Fã Fic Per Te Ci Sarò (Capítulos de 60 a 66)

Não vou mentir, eu estou gostando demais dessa nova etapa da minha vida. Viagens e mais viagens, uma semana, dois, três países diferentes. Pessoas e mais pessoas parando para fotos, risos, palhaçadas. Tiziano e Gabi fazendo brincadeiras. Outro dia, quando estávamos indo do Paraguai para o Brasil eu peguei no sono durante o voo e Tiziano e Gabi desenharam um gatinho no meu rosto, igual à quando fazemos com as crianças, um triângulo no nariz, três retas em cada lado da bochecha e as orelhinhas sobre a sobrancelha. Até aí, tudo bem, o problema foi que ninguém me avisou, e só percebi quando desembarcamos e parei para tirar foto com um rapaz. E lá estava eu, tirando fotos, enquanto todos riam, com gatinho desenhado no rosto. Não fiquei brava, foi muito engraçado. Claro que fotos tiradas enquanto eu estava dormindo e eles desenhavam foram parar no instagram de Gabi. Roubei uma para republicar e saí caçando, nas fotos que fui marcada, a que o rapaz tirou comigo, o Tiziano e o Gabi para republicar.
Também é extremamente fácil encontrar fotos que nós brincamos com Tiziano. Por exemplo, quando estávamos no México e eu impliquei que ele tinha de fazer a barba e, como ele não queria fazer, enquanto ele dormia nós jogamos spray de barbear no rosto dele. Ele não ficou nervoso, e fez a barba naquele dia. Mas a brincadeira, começou, na verdade, com Tiziano. Enquanto eu tomava banho, em Miami, ele entrou no quarto e pegou todas as minhas roupas, deixando apenas a toalha, ele tinha levado até o meu celular. Não teria sido um problema se o meu quarto não ficasse 10 quartos distante do dele e ele não demorasse para abrir a porta, gravando tudo. Quase o matei, claro, mas passou. Depois fiquei sabendo que ele havia pego os celulares, carregadores e notebook do Gabi. O coitado estava quase indo comprar outros quando Tiziano devolveu.
Os dias são assim. Divertidos, gravando programas, divulgando o novo trabalho e conhecendo amigos de Tiziano.
Justin manda mensagem quase todo dia. Nós conversamos muito e ele é bem mais legal do que eu pensava. A única coisa ruim, nisso tudo, é que já estou quase enlouquecendo de vontade de abraçar Antonella e saber as novidades. Ela disse que Roberto a pediu em casamento. Está tão feliz. E eu estou tão feliz por ela. Quero muito vê-la, abraça-la e ouvir as broncas, como sempre. Quero muito ver Leah. Acho que ela deve ter mudado muito durante esses três meses e meio. Preciso ver a Maria, o namorado terminou com ela e não estou conseguindo ajudar muito nas conversas por vídeo. Ela chora e eu não consigo abraça-la, consolá-la, e isso faz meu coração se partir ao meio.
Mas estou voltando, com 17 dias de atraso, o cabelo bem mais preto, mais longo e umas mechinhas em tom de roxo bem escuro aqui e ali. Estou voltando. Mais um dia de atraso e até imagino Gianluca e Eleonora indo me buscar, onde eu estiver, e me trazendo arrastada, talvez até me puxando pelo cabelo como vemos nos desenhos quando os homens das cavernas arrastavam as mulheres as puxando pelo cabelo.
Um mês e sete dias, esse é o tempo que vou poder ficar em casa. Mas talvez tudo mude e tenhamos de ir mais cedo. Tenho de estar sempre muito alerta e de malas prontas.
Nosso voo era direto, mas tivemos de fazer uma parada em um país que não faço ideia qual era e o resultado foi todos termos de nos dividir, em voos diferentes. Gabi foi o mais sortudo, esperou apenas duas horas e o colocaram em um voo para Roma. O de todos teria esse destino, e, de lá, cada um iria pegar o seu caminho. Gianluca iria me encontrar em roma, com certeza acompanhado de Ercole e Eleonora, mas como aconteceu esse imprevisto, que ninguém informou qual foi, consegui avisá-lo apenas de que não precisava me buscar à noite porque eu não sei qual hora seremos liberados. Tiziano foi liberado cinco horas depois. Já estávamos cansados e com sono. Prometi que o visitaria em Lazio, se desse, mas acho que não vou fazer isso. Não teve voo para mim naquela noite, então a companhia aérea pagou minha hospedagem no hotel, bem próximo ao aeroporto, até a liberação para voo, no dia seguinte no final da tarde. Não tive tempo de avisar ninguém e desembarquei em Roma na madrugada do outro dia. Peguei um trem até Bologna e, de lá chamei um táxi. Era 05h22 quando o porteiro do hotel estava me ajudando a tirar as malas do carro.

***

Piero.

Não tenho sido o mesmo homem a cerca de quatro meses. Na maioria das vezes, nem eu mesmo me reconheço.
Maria diz que por minha causa o namorado terminou com ela e, embora eu não entenda como fiz isso, se recusa a falar comigo. Não que ela me olhe e ignore definitivamente, como uma criança. Ela fala “bom dia”, me liga e faz chamada de video, mas nada dura mais do que 5 minutos, porque ela não conta mais o que sente. Talvez ela se sinta traída e insegura, não sei, mas não entendo mesmo como a culpa pode ser minha. Francesco não me aconselha, pelo menos não como antes, mas acredito que seja por causa do filho que exige muito tempo e esforço dele.
Me sobraram Ignazio, Gianluca e Barbara, e todos concordam que eu agi errado, mas apenas Gianluca se preocupa em me ajudar.
Odeio saber que ela não quer me ver e odeio mais ainda saber que ela consegue estar feliz apesar de tudo. Odeio que ela se preocupe tanto com Gianluca e Mariagrazia e sequer lembre que eu existo. Odeio entrar, todos os dias, duas ou três vezes ao dia, no perfil dela no instagram só para saber o que está acontecendo, onde ela está e com quem está e só encontrar fotos de momentos felizes e alegres. Será possível que minha passagem pela vida dela tenha sido tão insignificante desse jeito? Por que em mim dói. Dói muito, todos os dias. Não sei como consegui me entregar a ela dessa forma, mas me entreguei e saber que a deixei ir embora, que a machuquei, faz com que eu me sinta mal.
Esses três meses de viagens nossas, não para shows, mas para promoção, foram excelentes para aliviar a cabeça e pensar na situação na qual me encontro.
Odeio admitir que estou errado e é exatamente por isso que penso em todas as possibilidades antes de tomar qualquer decisão. Eu nunca quis terminar com ela, queria apenas que ela depende-se de mim da mesma forma que dependo dela. Nunca quis um relacionamento como os de Gianluca porque esse excesso de liberdade no exterior pode causar problemas muito graves. Quero algo como o que Ignazio e Alessandra tem, onde o mesmo respeito e consideração que existem juntos mantém-se exatamente o mesmo no exterior, quando estão longe.
Quero casar, talvez no Duomo de Milano, mas duvido muito que a Liadan aceite. Com certeza ela vai dizer que é grande demais, é tudo exagerado e algo mais simples seja melhor, e eu não vou tirar a razão dela, e acabamos casando em uma igreja pequena aqui em Naro mesmo e ela vai acabar enlouquecendo para conseguir selecionar à dedo os convidados. Já imagino nós sentados na cama até tarde, cada um com uma lista e cheio de fotos sobre a cama, lembrando de todos os amigos e tentando acomodá-los na igreja.

— Amor, posso chamar o Tiziano? Tenho que chamá-lo. O Justin também.— Ela vai dizer.
— Claro, amor. Não podemos esquecer o Max. — eu vou dizer.

E ela vai sorrir, e meu coração irá a mil e imaginarei ela entrando na igreja. Nós brigando para escolher a mobília da casa, e brigando mais ainda para decidir onde morar. Ela vai insistir tanto em Bologna, mas acabará cedendo porque a Sicilia é realmente mais bonita e toda a minha família está aqui.
Vamos sempre revesar feriados, talvez passemos alguns com Gianluca, porque ela ama muito a Eleonora. Talvez até fiquemos na casa de Caterina, mas, com certeza, Mariagrazia estará por perto o tempo inteiro.
Talvez uns quatro, cinco anos depois, tenhamos nosso primeiro filho, ou filhos, quem sabe. Vamos brigar para escolher o nome. Vamos ficar até tarde pintando o quarto da menina. Não vai ser fácil nos primeiros dias, principalmente para a bebê se acostumar ao horário, mas, com o tempo, mais duas ou três crianças aparecerão para alegrar a casa e tudo será extremamente lindo.
A imagem de Lia com o rosto encostado no meu ombro, sorrindo enquanto eu deslizo as mãos por aqueles cabelos preto, em um campo, talvez um parque, com nossos dois filhos mais velhos brincando e correndo ao redor de nós e a pequena integrante da família dormindo no carrinho à nossa frente se formou em minha mente. Beijei a testa dela.

Me virei para o lado e dormi.

***

Mariagrazia.

Posso dizer que o nervosismo e a intriga de Piero com Alessio o fez terminar comigo. Eu pedi tantas vezes para que ele parasse de falar mal do rapaz enquanto ele estava por perto, pelo menos; pedi tantas vezes para que o respeitasse. Não pedi nada tão importante, e mesmo assim ele não o fez. Minha sorte é que a Lia, e meus pais, me ajudam muito tentando me manter em pé, mas acredito que nenhum deles conseguirá me fazer voltar a ser como eu era com Piero. Perdi a confiança para conversar com ele no quesito “estou gostando de alguém”.
A Lia perguntou se eu quero passar alguns dias com ela, em Bologna. Conversei com meus pais e todos decidiram que pode ser algo bom, e, claro, dá para aproveitar e ir visitar Francesco já que eles moram consideravelmente perto.
Não estou com raiva o suficiente para não ajudar meu irmão a reconquistar minha cunhada, porque embora eles tenham terminado, ainda a considero minha cunhada, minha irmã. Ele iria recebê-la no aeroporto, na quinta-feira de tarde, e inclusive estava lá com Gianluca porque optou por isso ao invés de vir direto pra casa já que eles chegaram na quarta à noite, mas aconteceu alguma coisa no meio do caminho e a Lia e toda a Equipe teve de esperar. Pelo que vi nas fotos, Tiziano chegou primeiro que a Lia, e, ela não teve tempo de dizer ao Gianluca que estava vindo, e chegou na sexta de madrugada. Nem a Antonella sabia, então ela realmente não teve tempo de avisar ninguém porque Antonella sabe de todos os passos da Lia, diariamente. Não que a Lia não tenha falado comigo durante a viagem, mas acho que o término com meu irmão faz ela se distanciar de todos. Recebi um vídeo muito lindo do Justin mandando beijo para mim, Antonella e Gianluca. A coisa mais fofa do mundo. Outro dia, conversando com Piero por vídeo chamada, acabamos entrando no assunto do Justin mandando beijo para nós.

— Você viu o vídeo que a Liadan marcou você ontem? — Perguntou Piero, do nada.
— Vi sim. O Justin é muito fofo! Como Gianluca reagiu? Ele deve ter surtado.
— Ele não acredita até agora. — Ele respondeu, rindo. — Ela está tão animada. Você viu as fotos?
— Com o Justin? Claro! Achei muito fofo os dois juntos. Ele postou uma foto com ela e o Tiziano também. Vi que ele seguiu e curtiu algumas fotos dela.
— Será que eles ficaram?
— Claro que não. — Respondi de imediato.
— Ela te falou alguma coisa?

Claro que falou. Falou que Justin é perfeito e mais centenas de outros elogios, falou que beijou um completo estranho pela primeira vez e se sentiu culpada, se sentiu traindo meu irmão, e isso acabou fazendo ela beber pela primeira vez, depois de ter chorado cantando uma música que a fez lembrar dele. Claro que essa última parte não foi ela quem contou, mas eu vi o vídeo que Gianluca compartilhou de um Fã Clube chamado “LianlucaFriends”, que é um FC dedicado aos dois, repleto de fotos e videos de mometos engraçados de Gianluca e Liadan, e deduzi por mim mesma. O vídeo é tão cheio de sentimento, com Tiziano e Justin, mesmo sendo de um angulo ruim, que faz qualquer pessoa chorar. Se não me engano, Ignazio também compartilhou o vídeo, Eleonora, claro, Justin e Tiziano, e alguns amigos de Gianluca, fazendo o vídeo bombar no Instagram. Lia não deve ter visto, e se viu optou por não compartilhar. É evidente que ela está lutando com unhas e dentes para esquecer meu irmão, e essa luta não está sendo fácil, mas temo que ela vença a qualquer momento.
Lia chegou ontem, e como Piero decidiu passar uma semana com Calogero, nosso primo, na praia, vou passar o mesmo tempo na Lia, em Bologna. Vai ser muito bom ajudá-la a mobiliar a casa, e, com certeza, engraçado também. Vai me distrair muito.

***

Liadan.

Cheguei ontem e hoje já estou com Gianluca na minha casa, pronto para passar uma semana comigo, exatamente como Mariagrazia, que chegará hoje à tarde.
Minha casa não está una bagunça tão grande assim. Antonella, em algum momento durante todos esses três meses e meio, trouxe todas as minhas coisa e deixou na sala. Quando cheguei, ontem, lavei todas as roupas mas a maioria ainda está secando, minha sorte é que meu vizinho, Ian, aquele com quem esbarrei na portaria quando vim aqui pela primeira vez, me emprestou a varanda dele para colocar as minhas roupas, da viagem, para secar. Ele é um amor.
Gianluca chegou à noite e gostou muito do meu apartamento, mas achei muito grande agora que estou aqui de fato. Decidi me acomodar no quarto de casal com closet, e um guarda roupa super chique, como os dos filmes, que você abre uma porta, como se fosse para um novo cômodo e dá de cara com as prateleiras na horizontal no final do corredor enorme, para colocar bolsas e sapatos e, em uma das laterais, totalmente organizado para pendurar roupas, com 12 gavetas, organizadas em quatro fileiras, e um espaço vazio na outra lateral, que já decidi que vou usar para criar o meu pequeno mundo de maquiagens e cuidados com o cabelo, e que conta com uma varanda e a vista perfeita para o pôr do sol. Gianluca decidiu ficar no quarto ao lado, que é extremamente mais simples e sem banheiro. Maria terá de se acomodar no quarto ao lado do de Gianluca.
Eu queria que eles viessem apenas daqui 15 dias, mas Gianluca decidiu que quer ajudar na decoração da minha casa, então perguntei se Maria não queria vir também, para se distrair um pouco, e ela topou.

Passamos dois dias e meio para conseguir terminar de pintar todos as paredes da casa, definitivamente. Descobrimos que faz mais bagunça do que o esperado, e usa mais tinta do que imaginamos. Gianluca ainda conseguiu derrubar o rolo de tinta branco na cabeça de Mariagrazia. Foi extremamente engraçado. Fomos acumulando as caixas de compras pequenas na sala, conforme chegavam, porque muita coisa ali precisa das coisas grandes primeiro, e a sala foi o primeiro cômodo que pintamos. Duas paredes em tom de azul marinho, onde, futuramente, terá, em uma delas, a televisão e, na outra, a estante que eu e Maria escolhemos. A terceira parede ficou branca, idem como o teto, onde organizarei dezenas de fotos para colar no quadro enorme que Gianluca encontrou. Ao lado da sala tem o banheiro que foi entregue pronto e não pude fazer nada mais do que comprar as coisas necessárias além da mobília básica de um banheiro convencional.
Gianluca pendurou cinco quadros com fotos na parede, cinza, entre o banheiro e o meu quarto, que foi pintado em três paredes de cinza claro e uma de branca e as cortinas em tom champagne ainda não chegaram, idem como todo o resto. O quarto onde Gianluca se acomodou ficou com uma parede em tom de grafite e as outras brancas. Já o quarto onde Maria está ficou com três paredes em tom de verde limão e uma em tom branco. Por fim, a cozinha, que fica junto à sala de refeição e próximo a porta de entrada, ao lado da sala, ficou com as duas paredes, e o balcão de mármore, em tom de vermelho vivo, exceto pelo mármore, tanto do balcão quanto da pia, que são pretos. Todos os móveis da cozinha são planejados e a madeira ficou em tom de caramelo, todo a parte de eletrodoméstico foi comprada em inox, preto ou vermelho. No terceiro dia, a empresa que contratei, antes de viajar, para desenhar e confeccionar a cozinha, veio montar os materiais e demorou um dia inteiro para deixar tudo pronto, o tempo exato que Gianluca, Maria e eu levamos para limpar toda a sujeira de tinta do piso no apartamento inteiro. No quarto dia, Maria se ocupou, feliz demais, em organizar todos os meus calçados, acessórios e maquiagem no guarda-roupas, que não eram muitos até ontem, quando começaram a chegar encomendas de marcas que patrocinam o Tiziano, e marcas que querem apenas divulgação. Foi bastante coisa mesmo, e já fui aconselhada pela equipe a utilizar as roupas e calçados, Gianluca disse o mesmo e se ocupou em organizar minhas roupas, por estação e cor, enquanto eu as passava e colocava no cabide. Conversamos muito nesse dia.
No quinto dia, nós fizemos o que deu pra fazer na cozinha. Nós entre aspas, porque Gianluca ficou sentado enquanto eu e Maria lavávamos, guardávamos e organizávamos desde os talheres e panos de prato, até os potes e copos no armário. Passamos a tarde, eles tomando vinho, eu suco, e rindo de assuntos idiotas.
Eu estava cansada demais para fazer qualquer coisa naquela casa, e ainda bem que nenhuma outra entrega havia chegado, e precisávamos que qualquer coisa chegasse para conseguir organizar e tirar as coisas de dentro da sala, então, todos concordamos em ir na casa de Francesco. A visita foi inesperada, mas mesmo assim paramos durante o caminho para que Gianluca e Maria comprassem presentes para Pietro. Gianluca havia visto o pequeno Barone apenas no hospital, e eu parei naquela semana, então estamos quase no mesmo nível. Levei o presente que comprei para ele quando estávamos em Miami, se não me engano, e encontrei uma calça jeans e camisa preta tão pequenos e fofos que acabei comprando, junto com uma jaqueta jeans que tenho certeza que o bebê vai se sentir incomodado quando usar, mas comprei mesmo assim.
Francesco não estava em casa quando chegamos, e Pietro estava muito ocupado em se alimentar, depois disso, todos brincamos com o bebê e morríamos de rir quando ele tentava imitar as caretas que fazíamos, sempre tão esperto. Claro que dezenas de fotos foram parar no Instagram de Maria, Gianluca, da Dani e depois até foram compartilhadas pelo Franz. Roubei uma da Maria e compartilhei no meu também, só para não passar em branco mesmo. Não fomos embora antes do jantar, porque esperamos para ver Francesco, mais pela Maria do que por nós mesmos e acabamos ficando para o jantar. Eu e a Dani preparamos tudo enquanto Gianluca, Francesco e Maria cuidavam de Pietro e conversavam na sala.
Quando estávamos para colocar os pratos na mesa, Pietro começou a chorar, como a Dani disse que se abaixar para dar banho nele faz com que ela sinta dor, me disponibilizei para fazer isso, afinal já tinha feito isso antes. Conversei com Pietro, falando sobre como ele é fofo e amado, enquanto dava banho nele. Ele ria e ria com o movimento da água na banheira mas resmungou um pouco quando o tirei. Fazia calor, mas mesmo assim a Dani separou um macacão em tecido bem fino para o rapazinho vestir. Coloquei a fralda, o macacão e penteei o cabelo dele. Passei um pouco de perfume também, não sei o porque, e observei que ele já estava bocejando, então o peguei no colo e balancei enquanto cantarolava qualquer música de criança, provavelmente com a letra errada, e não demorou cinco minutos para que ele dormisse. O deixei no berço, coberto com um lençolzinho e agarrado a uma fralda de pano e voltei para a cozinha, onde todos me esperavam para jantar.
Antes de comermos, pedi para Francesco, já que estava em uma lateral da mesa, sozinho, tirar uma foto com o meu celular. Eu estava ao lado da Maria, e Gianluca de frente para mim, ao lado da Dani. Apoiei o braço no ombro de Maria e sorri quando Franz bateu a foto. Enquanto todos se serviam, publiquei com a legenda: “Jantar em família é sempre a melhor coisa do mundo! 🍴🍷🍹 #inlove #family #friends “ e marquei todos.

— Seu cabelo ficou lindo na foto, Lia. — Falou a Dani.— Fez aqui?
— Comecei em Miami e terminei no Brasil. — Respondi rindo.
— Ela vai em Abruzzo no final de semana que vem — completou Gianluca — e vamos arrumar no Primo Piano.
— E vai fazer o quê? — Perguntou Franz.
— O cabelo dela vai ficar, da raiz as pontas, nesse mesmo tom de roxo. Talvez até mais escuro. — Falou Maria, toda alegre.
— A intenção é deixar em um tom tão escuro que pareça preto, mas quando o reflexo bate, aí sim percebe que é violeta. — Completou Gianlu.
— Vamos deixar essas mexas azuis bem escuro na ponta mesmo. Talvez aumentemos a quantidade de mexas e diminuiremos o volume delas. — Disse Maria — E ainda quero mechas em tom de lilás e rosa bem claro nas pontas.
— E tudo isso é só no Primo Piano mesmo. — Terminou Gianluca, eu ri.
— Isso é eles que dizem, mas não concordei ainda. — Falei.
— Eu adorei! — Falou a Dani.
— Vai ficar muito bonito, Lia. Faz sim. — Completou Franz, mas não estou convencida mesmo.
— Vou pensar. Pensar muito. — Respondi Rindo, mas Gianlu e Maria sabem que vou acabar aceitando porque é, simplesmente, eles quem querer que eu faça isso. Acho que eu faria qualquer coisa que eles pedissem.
— Lia, vamos mudar de assunto rapidinho. — Falou a Dani.— O Franz me contou sobre como você foi super parceira quando nosso filho nasceu, embora você estivesse passando por tudo o que estava, não pensou duas vezes antes de ajudá-lo.
— Eu fiz o que qualquer pessoa faria, Dani.
— Qualquer pessoa não. E você sabe muito bem disso. — Repreendeu Maria.

Poxa, eu estou tentando ser legal aqui, gente!
Apenas sorri.

— Nós estávamos conversando e… — começou Franz.
— Como ele não se opõe a minha ideia de batismo do Pietro, não me oponho a ideia de que você seja madrinha dele. Se você aceitar, claro.
— Mas você tem que saber que Piero será o padrinho. Mas você é nossa primeira escolha como madrinha. Você não precisa responder agora, e muito menos se sentir pressionada. Mas se você não quiser por causa do Piero, nós vamos entender. — Falou Franz.
— O quê? — Respondi de imediato.— É claro que eu aceito! E fico muito feliz e honrada por vocês pedirem isso.

Era só o que me faltava. Deixar de ser madrinha do bebê mais fofo do mundo só para não ficar uma missa ao lado de Piero? Nunca mesmo. Aguento o período da missa inteiro porque nunca me foi pedido para ser madrinha de ninguém. E logo o Franz e a Dani me pedem isso? Poxa, é uma honra, e responsabilidade também, muito grande mesmo.
Terminamos aquele dia por volta de quase uma da manhã, com uma foto de todos sentados no sofá postada no instagram de Francesco com a legenda: “é sempre bom ter a família por perto. É sempre bom ter quem você ama, não importa como, ao alcance do toque. Eu amo vocês. #dani #figlio #mylove #myfamily #sisters #friends “ e marcou todo mundo. Gianluca, Maria e eu repostamos a foto quando chegamos na minha casa.
Dormi com Gianluca e Mariagrazia, todos deitados no colchão que colocamos no meio da cozinha, porque, como a televisão que comprei ainda não chegou, resta apenas conversar até o sono vir.
E esses estão sendo os melhores dias da minha vida.

***

Antonella só vai voltar de Abruzzo no próximo final de semana. Na sexta-feira passei o dia inteiro com Gianluca e Mariagrazia andando pela cidade. Fomos ao shopping, almoçamos em uma lanchonete, assistimos uma peça de rua de tarde e ficamos zanzando pelas ruas até sentirmos fome, por volta das 22h, e ficamos conversando em um barzinho até depois da meia noite. Tiramos muitas fotos, mas a quantidade tirada por Gianluca nem se compara as poucas fotos tiradas por Maria.
Sábado, como nenhum deles se opôs, fomos visitar minha irmã. Na verdade, vi meu pai no portão da nossa casa e pedi para que Leah descesse, e então saímos, sem sequer eu ter passado do portão.
Leah estava muito mudada. Ela deu uma engordadinha e o rosto está bem redondo, mas continua a mesma criança linda e doce de sempre. Ela ficou mais tempo grudada com Gianluca, simplesmente porque ele é o Gianluca e qualquer pessoa faria o mesmo diante de tantos sorrisos e fofuras. Nós assistimos a um filme no cinema à noite e paramos para comprar um lanche e deixar Leah contar todas as histórias possíveis vividas enquanto estive fora. Todos nos divertimos muito, e eu estava morrendo de saudades dela mesmo. Dessa vez, a foto foi por minha conta. Antes de devolvê-la sã e salva na casa de meus pais, passamos em meu apartamento para pegar todas as roupas que eu havia comprado para ela. A maioria é, na verdade, vestido, porque ela ama, e sapatilha. Um mais lindo que o outro. Mariagrazia se apaixonou pelos vestidos também e, aproveitei o embalo para entregar as coisas que eu havia comprado pra ela, os vestidos, a maquiagem, e alguns calçados, tudo inspirado no Harry Potter, porque ela ama. Eu trouxe alguns presentinhos para Gianluca também, mas são todos pequenos bonecos de super heróis, e um do Mickey, porque lembrei que ele havia me dito certa vez que tentou tanto comprar esses bonecos mas não havia conseguido. Enfim, todos gostaram. E acredito que Eleonora irá gostar do presente que pedi para Gianluca entregar, junto com o presente de Ignazio, de Caterina, Alessandra e pedi para Maria entregar o de Eleonora.
Devolvemos minha irmã em casa por volta das 23h. E voltamos para continuar nossas conversas e brincadeiras de todos os dias.
Maria foi embora na manhã de domingo. Gianluca e eu a acompanhamos até o aeroporto. Prometi que a visitaria em Naro antes de voltar ao trabalho, mas admito que fiquei bem mais calma porque ela já não chora mais. Gianluca foi embora no domingo à noite, depois de termos ido na pizzaria e nos divertido pra caramba rindo das pessoas que estavam dançando.
Enfim, sozinha.

***

Piero.

20 dias em casa nos quais, já se passaram 9, e nem em Naro cheguei ainda.
Bologna, no apartamento de Ignazio, exatamente do outro lado da cidade onde realmente eu queria estar. Na verdade, não faço a mínima ideia de onde Lia mora agora. Sei apenas que é próximo a casa de Francesco, mas a antiga casa dela também era, então minhas informações são extremamente limitadas. E não dá para ficar zanzando pelas ruas porque aglomera pessoas para tirar foto e fica chato. Maria e Gianluca são capazes de morrerem, se for preciso, e não me dizer onde ela mora e, como momentos difíceis pedem atitudes desesperadoras, liguei para Gaetano, um amigo de Tiziano que também é meu amigo, e peguei o endereço dele. Nesse exato momento, estou em um trem tendo Lazio como destino. O que exatamente eu vou fazer quando chegar lá, ainda não sei, mas sei que não vou conseguir quebrar sozinho essa barreira de granizo que a Lia criou entre nós, e apenas Tiziano poderá me ajudar.

Duas horas depois, apertei o botão do interfone na casa de número 23, na esquina da Via Napoli. Demorou muito até uma voz feminina dar sinal de vida dentro da casa através do interfone.

— Quem é? — Ela perguntou.
— Ciao. Buongiorno Signora. Eu sou Barone, Piero Barone. Conheço Tiziano, minha namorada trabalha com ele e preciso muito falar com ele.

A mulher demorou muito para abrir o portão. Ela me direcionou até um escritório fechado depois de passarmos pela sala, me ofereceu algo para beber e aceitei água. Demorou muito até Tiziano entrar no escritório. Tudo está demorando demais hoje.

— Então, senhor Barone, —falou Tiziano assim que passou pela porta— a que devo essa visita tão inesperada.

Levantei para cumprimentá-lo com um aperto de mão e ele se sentou do outro lado da mesa. Isso parece uma reunião de negócios.

— Preciso da sua ajuda com a minha namorada. — Falei. Ele pareceu surpreso.
— Ah, que legal, então você está namorando?
— Preciso da sua ajuda com a Lia. — Corrigi de imediato.
— Ah, claro. Você quis dizer “ex namorada” .

Respirei fundo e esperei ele sentar para poder voltar a falar.

— Eu preciso da sua ajuda, Tiziano. Não está dando pra viver sem a Lia. Eu sei que errei, sei que fiz muita coisa que não devia, já pedi desculpa, já conversei com ela, mas não adianta. Eu não aguento mais isso. Ela vai escutar você. Me dá alguma ideia, por favor! Eu preciso dela, não é fácil para mim e sei que é mil vezes pior pra ela.

Tiziano ficou olhando nos meus olhos, talvez ainda medindo cada palavra que eu disse, e esperou muito até dizer algo. A espera foi inquietante.

— Bem. Para você se dar ao trabalho de vir até aqui, imagino que já tenha atingido o seu limite. Ligar pra ela não era mais fácil?
— Claro que era, se ela não tivesse me bloqueado. Até nas redes sociais.
— É… Liadan. — Ele comentou, parecendo estar orgulhoso. — Antes de qualquer coisa, preciso dizer que o senhor me pareceu alguém muito legal pra Lia na primeira vez que o vi, mas muita coisa mudou depois daquele dia e, nem de longe, você estaria na lista de pessoas para quem eu criaria um Fã Clube. Acho que você tem muito o que aprender ainda e não é magoando a Lia que isso vai acontecer.
— Peraí. Eu não estou mais magoando ninguém. Ela está feliz, e muito pelo que parece. Quem está sofrendo com isso sou eu. — Tentei não parecer tão nervoso quando estava.
— Olha rapaz, aquela mulher te esperou por dias, semanas. E você simplesmente decidiu que não a queria. Ela sofreu, ela chorou, ela ainda chora e perdeu muita coisa importante pra ela por sua causa. Agora que ela está quase 100% você decide voltar? E pedir a minha ajuda? Você tem noção de quantas vezes tive de vê-la chorando? Você tem noção de como é difícil fazê-la entender que tudo isso foi bom pra ela crescer e encontrar alguém como ela? Você tem noção de quantas vezes ela chorou durante os shows, enquanto dançava, por sua causa? Eu acho que não. Ela sofre, e é essa dor que movimenta aquela garota. É essa dor que a mantém firme. Não vou jogar todo o meu trabalho fora, todos os dias de conselhos e mais conselhos que dei a ela só porque você apareceu aqui e está sofrendo um pouquinho. Se ela não quer, não vou convencê-la do contrário. Se ela decidir que vocês voltam, a apoiarei. Mas não vou influência-la. É você quem deve bater na porta da casa dela e tentar se resolver. Não sou eu, nem ninguém além de você mesmo. O problema é seu, o resolva.

Acho que vale dizer que não foi uma conversa agradável, pelo menos não como eu esperava. Tudo está pior do que eu imaginava. Perdi tempo demais me culpando ao invés de ir logo atrás da solução. E esse tempo todo a Lia ficou lá, esperando por um sinal de verdade, algo que fizesse valer à pena, que trouxesse todos os sentimentos bons de volta, que a fizesse entender que o futuro será muito melhor.
Ouvi mais do que falei, mas nada foi desperdiçado, principalmente porque a maioria das falas foram sobre advertência.
Quando eu estava saindo, depois do café, ele disse:

— Mulheres são complicadas, rapaz, e ao mesmo tempo são a coisa mais linda do mundo, se você souber entendê-las. Ela sofreu muito, e agora está se recuperando, mas tudo vai e volta, entende? É a sua vez de sofrer. O problema é que ela aprendeu a se fechar e ficou menos sentimental, então você vai ter mais trabalho, muito mais trabalho. Enfim, mesmo assim, boa sorte. Vê se não faz besteira.

***

Liadan.

Eu sou um desastre!
Quase consegui derrubar o lustre que Mariagrazia me obrigou a comprar, e foi caríssimo. Mas admito que ficou extremamente lindo na sala. Ontem foi o dia das entregas. Acredito que não esteja faltando coisas na minha casa agora, exceto colocar tudo no lugar novamente.
Tive de pedir uma escada pro meu vizinho, Ian, que passou boa parte do dia comigo ontem, conferindo se os rapazes estavam estalando as eletrodomésticos e montando os móveis corretamente. Ele é um amor. Não conheci ninguém além dele ainda, mas acho que ele é o suficiente.
Eu queria a escada para conseguir colocar a cortina no carrilho que os rapazes instalaram na sala ontem, mas ele se disponibilizou para fazer isso.
Ele gosta de ouvir, não é muito de falar, e parece que gosta muito de ajudar também porque sempre se disponibiliza a fazer qualquer coisa. Ele também está de férias e trabalha na marinha já faz quatro anos. Gosto do jeito como tudo é simples e fácil de resolver pra ele, é tudo calmo e tudo dá certo, sempre. Ele só saiu por volta das 19h, porque está fazendo curso de algo que não prestei atenção, e tem de estar lá às 20h, mas ele não saiu sem deixar tudo pronto de forma que eu não precise me preocupar em ficar subindo em escada. De qualquer forma, passamos a maior parte do período da tarde colocando fotos minhas com amigos no quadro enorme que Gianluca comprou, também foi Ian quem alinhou o quadro em branco na parede.
Fui até o quarto pegar mais algumas fotos e me assustei quando passei pelo banheiro e vi meu reflexo no espelho. O coque totalmente bagunçado, suada, tinta cinza no rosto, no cabelo e na roupa. Troquei a blusa baby look por uma regata preta, de alça fina, mas limpa, e tirei a bermuda e coloquei um short, talvez o mais curto que eu tenha, de malha, também preto, que eu sempre usei em dias de faxina na casa dos meus pais.
Coloquei clipes para passar na televisão, só para deixar tudo animado agora que estou sozinha. E funcionou. Mas também, quem fica parado ao som de Pazza Musica? Fiz uma anotação mental para levar Antonella em um show do Marco enquanto ainda estou por aqui.
Terminei de arrumar as fotos na parede, e adorei ter Antonella, Leah e Gianlu na maioria delas. Tem Eleonora, tem Ercole, aquela que tirei com todos no dia do meu aniversário. Tem muitas com a Maria, ela vai gostar. Olha o Franz ali. A Dani. O Ignazio está em muitas também, não sei como porque eu poderia jurar que quase não temos foto juntos.
Todos importantes para mim.
No corredor para os quartos, Gianluca colocou quatro quadros em um lado da parede, no lado livre deixei para colocar um quadro com foto que Tiziano me deu, onde estamos nós dois, rindo, ele com o braço envolta do meu pescoço, olhando pra mim, enquanto eu estava olhando para frente, em cima do palco no dia da gravação do DVD. Ele autografou, claro. Pendurei, mais à frente, uma foto minha com Justin, aquela que ele piscou, e por último, uma foto que tirei com Ignazio, Piero e Gianluca no dia que fui ao show deles com Leah, até porque, apesar de tudo, IL Volo é IL Volo, e não posso fingir que não gosto do trio só porque Piero foi uma decepção como pessoa. Vida particular sempre separada da vida profissional.
Não contente em estar toda suja de tinta, andando como uma doida pela casa, rindo e dançando enquanto arrumo uma coisa aqui e outra ali, derrubei o pacote de farinha de trigo, aberto. Voou farinha para todos os lados. Entrou farinha dentro da minha blusa. Com certeza tem farinha no meu rosto, no meu cabelo, e muita no chão. Quase chorei porque passei pano no chão hoje.
Comecei a brigar comigo mesma em voz alta, acima do volume da música.

— Isso mesmo Liadan! Parabéns! Quem limpa é você mesmo!

Ouvi o barulho da campainha tocando, mas achei muito estranho porque não fui avisada pelo interfone. Deve ser algum vizinho vindo reclamar do barulho. Abri a porta ainda tentando limpar, pelo menos, a mancha enorme na minha blusa que ficou acinzentada. Horrível.
Quase morri de susto.

— Piero? Como você? De onde você..? Quem te liberou?

Ele simplesmente ficou me olhando de cima a baixo. Senti que ele queria rir, mas se conteve.

— Parece que você está precisando de ajuda. — Ele disse docemente.
— Para ser bem sincera, já terminei tudo — e eu não estava mentindo.
— Liadan, me dá cinco minutos, por favor.

Pela primeira vez, senti exatamente nada ao ver Piero. Nada. O coração não acelerou, não tive vontade de abraça-lo, de chorar de saudade, sequer senti raiva. Acho que algo mudou nesse tempo todo.

— Agora? Tipo, olha o meu estado. — Passei a mão no cabelo e me assustei quando caiu farinha. Dessa vez ele riu. — E acabei de derrubar farinha na cozinha.
— Posso voltar mais tarde?
— Aqui? Não. Você vai pra casa quando? Pode ser amanhã?
— Vou embora depois de falar com você.
— A Maria comentou que você não foi pra casa. Quanto tempo faz que você não vai pra lá, Piero?
— Não fui desde que viajei.

Merda.

— Diz. O que foi?
— Vamos tentar de novo, Liadan.
— Não vai dar certo, Piero. Você sabe disso.
— Então fica por perto, vamos tentando aos poucos, do zero novamente.

Respirei fundo porque me dói negar coisas para as pessoas.

— Piero, você sabe que eu não sou a pessoa certa pra você. Você vive em um mundo totalmente diferente do meu. Eu não me importo em comer na sala, jogada no sofá, ou sentada no chão, não me importo nem com o que comer. Não tenho problema nenhum em não ir em eventos, não sair com amigos, fazer nada não me incomoda, entende? E tudo isso é importante para você. É importante estar sentado à mesa todo dia, é importante participar de eventos, é importante sair, é importante mostrar pra todo mundo que você é quem é. Sei que são pequenas coisas, mas fazem muita diferença. Você precisa de alguém que entenda isso, que dê valor a essas coisas, e essa pessoa não sou eu, Piero. Lamento.
— Você está dizendo tudo da boca pra fora, Lia.
— Até eu estou surpresa com tudo isso, mas não. Tudo mudou, tudo esfriou aqui dentro.

Ele sorriu. E foi um sorriso tão sincero que me assustei.

— Me deixa, então, ficar por perto. Vamos ser amigos.
— Podemos tentar, mas nada mais do que isso. Se você der xilique, juro que nunca mais falo com você.

O sorriso não saiu do rosto dele. Eu devo ter perdido alguma coisa.

—Certo. Então nos vemos por aí, Lia.

Ele sorriu e me cumprimentou com um beijo no rosto antes de ir pro elevador. Continuei com cara de tacho.

— Piero! — Gritei. Ele olhou para trás, o sorriso aumentou.— O que foi isso?
— É tão bom saber que, como você disse mesmo? Ah, sim, só eu consigo “aquecer aí dentro”. — Ele sorriu tão docemente que fiquei sem palavras.— E, pelo que me lembro, você era fria assim quando te conheci. Se consegui uma vez, posso conseguir novamente. Boa noite, Lia.

E entrou no elevador.

Continua..
Fic atualizada em 2023.

4 comentários em “Fã Fic Per Te Ci Sarò (Capítulos de 60 a 66)

  1. De novo na expectativa de esperar estes dois votarem. Ai aiai!Da dozinho de ver o Piero se humilhando e sofrendo ,apesar que ele e bem devagar. Concordo com a colega Milene que deveria aparece uma moca para fazer um ciuminho na Lia, já pensou aparecer uma prima do Ian. Huhuhuhu! acredito que volta acender o amor de Lia por Piero. Bom agora e esperar ate o ano que vem par o outro capitulo.Haja coração!

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  2. Precisa dizer que amo essa história? Não, né…. aiii… amo a Lia com o Piero. Eles precisam voltar, mas acho que tem que rolar um ciuminho. kkkk… Acho que devia ter uma moça para a Lia ter ciúmes também, só o Piero ciumento não vale. Amando, May. Lindo!!!

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  3. Aí aí ai ai
    Eu não acredito nisso
    Finalmente eles estão voltando a se falar
    Já é mais do um começo
    Tô muito preocupada em relação ao Justin e ao Ian
    O Piero vai dar xilique com certeza kkkkk
    Aí gente
    Que felicidade ver a Lia assim bem com a Gian e a Maria
    Tô louca pra ver esses dois juntos de novo
    Completamente juntos
    Parabéns May a fic está cada vez melhor bjos

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