, eu precisava matá-la. Mas não foi fácil, não. Chorei muito enquanto escrevia o final, literalmente. Mas essa sempre foi a ideia inicial.
        Enfim, ainda assim, minha personagem, juto a Ignazio, precisava de “um final”, então escrevi “Através dos Olhos de Ignazio”, que conta essa mesma história, mas do ponto de vista dele. Alguns capítulos, e partes, que eu não havia postado em “3 irmãos. Um amigo, um cupido e um anjo.” estão em Através dos olhos de Ignazio, que também conta a continuação da vida dele sem ela e todos os personagens recebem um final. ❤
        Se puder, dá uma olhadinha depois \õ/

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    2. Ahhhh Rina, você conheceu os rapazes a pouco tempo?? Então seja muito bem-inda à família IlVolover, amore!!
      Me sinto muito honrada por essa ter sido a primeira fic que você leu sobre os rapazes, até porque foi a primeira fic que escrevi sobre eles.
      Agradeço muito o seu comentário. Muito mesmo.Gosto demais de saber o que as pessoas pensam sobre a história e se consigo passar os sentimentos que desejo em cada capítulo ❤

      Mais uma vez, obrigada pelo comentário. E espero ver você por aqui mais vezes.

      Milhões de beijitos :*

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      1. Deve ser mesmo muito difícil matar uma personagem que se gosta tanto, mas você foi corajosa o suficiente pra manter o fim que planejou hahah E com toda certeza irei ler “Através dos Olhos de Ignazio” assim que postar este comentário aqui, já virei fã da sua escrita e só quero saber de ler mais e mais fanfics dos rapazes.
        Acho que antes de ontem fez uma semana que conheci eles. Eu desde criança gosto de músicas mais clássicas e líricas e tal, tudo começou quando tinha uns 5/6 anos e minha tia me deu um CD da Charlotte Church de presente porque achou que eu gostaria de cantar como ela kkk daí eu viciei. Aí essa semana estava tentando aprender italiano de novo ouvindo Andrea Bocelli e lembrei de uma música que meu tio me ensinou como criança (Nel Blu Dipinto Di Blu) aí acabei chegando aos rapazes como se pode imaginar. Viciei, mas isso já era de se esperar. Acho que me verá por aqui mais vezes, apesar de que mesmo sendo falante e escrever comentários às vezes extensos posso ser um pouco fantasminha e não falar nada kkk
        E obrigada, fazer parte da família IlVolover parece ser ótimo!
        Beijos 😉
        PS: Acho que minha mãe também está quase fã deles, sempre que ouço ela canta junto (ela conhece muitas musicas italianas porque já fez parte de um coral heheh)

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  3. Oi Mayara,

    Realmente fiquei chocada com o final (agora olho pra uma foto do Ignazio e fico emocionada! AFF).
    Bom, meus parabéns pelo teu talento, afinal todos somos abençoados com um dom. Viciei agora e estou aguardando novas histórias.
    Na minha humilde opinião não acredito que o Gianluca estivesse apaixonado por ela. Acredito sim em uma amizade verdadeira, um amor fraternal.
    O que me deixou feliz foi que a Mayara e Ignazio viveram uma verdadeira história de amor. Muitos passam pela vida e não tem esta oportunidade. Espero viver a minha história de amor com todos esses arrepios e maravilhas! Acredito nisso!

    Beijão a todas e muito amor no mundo!

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  4. Eu precisava comentar aqui pq em 140 e tantos caracteres no twitter não seria possível ! Que história! Vc não imagina o quão eu entrava no site todo santo dia para ver se aparecia um capítulo novo! Em cada parte da história vc tirava meus pés do chão e eu entrava em um mundo totalmente surreal, e sabe é muito bom isso pq por um momento vc esquece os problemas do mundo real e viaja sem sair da cama! E nessa história vi muitas coisas suas, manias,músicas preferidas (sendo uma da Ivete com o Luan que meio que te influenciei e vc viciou nela…kkkkk) lembro que comecei a rir no início qdo vi meu nome pela primeira vez e pensei “sério que ela colocou mesmo?” kkkkk me senti única e vc liberou ótimos sentimentos que eu guardava para mim e parece que vc descrevia em cada frase! Me impressionei, me emocionei no final e pra ele ser épico não precisa ser igual a um conto de fadas em que todos terminam felizes para sempre; vc deu o seu toque e fechou a história com chave de ouro! Parabéns May!! E ansiosa pela continuação da história!! Beijo!!

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  5. E adesso che ti voglio bene io te perdo…
    Era o que eu estava planejando comentar no último capítulo. ”Nossa, estou tão feliz por esse fim conto de fadas!” Mas está mais para conto de fadas versão irmãos Grimm. How could you? Ela era a fanfic que eu não sabia que estava esperando e você estragou tudo, desde o capítulo anterior. Jonh Green e Veronica Roth já me ensinaram que a vida não é uma máquina de desejos, você não precisava realçar.
    Comecei a ler sua fic da metade e estava planejando ler do começo, mas agora só quando o rancor passar, igualzinho a Convergente. Eu pensei que era uma fanfic do Il Volo mas agora percebi que era uma de Divergente disfarçada. Eu tentei segurar as lágrimas, é sério eu tentei, mas não deu, quase minha mãe me pegava chorando.
    Primeiro ela perdoa ele. E depois isso. No meu capítulo final universo paralelo ela terminaria com ele, ficaria com o Gian, o Ignazio e ele se desentenderiam e então o Il Volo ia para o espaço porque o Piero não aceitaria fazer dupla sertaneja com nenhum. O Ignazio viraria compositor, Piero cantor de ópera, e o Gianluca iria fazer carreira nos Estados Unidos e a May iria junto com o filho. O Ignazio ficaria com essa tal de Martina(ela é mesmo namorada do Gianluca né?) e faria as pazes com o Gian e o Il Volo voltaria com mais força.E o Piero largaria essa tal de Suelen e ficaria comigo. Pode ignorar a última parte.
    Mas a história é sua, o final é seu e se você pode fazer uma fic deles eu posso fazer um final alternativo da sua fic, na minha cabeça claro. Eu fui burra de ter ignorado o aviso do começo e não ter ligado a tantas menções a Divergente. Mas foi muito boa assim mesmo. As lágrimas já passaram e eu estou considerando ler a próxima. Você deve estar me achando doida por levar tão a sério, então eu confesso que exagerei um pouquinho aqui no comentário. Parabéns por escrever tão bem e posso garantir que doeu tanto quanto a morte da TRISteza. Você me fez desgostar um pouquinho do Ignazio mas passou quando eu vi as lindas fotos deles sorrindo e percebi que não dá para parar de gostar de você ama por causa de uma fic e nem odiar a história toda por dois capítulos. A Veronica deve ter se apaixonado tanto pelo Tobias que fez o que fez com você sabe quem você por que não queria que ele ficasse com ninguém, tanto é que ele terminou solteiro. Talvez amanhã eu vá entender(me lembrou o título do livro Amanhã Você Vai Entender) porque as autoras fazem isso com seus personagens. Beijinhos querida, já escrevi uma redação porque hoje eu estou inspirada. Sucesso na próxima e talvez você me veja em algum comentário dela.

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    1. Olá Vanessa. Antes de qualquer coisa…. Sim, Gianluca realmente está namorando com uma mulher chamada Martina.
      Imagina!! Você tem todo o direito de expressar sua opinião e fico muito feliz que a tenha feito. Agradeço muito.
      Eu amo finais incertos e inesperados. Tanto que Divergente e Desastre Iminente foram minhas inspirações para escrever essa pequena história. Tentei não deixar Ignazio sozinho mas a ideia inicial, antes mesmo de começar a escrever, sempre foi criar a personagem para que ela morresse no final, indo contra todos os sapatinhos de cristais e “felizes para sempre” das fics que sempre li, porque, para mim, seria impossível dar um fim aos personagens de qualquer um dos rapazes. A história, do ponto de vista da personagem, acabou aqui, com lacunas para serem preenchidas e portas ainda abertas que só farão sentido quando contadas pelos personagens de Ignazio, Piero e Gianluca.
      Lamento, muito, que você tenha desgostado, mas, devo admitir, que o seu final da história seria muito bom.
      Espero não ter deixado você traumatizada a ponto de nunca mais querer ler algo que eu tenha escrito e, claro, espero ver você por aqui novamente.
      Beijos ;*

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      1. Muito obrigada por me responder, adoro quando os autores respondem o meu comentário. Não me entenda mal, eu não desgostei da fic. Você deu o seu toque a ela, e como eu falei fui um pouco dramática. Simplesmente me surpreendeu. Vou ler o começo sim, assim como eu estou tentado terminar Convergente, que continha a minha personagem feminina preferida. E eu até já procurei livros com finais em que o personagem morre simplesmente porque isso quase nunca acontece. O seu final foi ótimo, diferente e isso é bom. Não fiquei traumatizada e ir do contra é bom. Se eu fosse fazer uma fic, eu faria daquelas que o par romântico ficaria a fic inteira juntos e nada poderia separa-los até um final nada a ver que eles decidem que não foram feitos um para o outro. E é bom chorar um pouco com uma história, significa que o autor cumpriu o papel dele de fazer os leitores acharem que fazem parte daquela história e que os personagens são aquelas pessoas que você conheceu a vida toda.

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  6. NÃAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOO EU ESTOU CHORANDO DEMAIS
    NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO….
    Todo dia eu entrava no site para ver se vc tinha atualizado e hj finalmente postou e estou aqui aos prantos
    Não to acreditando a té agora…. eu realmente pensei que teria um final realmente feliz, mas as melhores fic são aquelas que nos surpreendem no final
    Amei o sentimento da May quando estava em seus ultimos minutos sempre preocupada com os meninos
    menina eu ainda to chorando escrevendo esse comentário…
    Eu quero mais, muito mais….

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    1. Oiiii Maria!! \õ/
      Fico muito, muito feliz mesmo, por, de alguma forma, fazer você se emocionar desse jeito com minha história.
      Você vai ter mais, amore \õ/ Logo, logo prometo dar inicio em Através dos Olhos de Ignazio, que vai ser essa mesma história contada por Piero, Gianluca e, claro, Ignazio. Onde tudo que a May não sabia, não entendia e não enxergava vai ser contado pelos personagens dos rapazes. Como Piero a conheceu, o momento exato que Ignazio se apaixonou, as brigas com Gianluca, os verdadeiros sentimentos deles por ela…. mas prometo que vou parar por aqui. kkkk
      Milhões de beijokas, Maria. Muito obrigada por comentar e espero ver você por aqui mais vezes. õ/

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      1. Ai meu deus como eu adoro uma treta vc não imagina…. eu me apaixonei por essa fic e quando vc falava que ia postar antes eu abria o site todos os dias esperando que tivesse atualizado…. e vai ser isso que vou fazer agora esperar ansiosamente por mais dessa fic maravilhosa….

        eu tbm tenho uma fic do il volo que o nazio faz par com a personagem mais coloquei umas tretas com o gian kkkkk

        Por favor tenta nao demorar pq eu to querendo maaaaaaaaaaaais por favor

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  7. alguem traz um balde?? pq eu to chorando horrores MAYARA a senhora ñ tem o direito de me fazer sofrer assim ñ viu??
    sei nem mais oq escrever, só sentir…
    parabens por essa maravilhosa fic e q venha muitas outras ❤
    só uma coisa… é impressão minha ou o Gian tava apaixonado por ela??

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    1. Aiiii, mds, Isabella. Desculpa!! kkkkkkkk
      Muito, muito, muitooooo obrigada!! Fico extremamente feliz por você ter gostado. Logo outra história se iniciará.
      Sobre o Gian…. então… Não posso falar. Mas…. a próxima Fic, Através dos Olhos de Ignazio, conta a história do Ignazio e da May do ponto de vista do Ignazio, Piero e Gianluca.
      Lembra, lá no comecinho, que a May dormiu na mesma cama que Ignazio e não lembrava de ter feito aposta? De coisas que eles haviam conversado? E não foi mais comentado nessa história…. Então, essa, dentre outras coisas, serão contadas pelos rapazes na próxima fic. Incluindo a forma como Piero a conheceu, o exato momento que Ignazio se apaixonou, como foi contar para todo mundo que estava apaixonado, o que Gianluca sentia por ela e até mesmo o que Piero sentia por ela, o porque de tanto ciúme da parte de Ignazio e muitas outras coisas… então não posso falar mais nada. kkkkkkkk
      Muito obrigada por comentar, amore.
      Milhões e milhões de beijokas.
      Espero ver você aqui mais vezes \õ/

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