Fã Fic – Per Te Ci Sarò (Capítulos 53 e 54)

— Eu não vou conseguir, Liadan. — Ele disse, antes que eu chegasse até a cozinha.— Não vou conseguir sem você e você sabe disso.

— Piero, — falei de forma doce. Tentando sempre não chorar.— Você conseguiu até hoje, tenho certeza de que conseguirá daqui pra frente.
— Eu preciso de você!
— Me diz uma coisa. O que aconteceu nesse novo clipe de vocês para fazer todos comentarem sobre nosso término? — Ele continuou me olhando nos olhos, mas não respondeu.— Você beija outra mulher, não é?

Como ele não respondeu, cheguei a conclusão de que foi exatamente isso o que aconteceu. Agora tenho de me preocupar em exterminar o IL Volo da minha vida.
Sorri, mas não foi um sorriso falso. Não consegui identificar as sensações desse momento.

— Viu como você consegue viver sem mim?
— Lia, me desculpa, por favor. Eu…
— Nos vemos por aí, Piero. Afinal, temos uma família em comum. Se cuida.

Fui até a cozinha e encontrei Leah e Francesco encostados na parede, tentando ouvir a conversa. Eu ri. Pigarreei e eles levantaram assustados.

— Vamos, Leah? — Falei, rindo. — Você precisa de ajuda para lavar a louça, Franz?
— Não, Lia. Tudo bem. Você já me ajudou demais hoje. Eu acompanho vocês até a porta.

Peguei minha bolsa e desci com Leah, acompanhada de Francesco.

— Você volta quando? — Ele perguntou.
— Não sei. Vai ser difícil agora, mas te aviso qualquer coisa.
— Você está bem?
— Estou. Se precisar de ajuda com o pequeno é só ligar. Diz pra Dani que mandei um mega beijo e desejo melhoras.
— Ei.
— Hm. — Respondi tentando não falar muito. Sinto que vou desabar em lágrimas a qualquer momento.
— Olha pra mim.

Segurei na mão de Leah e olhei para ele tentando, dessa vez, piscar o mínimo possível porque cada piscada era certeza de descontrole das minhas lágrimas e não sei se, caso uma delas ouse escapar, saberei como controlar as outras.

— Hm. — Resmunguei, olhando pra ele.
— Vem aqui. — Ele falou, abrindo os braços na minha direção. Fiquei sem reação no início, mas retribui quando percebi que aquele momento estava me fazendo muito bem.

Tentei não chorar, e obtive sucesso. Fiquei muito tempo abraçada com Francesco, apenas deixando ele me envolver em um mundo diferente enquanto me abraçava.
Me afastei dele quando fiquei com medo de nunca mais querer soltá-lo.

— Grazie. — Falei, sorrindo.
— Você tomou a decisão certa, Lia.
— Será?
— Ele precisa de um tempo, e precisa aprender a lidar com essa ideia de namoro a distância. Só não vá se apaixonar por outro enquanto ele se adapta.
— Não acho que ele volta, Francesco.
— Ele volta sim, Lia.
— Não. Não volta. Ele precisa de um tempo para perceber que vou ficar bem sem ele por perto, me protegendo, me guiando. Quando ele tiver certeza disso, não voltará mais. Mas não tem problema, Franz. E é melhor você subir porque ele ainda não está preparado para isso e deve estar precisando de você.
— Lia! — Ele disse com a voz triste.
— Sim. — Passei a mão no rosto para limpar uma lágrima que decidiu escapar e me surpreendi por ter conseguido controlar todas as outras.
— Não se afasta de nós. Não muda.
— Você sabe que eu não consigo, Franz.
— Consegue sim, e é por isso que eu estou pedindo. Não se afasta de nós, de nenhum de nós, muito menos da Maria.
— Pode deixar, Franz. — Respondi forçando um sorriso.
— Eu trago ela, tio. — Falou Leah, acariciando meu braço. Por um momento eu até havia esquecido que ela estava ali. Francesco riu e a beijou na testa. Acabei rindo também e perdi o controle das lágrimas, que começaram a descer descompensadas pelo meu rosto. Continuei rindo para disfarçar. Franz me olhou com doçura.
— Se precisar de qualquer coisa, é só chamar — ele disse, quando eu já estava me afastando.
— Eu ligo. — Respondi, quando Leah me envolveu em um abraço pela cintura.

Passei a mão no cabelo dela, enquanto chorava, deixando Piero para trás.

A tarde com Leah foi extremamente produtiva. Eu precisava de um tempo com ela, e é incrível a forma como ela consegue entender tudo, mesmo sendo apenas uma criança.
Fomos ao shopping, a deixei escolher um vestido e uma sapatilha, é o gosto da parte feminina da família para roupas, depois paramos em uma lanchonete.
Enquanto ela comia, expliquei sobre todas as mudanças na minha e, consequentemente, na vida dela. Expliquei sobre minha mudança de casa, sobre os dias que ela pode me visitar, sobre como conversarmos, mas dediquei mais tempo a explicar sobre o término da minha relação com Piero. Para minha surpresa, ela entendeu, como sempre, muito bem. Imaginei que ela fosse chorar ou gritar, ou algo assim, mas não foi isso que aconteceu.
Assistimos um filme no fim da tarde e combinamos que ela usaria o vestido no dia da gravação do DVD. Combinamos também que ela irá com Antonella e os pais porque não poderei buscá-la.
Jantamos em uma pizzaria e a levei para casa. Não entrei para ver meu pai e pedi para que, aos poucos, ela fosse arrumando minhas coisas, separando, para quando eu as fosse buscar.
Voltei para a casa de Antonella, cumprimentei os pais dela na cozinha e desci para o quarto dela. A encontrei deitada na cama, com os fones de ouvido e o tablet erguido sobre o rosto. Assim que ela percebeu que eu estava descendo, tirou os fones de ouvido e se sentou.

— E aí? — Falou me dando total atenção e deixando o tablet de lado.— Como foi na sua casa?
— Um desastre total, como eu esperava. — Respondi, colocando minha bolsa no chão.
— E como foi com Leah? — Ela fez sinal para que eu sentasse ao lado dela na cama enquanto revirava a gaveta da escrivaninha.
— Foi simples. Ela sempre entende tudo.

Sentei ma cama ao lado dela e respirei fundo.

— Encontrei Piero. — Falei de olhos fechados. Deu para perceber que ela ficou surpresa.
— Sério? Onde?
— Primeiro na minha casa. Ele havia saído com Leah. Minha mãe contou que me colocou pra fora.
— Aquela bruxa! Odeio aquela mulher! Desculpa Lia, mas não sei como alguém chata como ela conseguiu casar com seu pai e ter as filhas que tem. Desculpa amiga, fugi do assunto. E o que ele disse?
— Não sei. Peguei Leah e saí correndo.
— Oh amore, vem aqui. Como você está?

Deitei no colo dela e comecei a chorar enquanto ela mexia no meu cabelo.

— Ele foi na casa do Francesco. Terminamos, Anty. Ele não volta, nunca mais. Está tudo acabado. Tudo foi perdido. Tudo em vão — assumi, chorando.

Ela não perguntou nada e apenas ficou mexendo no meu cabelo enquanto eu chorava, até conseguir dormir.

***

Mariagrazia.

— Eu ia saber sobre esse relacionamento quando? — Perguntou Piero, nervoso.
— Será que dá pra não gritar? Ele ainda deve estar na sala — falei em tom baixo. Fiquei nervosa também.— Se não der pra você nos levar pra casa do Franz, tudo bem. Eu dou um jeito.
— Levar vocês? — Ele perguntou, ignorando meu pedido para falar baixo.

Minha mãe entrou no quarto e fechou a porta.
Piero chegou em casa sem avisar e Alessio, meu namorado, estava conosco. Meus pais gostam demais dele. É um rapaz apenas um ano mais velho do que eu, muito educado, extrovertido. Gostamos de ficar juntos, nos faz bem. Francesco, a Dani e até mesmo a Lia já sabiam sobre ele, exceto Piero, pelo ciúme extremo e também porque ele tem estado estranho demais esses últimos dias.
Meus pais optaram por não ir na gravação do DVD do Tiziano, então a Lia deixou que eu usasse um ingresso para levar Alessio. Nós ficaremos na cada de Francesco pela manhã e iremos para Roma no começo da tarde.
Como Piero chegou de surpresa, descobriu sobre meu relacionamento com Alessio também de surpresa, e não gostou nem um pouco. Para dizer a verdade, estourou do nada.
Meu pai foi acompanhar o Alessio até a casa dele enquanto Piero dava um pequeno chilique no quarto.

— Eu ia saber quando?
— Piero, calma, filho — falou minha mãe, sempre doce demais.— Você tem a sua vida, seu irmão tem a dele e Maria está aprendendo a formar a dela. Nunca prendemos vocês e não vamos prendê-la.
— Eu detestei o rapaz!
— Você nem o conheceu! — Gritei, nervosa.
— Ele é um rapaz bom. Bem educado, gentil. Dê um tempo ao rapaz, Piero. O conheça primeiro.
— Não vou levá-lo até Bologna. Não mesmo!
— Nós vamos sozinhos. Não tem problema. — Falei, ainda nervosa.
— Vocês dois? Não mesmo! Vocês nem deveriam ir na gravação desse DVD!

Soltei uma risada irônica.

— Por quê? Por que você terminou com a Liadan?
— Está bom, Maria, — interviu minha mãe.— Não precisamos entrar nesse assunto.
— Não, mãe. Muito pelo contrário. Precisamos sim! Alguém precisa falar com ele.
— Falar o quê? Fala, Mariagrazia!
— É ridículo, Piero! Ninguém tem culpa do que você fez, então não desconta nas pessoas. Okay? Você nunca foi assim, então para!
— Maria! — Repreendeu minha mãe.
— Eu estou errado? É isso que você está dizendo?
— Eu? É o que todo mundo diz quando você não está perto.
— Foi ela quem terminou comigo. Ela!— Ele gritou. Minha mãe se assustou. Me assustei também.
— E por que será, né? Chega. Tenho que arrumar minhas coisas. — Falei, saindo do quarto dele e indo pro meu.
— Você não vai viajar sozinha com ele! — Gritou Piero, saindo do quarto e me seguindo.
— Por quê? — Soltei, gritando também.— Por que você tratou a Lia do jeito que tratou e acha que todo homem é assim? Que todo homem vai iludir uma mulher, dormir com ela e depois largá-la, como um objeto? Como um pedaço de papel usado? Vai sentir vergonha e descontar beijando uma desconhecida publicamente, estampando isso na cara de todo mundo enquanto as pessoas nem sabem que vocês terminaram, humilhando ela ao extremo?

Ele não falou nada. Ficou me olhando boquiaberto. Minha mãe, atrás dele, não me repreendeu.

— Quer saber, Piero? Nem todos os homens são assim. A maioria não é famoso, não viajo o mundo, não é um Piero Barone, mas sabe o mínimo, entende o mínimo, não saí por aí humilhando mulheres da forma que você fez. A maioria deles, sabe tratar as pessoas com carinho, sabe não ser um completo cretino. Mas tudo bem, como você disse, foi a Lia quem terminou com você.

Bati a porta do quarto com força quando entrei.
Sei dar o meu show quando realmente estou defendendo um lado, e me orgulho muito disso.
Continuei arrumando minhas roupas na mala, separando o que levar.
Demorou até minha mãe vir falar comigo. A conversa com meu irmão não deve ter sido fácil.

— Filha? — Falou quando entrou.
— Senhora. — Respondi, normalmente.
— Podemos conversar?
— Sim, senhora.
— Não vim defender o seu irmão, mas você não agiu certo.
— Eu sei mãe, não deveria ter falado com ele daquele jeito, mas ele também não precisava ter tratado a mim e ao Alessio daquela forma. E alguém precisa falar com ele de verdade.
— Eu entendo, meu amor. Mas você também tem que entender que ele não esperava isso de você.
— Ele está diferente, mãe. Ele não era assim.
— Eu sei, querida. É difícil para ele ver que você cresceu.
— Ele não está assim por minha causa, mãe. É porque a Lia deixou ele. Você acha que ela está errada?
— Não querida, não acho. Acredito que ela foi inteligente demais para tomar essa decisão da forma que tomou, completamente discreta. Seu irmão não percebeu isso, mas ela fez tudo pelo bem dele. — Ela me abraçou e descansei a cabeça nela.
— Ela não deve estar bem, mãe. Não tem mais ninguém. Francesco disse que a mãe dela colocou ela pra fora por causa dele.
— Sério? Eu não sabia disso.
— Ela não me contou também. Prometi pro Franz que não ia falar nada e esperar ela comentar.
— Ela não vai fazer isso.
— Por quê?
— Porque ela não deve querer que pensemos isso que você disse. Ela não vai contar para não acontecer o que aconteceu agora entre vocês: discordia e briga, divergências enormes de opinião.
— E para não deixar Piero com a consciência pesada — completei.
— Sim — concordou mamãe, fazendo carinho no meu cabelo.
— Ela precisa de nós, mãe.
— Ela deve estar precisando de todos, Maria.
— Será que ela viu o vídeo? O Piero beijando aquela Camila?
— Acredito que sim, meu amor. Como você disse, todo mundo está marcando ela nesse Instagram de vocês. E ela não vive em uma bolha.
— A senhora acha que ela vai esperar por ele?
— Acredito que ela vá esperar só até ele decidir.
— Ele vai demorar, né, mãe? Ele sempre demora.
— Ele pensa muito, Maria.
— E se ele decidir errado?
— Então cada um segue a sua vida e Piero lida com as consequências disso tudo.
— Não existe ninguém melhor pra ele, mamãe. Será que ele não percebe isso?
— Sabe o que eu acho? Acho que ele sabe, senão sequer teriam namorado, trazido ela aqui. Mas é tudo novo demais pra ele, tem ciúme demais no seu irmão e ela é uma moça muito linda, que chama muita atenção, e ele não sabe lidar com isso. Logo menos, ele vai perceber que não existe outra Liadan no mundo, e tudo vai ficar bem. Mas precisamos estar ao lado dele, entendeu? Ele precisa do nosso apoio.
— A senhora acha que eu preciso falar com ele?

Ela fez sinal positivo com a cabeça e beijou meu rosto.
Fiquei sozinha no quarto por alguns minutos, pensando em exatamente nada para ser sincera, até decidir falar com meu irmão sem ter planejado o que dizer.
Bati à porta, ele não falou, então abri e entrei. O encontrei deitado na cama, com o braço cobrindo o rosto. Não se mexeu quando eu entrei.
Me deitei ao lado dele e ele continuou imóvel.

— Desculpa, Piero — falei, baixinho.— Eu não devia ter falado com você daquele jeito.
— Eu mereci. Tudo bem. Você não mentiu em momento algum.
— Se precisar conversar, mas conversar de verdade, se precisar de alguém para escutar seus sentimentos, eu estou aqui. Sempre estarei aqui. Não vou te julgar, mas também não vou fingir que tudo que faz é certo. Mas parece que você não está conseguindo carregar essa cruz, esse peso todo sozinho. E não precisa, você sabe disso. Se quiser ajuda, se quiser dividir comigo, é só falar. Sou boa em guardar segredos.

Esperei ele dar algum sinal de que iria falar comigo, de que iria dizer qualquer coisa. Mas ele continuou calado. Então percebi que não ia adiantar ficar ali, esperando para poder abrir os olhos dele, e levantei para voltar ao meu quarto, mas ele falou quando fiz barulho ao abrir a porta, então voltei e sentei na cama, distante dele.

— Eu devia ter ligado — falou, baixo, lentamente, quase sem abrir a boca.— Passou uma semana inteira e eu não liguei. Eu não tinha dúvidas, nem uma sequer. Mas queria que ela ligasse, que ela falasse que precisa de mim. Fiquei nervoso quando passou dois dias e ela não ligou. Acabei beijando a Camila no clipe e pedi para que fosse colocado. Gianluca e Ignazio, todos, queriam cortar, mas insisti tanto que colocaram.
— Como você está agora? — Perguntei, medindo muito bem minhas palavras para parecer o mais imparcial possível, não jugá-lo e ainda assim conseguir ajudá-lo, enquanto cada fibra do meu ser tem vontade de pular em cima dele e soca-lo para ver se ele acorda.
— Acabado. Minha consciência está pesando tanto que estou com dor de cabeça.
— Você já pensou em pedir desculpa?
— Claro que pensei. Fui na casa dela no sábado, mas ela não quis falar comigo. Me ignorou e terminou tudo. E eu não posso culpá-la, até tentei, mas não consigo. Na situação dela, até eu terminaria comigo.

Tive de fazer muita força para não rir, simplesmente porque achei engraçada a última frase, mas eram os sentimentos do meu irmão então me esforcei o máximo possível.

— E já pensou no que fazer? Em como seguir em frente?
— Eu não vou seguir em frente. Eu não consigo. Sinto falta dela. Sinto falta de tudo.
— Liga pra ela, Piero.
— E falo o quê? Desculpa Liadan, mas eu sentia vergonha de quem você era. Mas eu te amo. E quero ficar com você. Podemos servir sorvetes juntos pelo resto da vida.

Não consegui segurar e sorri.

— Você acha isso tudo engraçado? — Ele perguntou, nervoso, tirando o braço de cima do rosto pela primeira vez para me olhar extremamente sério.
— Desculpa, mas foi engraçado sim. E acho que você devia fazer exatamente isso. Liga e deixa o coração falar, Piero. Sabe o que mais? Acho até que você deve ir conosco na gravação do DVD amanhã. O Gianluca e a mãe dele irão acompanhados de amigos e até o Ignazio e Alessandra irão e levarão a Caterina. Você deve ir, Piero! — Falei, tentando animá-lo.
— Fazer o que lá, Maria? Ela não me quer.
— Você acha isso mesmo? Sério? O seu coração te diz isso?
— E o que eu sinto.
— Piero, meu irmão, você sente muito errado! Levanta dessa cama, vai tomar um banho e escolhe uma roupa bonita para ir amanhã. Dá um jeito de conseguir um ingresso e não deixa ela ir embora.

Deu para ver o fiozinho de esperança tomando vida nos olhos dele.
Sorri.

Continua…
Fic atualizada em 2023.

5 comentários em “Fã Fic – Per Te Ci Sarò (Capítulos 53 e 54)

  1. Gente como não amar a Maria???
    Tomara a tudo se ajeite e q a Lia aceite esse amor de volta sei q ela é cabeça dura mais não tem como dizer a isso não é amor
    Posta mais nessa velocidade

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