Fã Fic – Per Te CI Sarò ( Capítulos 58 e 59)

Despertei assustada com o celular vibrando embaixo do travesseiro. Não ajudou muito ter sonhado que o prédio onde moro, na Itália, desabava com um terremoto.
Sonho mais idiota!
Chegamos em New York ontem a tarde, fomos direto para o hotel. Agradeci muito por não precisar dividir quarto com alguém. O quarto do Tiziano é ao lado do meu, e o de Gabi é bem em frente.
Nós saímos apenas para jantar, o que já quase acabou comigo porque se tem algo que detesto, antes mesmo de me atrasar, é a língua inglesa. Uma coisa é ouvir música em inglês, outra bem diferente é chegar aqui e ter que tentar descobrir o que esse povo fala juntando todas as palavras. Detesto! E admito que deveria ter dado muito mais atenção às aulas de conversação na escola, mas, em minha própria defesa, jamais pensei que usaria aquilo algum dia na minha vida. Por sorte, na maioria das vezes, Erica é quem se preocupa em falar com as pessoas e depois trás a informação até nós. Pelo menos nas entrevistas que estive presente consegui compreender todo o assunto porque foi falado pausadamente, devagar, devido todos saberem que, embora fale bem, aquela não é a língua mãe de Tiziano.
Apenas esse primeiro dia foi reservado à imprensa. Pela manhã, fui a companhia de Tiziano, à tarde, foi Gabi. Talvez tenhamos de participar de um programa enquanto estamos aqui, mas ainda não foi decidido.
Como tínhamos exatamente nada para fazer à noite, me permiti ficar deitada por mais um tempo, até porque eu definitivamente estou apaixonada pela cama.
Levantei só muito tempo depois, e fui direto tomar banho.
Não sei exatamente o porque, mas Tiziano não é mais o único cantor na minha playlist. Agora ele divide espaço com Justin Timberlake e Boyce Avenue. Mas admito que estou escutando pouquíssimo as músicas do Tiziano ultimamente. Acho que esse novo recomeço merece também uma nova trilha sonora.
Tomei banho ao som de Mirrors, repetidas vezes.

Gabi me mandou uma mensagem pedindo que o avisasse quando tivesse acordado. Avisei depois que saí do banho e dois minutos depois ele bateu na porta segurando duas sacolas enormes.

— Não temos o que fazer hoje –ele disse— e, se você não gostou de falar com o garçon no restaurante, vai detestar ligar a televisão.

Foi impossível não rir. Eu nunca gostei muito de ser a causa social da vida de Piero e agora sou a causa social de Tiziano, Gabi e Erica. É engraçado o jeito que eles se esforçam para não me deixarem sozinha, revezando discretamente as tarefas no período em que não temos compromissos à cumprir, pensando que eu não percebo.
O deixei entrar e nem me preocupei por estar usando apenas um pijama composto por short curto branco e regata branca e rosa. Eu não esperava ninguém mesmo.

— Trouxe a 10 temporada de Supernatural. Sua amiga me disse que vocês gostam, mas assistem mais The Vampire Diaries mas eu não curto muito, então vamos de Winchester, ta bom? Enquanto eu preparo as coisas, liga pras suas amigas, ou manda mensagem, alguma coisa. Elas já me ligaram perguntando se você estava bem e eu disse que estava, mas é sempre bom você dar um sinal de vida. Enquanto você liga pra elas vou arrumar as coisas. Trouxe uns cinco doces diferentes, a mesma quantidade de salgadinhos, umas coisas estranhas mas parecem gostosas e muita pipoca.

O observei jogar todos os pacotes em cima da cama e não aguentei não soltar gargalhadas. Ele me olhou sério.

— Sim, papai. Já volto. — Brinquei, pegando o celular. Ele ficou rindo.

Liguei para Maria três vezes, mas ela não atendeu, então decidi ligar para Antonella. Só então percebi que a questão do fuso-horário tem de ser levada em consideração. Decidi, então, mandar mensagem para as duas avisando que estava tudo bem. Aproveitei e mandei mensagem para Gianluca e a mãe dele também.
Assim que voltei, Gabi já havia apagado as luzes e a cama estava, literalmente, cheia de comida. Ele me entregou uma garrafa de refrigerante de 600ml e pulei em cima dele. Rimos muito.
Enquanto passava a abertura de sempre da série, aproveitei para tirar uma foto. Nossos rostos não apareceram, mas nossos pés e o monte de sacos de salgadinhos e pipocas estavam lá, junto à escrita “SUPERNATURAL” na televisão. Deixei Gabi publicar a foto pra mim, escolhendo a legenda, e me ocupei em comer a pipoca na minha frente.
Assistimos três episódios sem parar. Vimos, como sempre, Sam proteger o Dean e tentar trazê-lo de volta à vida humana, e Dean lutar e proteger o Sam do jeito dele. Esses irmãos.
Pedi uma pausa rápida para ir ao banheiro e, quando voltei, tive de tirar várias fotos com Gabi e não me preocupei em deixá-lo postar-las no meu Instagram.
Eu nunca me preocupo mesmo.
Não sei exatamente se Gabi dormiu durante os dois episódios seguintes, ou se foi quando me ausentei para ir ao banheiro novamente, mas quando voltei, ele estava dormindo.
Calmo, a respiração lenta e o semblante tranquilo. A barba sempre bem feita e o cabelo caído no rosto.
Tive dó de acordá-lo, mas olhá-lo me fazia lembrar muito de Piero. Do jeito que ele sempre está perto quando eu preciso. Do jeito que está fazendo tudo doer agora.
Respirei fundo e tentei deixar tudo de lado quando me deitei e voltei a assistir.
Não sei exatamente o que estou fazendo, mas sei que, no fundo, por mais que doa, é exatamente isso que deve ser feito.
Gabi nem se mexeu, e adormeci muito tempo depois.

***

Acordei assustada e suando. Não sei qual foi o sonho que tive, mas não parece ter sido bom.
Ultimamente, todas as noites têm sido de sono ruim e pesadelos.
Naquele dia fizemos a passagem de som e ensaio geral de manhã, andamos com Tiziano à tarde e fizemos o show à noite. Foi exatamente assim nos dois dias seguidos.
Como a participação de Tiziano no programa foi confirmada, teremos de dicar mais dois dias. Um dia livre, o outro para o programa e vamos embora à noite.

Eu estava separando uma roupa para vestir depois do banho pensando onde ir almoçar e o que fazer à tarde quando Tiziano entrou no quarto, sorrindo.

— Vai fazer o que hoje, Lia?
— Não sei ainda. Estou pensando em ir até aquele parque que vimos ontem. — Respondi de forma irrelevante.
— Quer sair comigo?
— E onde você vai?
— Visitar um amigo. E você vai gostar, pode ter certeza.
— É longe?
— Não. Saio em meia hora, tudo bem? Bate na porta do quarto quando estiver pronta.

Mal respondi que sim e ele já havia fechado a porta. Comecei a rir sem motivo enquanto continuei mexendo nas roupas.
Tiziano nem sempre fala onde vai, e muito menos se preocupa com o horário de voltar, como aqui só faz frio, optei por uma roupa mais quentinha mesmo.
Tomei banho, mas não lavei o cabelo porque já o lavei ontem antes do show. Parei na frente do espelho e me ocupei em fazer apenas um delineado preto de gatinho e passar máscara de cílios. Sempre acho que fica perfeito assim.
Coloquei uma calça montaria preta, uma camisa cinza escuro, a bota de cano baixo preta com o solado vermelho que Gianluca havia me dado e vesti também um sobretudo que ganhei de Gabi a dois dias atrás, quando fomos no shopping e ele implicou que nunca havia me dado um presente. Não consegui recusar porque eu simplesmente amei o sobretudo por ele ficar um pouco abaixo do meu joelho, ter a abertura dos bolsos em uma fina linha dourada e ser forrado com um tecido vermelho por baixo. É lindo.
O sol brilha lá fora, mas o vento é extremamente gelado e como meus lábios racham no frio é impossível sair sem batom. Não trouxe muitas opções então usei um tom de dourado, meio cobreado, matte. Me senti com cara de doente e acabei passando um pouquinho de blush para dar um ar de vida.
Quase perfeito.
Guardei meus documentos em uma bolsa pequena, preta, de lado. E parei na frente do espelho tentando descobrir o que estava faltando.
Depois de alguns segundos analisando meu reflexo de diferentes ângulos, peguei o cachecol preto com fios dourados brilhantes que estava em cima da mala aberta e dei apenas uma volta no pescoço.
Voltei a olhar meu reflexo.
Melhorou, mas ainda falta alguma coisa.
Coloquei meu óculos de sol preto e sorri.
Agora sim ficou perfeito.
Soltei meu cabelo e bati na porta de Tiziano.
Ele abriu todo sorridente mas só observei mesmo o chapéu preto, estilo o do Mickael Jackson e Justin Timberlake. Lindo!
Não pensei duas vezes e peguei o chapéu. Caminhei na direção do espelho e fiquei fazendo biquinho pro reflexo.
Agora sim ficou impecável!

— Eu amei! O que você acha? — Perguntei colocando a mão na cintura e fazendo biquinho pra ele. Ele riu muito alto.
— Está perfeito, pode usar! Vamos?
— Claro. Gabi vai também? — Passei por ele e o deixei segurar minha mão, rindo.
— Ele não quer ir. Vamos apenas nós dois. Vai ser bom. E, aliás, você está impecável, dona Liadan.

Encostei a cabeça no ombro dele e sorri.
Tiziano tem sido exatamente como um irmão mais velho: ele cuida, dá conselhos, briga e se preocupa. Consigo conversar muito com ele sobre meus sentimentos e escutar seus conselhos me ajuda a crescer e perceber onde estou errando. É ele quem mais está me ajudando a superar Piero e deixar tudo pra trás sem pedir nada em troca.
Ele sorriu e fiz biquinho quando encostei a cabeça no ombro dele para uma foto. Amo tirar foto com óculos de sol, mas Tiziano sempre fica perfeito!
A foto ficou tão linda que logo publiquei com a legenda: “Passeio rápido, nem sei pra onde, no dia de folga com o chefe ✌🏼️💪🏼👑 #inlove com esse sorriso para sempre 😍 #smile #chefe #tiziano #teamtzn #friends #newyork “.
Pensei algumas vezes e decidi colocar a foto como imagem de perfil também.
Tiziano se ocupou em me contar sobre todas as vezes que esteve em New York enquanto o taxista dirigia até o hotel que Tiziano havia pedido.
Quase meia hora depois, paramos em frente a um hotel super chique visto de fora. Uma estrutura enorme. Fiquei boquiaberta e me corroendo de curiosidade mas não perguntei nada à Tiziano.

— Ele também está em turnê. — Explicou Tiziano enquanto subíamos as escadas e um senhor abriu a porta para nós.— Está hospedado aqui e faz muito tempo que não o vejo. Ele mandou mensagem perguntando se eu tinha um tempo livre e cá estamos. Tiziano… — Ele falou voltado à recepcionista do hotel.
— Ah, sim. O senhor pode esperar no hall por favor. Ele já vai descer. — Respondeu a recepcionista e em seguida chamou um segurança para nos acompanhar.

Passamos ao lado das escadas e fomos direto para o final do corredor. Recebemos, cada um, um crachá de visitante e fomos aconselhá-los a deixá-lo sempre visível. O segurança abriu a porta e entramos em uma sala enorme. No centro, encostado à parede, um grande bar com quatro rapazes preparando bebidas para as pessoas que estavam sentadas ali. Três homens transitavam entre as mesas segurando bandejas. Havia, no mínimo, 15 mesas redondas e sofás de lado nas laterais da sala. Gostei da pintura em tom de caramelo e vinho. Gostei também dos quadros com fotos autografadas na parede. Com certeza eram de pessoas famosas, mas não conheci nenhum.
Tiziano me levou até o bar e nos sentamos, rindo de nada. Um rapaz alto, de pele bronzeada, rosto bem desenhado e cabelo preto arrepiado, parou na nossa frente.

— O casal já decidiu o que vai tomar? — Perguntou, em tom doce.
— Não somos um casal. — Respondeu Tiziano olhando pro menu de bebidas sobre a mesa.— Nada alcoólico, né, Lia?
— Por favor. — Respondi.
— Então vamos querer dois sucos de laranja sem gelo, por enquanto. Por favor.

O rapaz acenou positivamente e foi preparar as bebidas. Tirei o óculos de sol e Tiziano fez a mesma coisa.

— Gostei daqui. — Ele disse se inclinando pro meu lado.— E você?
— Estou decidindo ainda.

Ele sorriu. O rapaz voltou trazendo nossos sucos.

— Dois sucos de laranja sem gelo para o casal que não é um casal. — Ele disse.

Olhei feio pra ele, que me encarou nos olhos pela primeira vez. Por algum motivo ele sorriu, e tinha um sorriso muito bonito, mas continuei olhando nervosa pra ele.
Ridículo.

— Nós podemos nos sentar em outro lugar? — Perguntei à Tiziano.
— Por quê? — Ele perguntou de volta, curioso. Sempre sorrindo. Fiz careta e ele riu mais.
— Não gostei daqui. Já decidi.
— Não. Você só achou o rapaz bonito e arrogante. A culpa não é do lugar. E, para ser bem sincero, a culpa é sua.

Fiquei boquiaberta! Olhei abismada pra ele e ele bebeu um pouco do suco antes de se inclinar para mim e voltar a falar.

— Você é um desafio, pequena Lia. Um grande e complicado desafio. Em 90% do tempo, ninguém te entende. E aposto que nem você mesma se entende. Não me entenda mal, isso não é uma crítica. Muito pelo contrário. O problema é que você não sabe lidar com a atenção que atrai. Se sente desconfortável, dá pra perceber. Não é só a sua aparência, mas vai por mim, ajuda muito esses seus olhos, seu cabelo, seu corpo, mas o seu jeito de ser é o que atrai, entende? É como se estivesse escrito “mantenha distância” na sua testa, ou “proibido” nos seus lábios. Tudo que é proibido é mais desejável por ser mais perigoso. Todo homem adora desafios e todos querem um pouquinho de perigo na vida. Lamento dizer mas você é exatamente a mulher que todo homem procura e todos vão saber só de olhar pros seus olhos. Então aprenda a aproveitar isso, Lia. Não é ruim. Você tem que curtir a vida, sair, conhecer pessoas. Pegar o número do barman bonitão ali atrás — ele apontou pro rapaz que nos atendeu a pouco tempo. O rapaz percebeu e sorriu para nós.— e sair com ele. Afinal, você não tem compromisso com ninguém. É linda, desejável, mordível e consegue o homem que quiser.

Fiquei apenas olhando pra ele. Ele sorria, calmo, bebendo o suco e me olhando.
Respirei fundo umas três vezes seguidas.

— É o Piero, não é? — Ele perguntou se aproximando de mim, em tom doce.
— O que tem ele? — Me fiz de desentendida.
— Você não tem mais que se preocupar com ele, Liadan. Vocês não tem mais nenhum compromisso juntos.
— Tem certeza? Porque não é isso que eu sinto. Tenho medo de magoá-lo, de fazê-lo sofrer.
— Liadan, olha pra mim. — Ele me fez olhá-lo nos olhos. Nada de sorrisos.— Ele não se preocupou quando beijou aquela mulher. Ele não se preocupou em te deixar esperando por uma semana. Ele não se preocupou com você naquela entrevista. Ele não estava nem aí pros seus sentimentos. Você deve exatamente nada à ele, entendeu? Viva a sua vida, Liadan. A sua. Ele teve a chance de viver a dele com você e não quis. Você tem que superar isso e seguir em frente. Na direção daquele barman bonito que está vindo na nossa direção. Com os olhos em seu objetivo e….

Ele sorriu e no segundo seguinte o rapaz parou na nossa frente. Me assustei.

— Apostei com meus amigos — ele disse apoiando os ombros no balcão e se inclinando pra frente, apoiando o rosto sobre as mãos, para ficar da nossa altura — que você é diferente das patricinhas que aparecem por aqui, até porque o seu sotaque mostra que nem daqui você é. Europa? Acertei?
— Sim. — Respondi sem empolgação.
— Amigos? — Ele perguntou, dessa vez para Tiziano que já havia terminado todo o suco dele e estava tomando o meu.
— Sim. E também trabalhamos juntos.
— Ele é meu chefe. — Respondi apontando pra Tiziano. Ele riu.
— Então estão aqui à trabalho?
— Sim. Vamos embora amanhã à noite. Então se for pedir o telefone dela, pede logo.

Olhei boquiaberta pro Tiziano mais uma vez. Fiquei imóvel e sem reação. O rapaz abriu um sorriso bem grande mas estava com tanta vergonha quanto eu.
Ficar caminhando no sentido oposto não vai ajudar muito. E Tiziano é capaz de me bater se eu continuar desse jeito.
Siga no caminho oposto à Piero, Liadan!

— O que você apostou com seus amigos? — Perguntei, moldando o sorriso mais natural que eu consegui naquele momento.
— Sou novo aqui. Ainda estou em fase de teste. — Ele virou de costas e as palavras ” Em Aprovação” estava escrita bem grande na camiseta.— Preciso da indicação deles para ficar.
— E eles querem te fazer passar vergonha? — Perguntei.
— Basicamente isso. Eles se divertem com essas coisas. Mas não estou passando vergonha, pelo menos não dessa vez. Gostei da conversa, moça. Desculpa o incomodo.

Ele sorriu e pegou os copos que estavam na nossa frente e foi para o fundo do bar. Um outro rapaz que parecia bem mais velho se aproximou de nós, rindo e olhando para o rapaz que estava conversando comigo.

— Você só tem mais dois dias. — Ele disse alto, rindo muito.

Meu coração doeu, mas não sei exatamente se foi por causa do rapaz ou com medo do que eu estava decidida a fazer.
Respirei fundo.

— Moço! — Chamei pelo rapaz que estava na nossa frente. Ele sorriu.
— Sim, meu amor.

Desejei fuzilá-lo, mas respirei fundo e sorri.

— Você pode chamar aquele rapaz ali — apontei para o que estava conversando comigo —, por favor?

Ignorei Tiziano me olhando como se eu fosse um ET.

— Claro, meu bem. Tudo o que você quiser. — Ele piscou. Tive vontade de vomitar.— Novato! A moça está pedindo outra bebida.

Mantive meus olhos fixos no rapaz que largou os copos e voltou na minha direção com cara de desentendido.

— Ainda de laranja? — Ele perguntou quando de aproximou. Sorri.
— Você me empresta a sua caneta?

Ele me olhou sério por alguns poucos segundos, até eu sorrir novamente e ele decidir me entregar a caneta que estava no bolso do avental que ele usava.
Eu não sabia exatamente o que estava fazendo e decidi não pensar nisso nos próximos minutos.
Ele me entregou também o bloquinho de anotações dele.

— Qual o seu nome? — Perguntei arrancando uma folha do bloquinho.
— Dean. — Ele respondeu sério. Tentei não rir. Em vão.
— Como o do Supernatural? — Dessa vez foi ele quem riu.
— Exatamente como o Winchester. Nunca encontrei uma garota que fizesse essa associação.
— Você não deve conhecer muitas garotas então. Tem namorada, senhor Dean?
— Ainda não.
— Ótimo.

Terminei de anotar meu número no papel e dobrei a folha ao meio, mesmo sabendo que esse não deve ser o nome verdadeiro dele.
Me inclinei para frente e segurei a folha em uma mão e a caneta com o bloquinho na outra..

— Bem, Dean, me chamo Liadan, e ele é o Tiziano. Sou bailarina dele e amanhã estaremos viajando para outro país para cumprir nossa agenda de shows. Não posso fazer muito por você, mas… — me inclinei mais ainda sobre o balcão e fiz sinal para ele se aproximar de mim. Falei baixo.— espero que isso ajude você a ganhar a aposta. — Falei baixo ao ouvido dele e entreguei o papel. Ele sorriu e virou para mim. Perto demais.

Ah, dane-se tudo!
Me inclinei mais para frente e encostei os lábios nos dele por demorados segundos
Um choque percorreu meu corpo.
Me arrepiei.
Respirei fundo quando nossos lábios não estavam mais se encontrando.
É estranho e totalmente diferente beijar alguém sem estar nutrindo algum tipo de sentimento, sem a intenção de um futuro juntos. Sem responsabilidade.
Não foi ruim, foi… uma experiência nova. Talvez eu a repita mais algumas vezes só para tentar afastar cada vez mais a imagem de Piero na minha mente.
É inacreditável como as coisas giram, giram e giram, e quando penso que Piero está o mais distante possível a realidade coloca ele na minha frente. Quanto mais eu me afasto, mais perto ele está.
Isso me irrita!
O rapaz não parava mais de olhar para nós e sorrir.
Cada louco com suas loucuras.
Tive de aguentar os sorrisos bobos de Tiziano.

— Essa é a minha Liazinha. — Ele disse fazendo carinho na minha perna. Descansei o rosto no ombro dele e usei um canudo para tomar o suco.— É assim que começa e, quando você menos esperar, já terá esquecido aquele rapaz.
— Tiziano!! — gritou uma voz, por incrível que pareça, conhecida.

Me afastei de imediato, como sempre, rindo do sotaque desses americanos ao pronunciarem o nome de Tiziano. Nunca fica tão bonito quanto o sotaque italiano, não adianta.
Tiziano levantou e continuei sentada.

— Essa é a Liadan, — disse Tiziano — de quem comentei, lembra?
— Claro! É. Você não exagerou mesmo. — Ele sorriu e me cumprimentou com um beijo no rosto. Fiquei parada, claro.— Vamos nos sentar no sofá?

Justin insistiu que queria ficar no meio.
Até entendo ele ser super simpático com Tiziano, afinal, eles são amigos de longa data, só não entendo ele me tratar como se fôssemos amigos de infância.
Não entendo, mas adoro muito.

Minha barriga doía muito de tanto rir. Ouvi sobre quando eles se conheceram, as palhaçadas quando se encontraram durante as turnês e, claro, mais ainda quando Justin tentava falar em italiano com aquele sotaque super fofo dele. Talvez ele pense exatamente o mesmo do nosso sotaque quando puxamos o “r”, ou insistimos no “tsi” quando lemos, aleatoriamente, uma palavra que tenha a letra “z”. Começo a acreditar que vou achar lindo todos os sotaques do mundo tentando falar em italiano. Talvez todo o mundo seja assim, não sei.
Perdi as contas de quantas vezes o garçon voltou trazendo comida e bebidas, mas agradeci muito por eles não terem insistido em tomar bebidas alcoólicas. Não sei porque, mas detesto o quesito bebida alcoólica. Talvez eu mude com o tempo e me torne uma senhora legal, ou talvez piore e vire uma velha rabugenta cercada de gatos. A segunda opção me apavora.

— E você, Lia? Como é viver com essa figura? — Perguntou Justin. Tiziano riu.
— É bom. É como poder viver com um melhor amigo.
— Sabia que foi eu quem deu a ideia de deixar os fãs fazerem tudo no DVD de vocês?
— Sério? Eu não sabia!
— Ficou perfeito! — Disse Tiziano.
— Foi super coincidência Gianluca ter cantado uma música dele? — Perguntei pro Tiziano.
— Você escolheu o Gianluca e ele escolheu a música.
— Vocês cantaram uma música minha? — Perguntou Justin.
— O amigo da Lia também é cantor de um grupo bem famoso. Parece que ele gosta muito das suas músicas. — Respondeu Tiziano.
— Gosta muito? Ele não para de ouvir Can’t Stop The Feeling. Sempre, sempre e sempre canta essa música nas entrevistas. É fofo!
— Qual o nome dele?
— Gianluca. Ele é um dos vocalistas do IL Volo, você não deve conhecer mas eles cantam muito bem.
— Que bacana! — Respondeu Justin, animado.— Podemos gravar um vídeo pra ele. O que você acha?
— Acho que ele vai adorar. Podemos mesmo?
— Claro!

Eu queria pedir isso desde que ele me cumprimentou mas fiquei com receio. Agora que ele deu a ideia, o melhor é aproveitar mesmo.
Peguei o celular na bolsa e coloquei na tela de gravação frontal.
Iniciei a gravação focando apenas em mim.

— Ciao! Siamo qui… dove siamo? — Perguntei a Tiziano, mas ele começou a rir e não conseguiu parar. Justin acabou acompanhando-o nas gargalhadas. Foi impossível não rir junto.— Enfim, estou aqui em New York, com Tiziano e… Um amigo novo. — Fiz cara de surpresa e virei um pouco a tela do celular para que Justin aparecesse também, ao meu lado.
— Can’t stop the feeling…— Ele cantou, assim que apareceu. Todos rimos.— Olá Gianluca. É assim que pronuncia? Gianluca? — Fiz sinal positivo com a cabeça e ele continuou.— Gianluca do Il Volo. Eu sou o Justin Timberlake e estou aqui com a sua amiga linda. Obrigado por gostar da minha música e por canta-la sempre. Espero que nos encontremos em breve.
— Para uma parceria, hein! — Falei rindo, Justin riu também.
— Claro! Por quê não? — Ele respondeu.— E podemos colocar o Tiziano também.

Todos começamos a rir.

— É isso, Gianlu. — Falei, rindo.— Beijos pra você, pra Mariagrazia e pra Antyh.
— Um grande abraço Gianluca. — Falou Justin, acenando.— Mariagrazia e Antyh, beijo pra vocês. — Ele soltou um beijo no ar. Quase morri com tanta fofura. Tiziano acenou e encerrei o vídeo.

58 segundos exatos. Por sorte deu para publicar inteiro no Instagram.
Não aguentei e coloquei a legenda: “Diretamente de New York para Gianlu, Maria e Antyh. Espero que vocês gostem e…. I can’t stop the feeling 🎶 ❤️ #inlove #justintimberlake #tizianoferro #gianlucaginoble #cantstopthefeeling #newyork #newfriend “
Justin acompanhou cada palavra que eu digitava com a cabeça apoiada no meu ombro. Tão impecavelmente fofo.
Tiziano, como sempre, sorriu e Justin e eu fizemos biquinho para tirar uma foto. Ele ainda estava com a cabeça apoiada no meu ombro. Continuamos tirando fotos juntos enquanto Tiziano foi ao banheiro. Ele pegou meu chapéu, que na verdade é de Tiziano, colocou nele mesmo, pegou o celular da minha mão, colocou o braço envolta do meu pescoço e beijou minha bochecha. A foto ficou perfeita. Em outra, saimos sorrindo com o rosto grudado um no outro. Tão fofo. Mas a minha favorita foi a que ele saiu piscando e fiz cara de surpresa. Ficou muito engraçada e a usei como foto de perfil no instagram.
Em seguida publiquei a foto que tiramos com Tiziano usando a legenda: ” ❤️❤️❤️ #friends #newyork #tzn #jt #love “ Marquei Tiziano e Justin, claro.
Recebi a notificação de follow do Justin. Fofo demais.
Publiquei a foto que ele está beijando minha bochecha com a legenda: “Impossível não amar. Cercada de pessoas inacreditavelmente perfeitas. Obrigado por tudo, Tiziano. Estou apaixonada por ele 😍 #jt #newyork #friends #fofura “

— Cadê o violão, Justin? — Perguntou Tiziano quando voltou.
— Eles tem violão aqui.
— Pra que o violão, rapazes? — Perguntei.
— Sempre cantamos um pouco quando nos encontramos. — Respondeu Tiziano.
— Não sei exatamente o porque, mas virou tipo um ritual, sabe? — Falou Justin, rindo. Ele chamou o garçon e pediu o violão, o rapaz não demorou para trazer um violão preto e o entregar à Tiziano.— Você canta, Lia?
— Não. Não. De jeito nenhum.
— Já vi você cantando e sua voz é bonita. — Falou Tiziano, ajeitando o violão.
— Não mesmo.
— Quem está conosco também tem que cantar. — Falou Justin, rindo.
— Mas eu não sou cantora, vocês são. Sou dançarina e nada mais do que isso.
— Ela vai cantar e pronto. — Falou Justin, rindo.— E não discuta comigo.

Não falei nada, mas não vou cantar mesmo.
Um garçon veio até nós e perguntou se não queríamos cantar no pequeno palco deles que, na verdade, é apenas um quadrado mais alto, como um degrau grande, no canto oposto ao sofá que estamos sentados. Tiziano e Justin concordaram de imediato. Justin me acompanhou e colocou banquinho, como os do bar, para nós três no palco.
Dessa vez, eu sentei no meio.
Pelo menos o bar não estava tão cheio. Deveria ter umas quarenta, cinquenta pessoas no máximo.
Fiquei quieta, rindo do nada, enquanto Justin se apresentava e apresentava a mim e a Tiziano também, explicando que eles são amigos e vão cantar apenas três músicas, no máximo, porque costumam fazer isso. As pessoas pararam para prestar atenção.

— Quer escolher a música, Lia? — Perguntou Tiziano. Fiz sinal negativo com a cabeça. Ele riu.— Escolha você, Justin.
— Give Me Love, do Ed Sheeran. Sabe essa?
— Claro que sei.

No início, pensei que não conhecia a música mas, depois do refrão, lembrei que já ha havia escutado… Onde?… Não sei. Não sei… Damon e Elena. The Vampire Diaries.
Lembrei de quando Antonella disse que eu precisava de alguém como o Damon, e que Piero era essa pessoa. Quer éramos perfeitos um para o outro. Meu coração bateu acelerado demais e minha respiração ficou complicada, antes de Tiziano terminar de cantar, consegui fazer tudo voltar ao normal. Exceto pela vontade de chorar, que não me abandonou quando ele terminou e Justin foi o primeiro a começar a aplaudí-lo.
Não consegui me concentrar na música que Justin cantou, sequer consigo lembrar qual foi a música escolhida.
Que merda, Piero! Sai da minha mente, que coisa!

— Lia? — Perguntou Justin, colocando a mão na minha perna e me trazendo de volta à realidade.
— Han? Sim. Que foi? — Todos começaram a rir.
— Sabe tocar?
— Sei mas faz muito tempo que eu não toco.
— Sabe alguma música?

Revirei minha mente e lembrei de quando Antyh começou a fazer as aulas de violão dela e ficamos ensaiando por um mês inteiro uma única música até ficar perfeita. O dia inteiro, todas as notas. Ainda consigo ver a partirura na minha mente.

— Sei uma.
— Ótimo. É a sua vez.

Quando percebi Justin já havia colocado o violão sobre a minha perna e eu já estava tocando algumas notas aleatórias para refrescar a memória.
Não era eu quem não iria cantar? Não mesmo?
Eu não sou normal, meu Deus.
Toquei mais algumas notas e, quando tive certeza de que conseguiria tocar a música inteira, parei.

— Vocês me ajudam, né? — Perguntei para Tiziano e Justin. Eles riram e fizeram sinal positivo.— Nunca fiz isso, não esqueçam. E não me julguem também.

Todos riram comigo. Esperei alguns segundos e comecei a tocar os acordes de uma música que o Justin, com certeza, conhece muito melhor do que eu. Não tinha pensado nisso até agora.
Justin reconheceu a música nas primeiras notas. Sorri quando ele bateu as mãos no alto e soltou um gritinho de felicidade.

You are my fire… — Comecei, quase tremendo.
The one desire. — Justin me acompanhou, sorrindo. Ele piscou, me incentivando e não cantou mais.
Believe when I say I Want It That e Way. But we a two worlds apart. Can’t reach to your heart when you say that I want it that way…

Não sei exatamente se não acredito mais em destino. Por algum motivo, essa é a única música que sei tocar a partitura no violão e, por algum motivo, a letra se encaixa perfeitamente em tudo que estou vivendo. Isso não me parece normal, nada mais me parece normal.
Consegui ver Piero na minha frente moldando aquele sorriso de lado que tanto acaba comigo me esforcei demais para não chorar.

Tell me why ain’t nothin’ but a heartache. Tell me why ain’t nothin’ but a mistake. Tell me why I never want to hear you say I want it that way.

Agradeci muito quando Tiziano começou a cantar comigo na segunda vez que repeti o refrão.
Não consegui conter as lagrimas e nem me preocupei com as pessoas filmando.

Am I, your fire? Your one desire? Yes, I know, it’s too late but I want it that way.

As lágrimas já desciam sem controle pelo meu rosto. Isso tudo não estava me ajudando em nada.

…No matter the distance I want you to know that deep down inside of me…
You are my fire. — Tiziano me ajudou enquanto eu chorava.
The one desire. — Continuou Justin.
You are, you are, you are…
Don’t want to hear you say… — Continuo Justin quando percebeu que eu não conseguiria continuar sozinha. Tanto ele, quanto Tiziano, me ajudaram no refrão final, repetido trêz vezes.

Ignorei as pessoas aplaudindo, ignorei também Tiziano e Justin. Levantei e deixei o violão na mão de Tiziano, perguntei ao garçon onde era o banheiro e disse que voltava logo.
Me tranquei no primeiro box. Abaixei a tampa do vaso e sentei. Parei de chorar, mas o vazio dentro de mim crescia cada vez mais.
Contei até 118, foi quando bateram na porta do banheiro. Eu já estava calma, sem lágrimas mas provavelmente com o delineado borrado.

— Lia? Você está bem? — Perguntou Justin. Me assustei porque eu esperava Tiziano.
— Estou. Cadê o Tiziano?
— Está lá fora. Ele queria vir, mas insisti muito para que me deixasse vir no lugar dele.

Abri a porta e ele me fitou com aquele olhar de dó típico que eu já conheço. Será que isso nunca vai mudar? Ele moldou um sorriso discreto. Sorri também. Fui até o espelho e, para minha surpresa, nenhum vestígio de que eu havia chorado. Nada de olho borrado, ou avermelhado. Soltei um sorriso maior ainda para o meu reflexo. Isso sim é alguma coisa, Liadan.
Achei estranho a vontade de chorar e a tristeza terem ido embora rápido demais, mas foram. E eu estava realmente bem.

— Você não pode entrar aqui. — Falei, rindo.— É banheiro feminino senhor JT.
— JT? — Ele sorriu.— Gostei. Aliás, posso sim, tenho permissão do garçon lá fora. Você está bem mesmo?
— Estou. Já passou. Vamos? Tiziano deve estar querendo me matar.

Justin caminhou bem atrás de mim, com a mão na minha cintura. O toque dele, por mais que uma mínima camada de tecido mantenha nossa pele distante uma da outra, faz meu braço ficar arrepiado.
Ele parou no bar e pediu para o barman levar três whisky para a mesa na qual estamos. Espero realmente que sejam todos para ele.
Dessa vez, tive de me sentar entre Tiziano e Justin. Tiziano riu quando me sentei.

— Como se sente tendo de ser escoltada? — Perguntou, ainda rindo.
— A coisa mais normal do mundo. Todo mundo faz isso sempre.
— Mas dessa vez a escolta é diferente. — Falou Justin, rindo.
— Lia, você quer falar sobre o que aconteceu?
— É claro que eu quero, Tiziano! Como é que você me deixa cantar na frente das pessoas? — Eles riram mas eu estava falando sério.
— Você não canta mal, Liadan. — Disse Justin.
— Eu não canto. Apenas escuto. Nunca mais façam isso comigo. Nenhum dos dois.
— Não prometo nada. — Eles disseram em uníssono. Acabei rindo. Não consigo ficar nervosa com Tiziano, muito menos com Justin.

O garçon trouxe os whisky e deixou na nossa frente. Os copos eram baixos, mas bem gordinhos. Parecia ter bastante líquido ali dentro, mas acho que o gelo ajuda no ilusionismo, como quando vamos no MC e os atendentes preenchem os copos com 60% de gelo, nesse caso a estratégia é pedir sem gelo, afinal já vem gelado e fica bom do mesmo jeito, mas não sei se esse líquido meio amarronzado vai ficar bom sem gelo. Lembrei do Damon na série The Vampire Diaries. Ele sempre bebe isso demais, e sempre faz caretas horríveis. Não deve ser bom de forma alguma. Ele sempre termina bêbado mesmo.
Observei Justin empurrar um copo na direção de Tiziano e outro copo parou na minha frente. Fiz careta e eles riram.

— Você já tomou algum tipo de bebida alcoólica na vida, Lia? — Perguntou Tiziano.

Revirei minha memória. Uma vez, Scott me obrigou a tomar um martíni de morando, mas acredito que não seja considerado bebida alcoólica.

— Não. Nunca. — Eles riram.
— É o seguinte: você vai achar amargo demais no começo, mas se acostuma. Não é doce como vinho. — Falou Tiziano.
— Eu não vou tomar isso. — Cruzei os braços. Eles riram.
— Parece que não, mas ajuda muito a superar isso que você ta passando. — Falou Justin, calmo. Ele fitava o copo como se conseguisse enxergar algo que eu não consigo.
— Isso o quê? — Me fiz de idiota.
— Esse vazio. Essa tristeza. Essa vontade de chorar. Tudo isso passa. Você aprende a não se preocupar com muita coisa.
— Prefiro me preocupar. Prefiro ter a dor bem viva e constante para me lembrar sempre onde errei e não voltar a cometer o mesmo erro. Para mim, essa tristeza e esse vazio são importantes.
— Viu? Eu disse que ela não existe! — Falou Tiziano, sorrindo.
— O que aconteceu? — Perguntou Justin. — Quem é ele?

Respirei fundo. Contei até dez e contei toda a história. Toda mesmo, inclusive sobre aqueles rapazes que me perseguiam após o término com Scott e quando Piero me ajudou. Contei tudo mas, dessa vez, não me sento agradecida ao terminar. Me senti com raiva, me senti idiota por ter acreditado mesmo quando ele disse que me amava, que nunca me deixaria. Eu sou muito idiota mesmo!

— Ele tem o nariz estranho. — Falou Justin, ao ver uma foto que Tiziano mostrou pra ele. Tiziano riu.
— Ele é italiano. Para vocês, todos nós temos nariz estranho.
— O seu nariz e o da Lia são normais. O dos outros rapazes no grupo também. O dele é estranho. — Tiziano riu mais uma vez.
— Ele parece ser um cara legal, não sei o que aconteceu pare ele tratar a Lia daquele jeito. — Disse Tiziano.
— Vocês, italianos, são complicados. A fama dos homens da terra de vocês diz que nenhum pode ver um rabo de saia. Talvez isso tenha acontecido.

E o quebra-cabeça se moldou. A pecinha que faltava. Justin estava certo. Piero simplesmente me deixou plantada enquanto fazia o que queria da vida, ficava com aquela mulher que esqueci o nome, e sabe-se lá Deus quantas outras, achando que ao voltar estaria tudo perfeito e eu o esperaria cheia de bebês em casa enquanto ele corre o mundo fazendo um bebê em cada país.
Que raiva!
Olhei para o copo de whisky parado na minha frente, com o gelo já derretendo. É bom que essa coisa ajude mesmo.
Bebi tudo de uma vez, mas não tinha gosto tão amargo quanto eu esperava.

— Nós podemos mudar de assunto? Passado é passado. — Falei.

Por algum motivo, não sei qual, Tiziano e Justin estavam rindo e batiam no meu ombro enquanto isso.
Engraçados.
Não bebi mais nada, a não ser um copo de suco de uva, depois daquilo.
Tive de aguentar dois rapazes vindo nos incomodar.

— Você pode me passar seu telefone?— Perguntou um deles.
— Posso te pagar uma bebida? — Perguntou o outro.

“Claro que não. Eu estou com amigos!” Era para estar estampado na minha cara, mas Tiziano decidiu entrar em ação.

— Ela está conosco. Quem sabe outro dia? — Ele disse.
— É. Talvez… Nunca. — Completou Justin.

Fiquei simplesmente encarando a mesa. Eu queria rir, mas não fiz isso.

— Sério! Como é que você sai com ela? Ninguém respeita ninguém hoje em dia.
— Na maioria das vezes, fingimos ser um casal. Caso contrario, é assim mesmo.

Conversamos muito, depois disso, sobre os projetos futuros dos dois. Tiziano começou falando sobre os países que nos aguardam e o término da tour na Itália. Justin contou que está parado na gravação de um clipe porque não gostou de nenhuma modelo/atriz que a gravadora escolheu até agora e está dedicando 98% do tempo a gravação do novo CD, em estúdio, que deve ser lançado em quatro, cinco meses no máximo. Meus planos…bem, se resumem a Tiziano durante os próximos meses e Deus sabe o que fazer depois disso.
Já passava das 23h quando Justin pediu para que tirássemos uma foto, todos juntos. Ele estendeu a mão com o celular e apoiei a mão sobre o ombro dele, descansando o queixo, Tiziano colocou a mão no meu ombro e sorriu. Justin elaborou um sorriso de lado muito fofo e fiz biquinho enquanto fechava os olhos. Parece que só sei tirar foto assim agora.
Nos despedimos de Justin, mas trocamos números antes disso, e voltamos, extremamente cansados, para o nosso hotel.
Agradeci a Tiziano pelo dia maravilhoso e beijei o rosto dele quando pediu desculpas por ter me feito chorar. Como se alguma coisa tivesse, de fato, sido culpa dele.
Logo entrei no meu quarto e fui direto para o banho. Longo. Demorado. Relaxante. Pensando em exatamente nada, apenas sentindo a água cair sobre o meu corpo. Quente. Acolhedora. Confortante.
Deitei e peguei o celular. Coloquei o despertador para alarmar às 09h15, sabendo que tenho até às 09h30 para levantar. Revirei minha agenda, procurando nada especificadamente, e parei no nome de Piero. Nunca fui boa com números, acho que, por via das dúvidas, é bom apagar o nome dele dos meus contatos.
Pensei nisso algumas vezes e acabei apagando.
Não apaguei Piero apenas dos meus contatos, apaguei toda e qualquer esperança de que um dia tudo volte a ser como era.

Continua..
Fic atualizada em 2023

5 comentários em “Fã Fic – Per Te CI Sarò ( Capítulos 58 e 59)

  1. A história está muito legal, cada capitulo que acabo de ler da vontade que logo venha o próximo. Nos capitulo 55,56 e 57, Piero disse — É, você é orgulhosa, mas eu não desisto fácil do que quero. Lembra? Não vou desistir de você, Liadan. Vou te reconquistar, pode ter certeza.
    Se ele disse isso porque ainda não ligou ou mandou uma mensagem. Porque ele está tão distante.
    A Liadan tem que largar este orgulho e pensar nas vezes que encontrou Piero e ele pediu perdão, já está na hora dela ver isso porque um homem assumir o erro e pedir perdão e um grande homem.
    Só falta Piero chegar perto dela e cantar a música Et Queda Tant Per Viur. Se ela resistir e porque não ama.
    Que venha logo o próximo capitulo.

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  2. Gente morta com esse capítulo
    Timberlake todo carinhoso
    Pensei q ele ia dar uns pegas na Lia
    Gostei da atitude dela em beijar o carinha
    Mais me senti triste pq ela ainda ama o Piero e não aceita isso.
    Quero elea juntos de novo
    Pfv
    Tô amando essa turnê e acho q ainda haverá muitas emoções.
    Pro Piero reconquistar a Lia ele vai precisar de ajuda
    Acho q ele terá q convencer o Tiziano a ajuda lo
    Como fazer isso não sei ainda
    To ansiosa

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  3. Estou cada vez mais apaixonada pela historia ❤
    O melhor da história é mostrar que eles também tem defeitos, que também cometem erros.
    E por mais que eu adore eles dois juntos, já tava na hora da Liadan deixar o Piero de molho kkkkkkkkkk
    Continua que tá fantástica a história! Só não demore muito pra postar porque a gente fica numa agonia louca aqui T—–T
    bjs ❤

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