Fã Fic – Per Te Ci Sarò (Capítulos 67 e 68)

Antonella se acomodou no quarto que Mariagrazia pintou de verde, mas, para a sorte dela, toda a minha casa já está mobiliada e inteiramente pronta. Dá para perceber os toques de Gianluca nas pinturas escuras, nas esculturas mais clássicas, nos móveis mais rústicos e é inegável a participação de Mariagrazia nas cores mais vibrantes, no estilo mais jovial.
Demorei quase um dia inteiro para conseguir ficar à par de tudo o que está acontecendo na vida de Antonella. Estou tão feliz pelo pedido de casamento. Estou tão feliz pelo simples fato de ela estar feliz, de ter se encontrado, se completado, com Roberto. Ela realmente merece alguém como ele, alguém que a entenda, que não se importe com o tempo que ela demora para arrumar o cabelo, que não se importa com ela adorar ir em festas e, principalmente, que não se importa de deixá-la passar uma semana comigo.
Anty está apaixonada pelo meu sofá. Ela, definitivamente, está morando nele. Tem algo ali que a prende, mas admito que tem alguma coisa que faz com que aquele estofamento grafite e branco, seja extremamente aconchegante. Poderia dormir ali pelo resto da vida.
Eu nunca mais tinha ficado sem sono, mas esse péssimo hábito de passar a noite inteira pensando e revendo momentos voltou quando Piero bateu na minha porta. Não chorei, claro, mas fiquei revivendo memórias, revivendo fotos, momentos felizes e engraçados de quando estávamos juntos. Sinto saudade de tudo.
Anty está sentada no tapete da sala, com as costas apoiadas no sofá, de frente para varanda, e estou deitada no colo dela, brigando todas as vezes que ela puxa o meu cabelo e rindo quando ela bate na minha testa para advertir alguma coisa.

– E Piero? –Ela perguntou aleatoriamente, como se não se importasse de verdade, mas a conheço o suficiente para saber que é só uma tática e ela realmente está interessada.
– Ele veio aqui há alguns dias.
– Sério? E o que ele queria?
– Não sei direito. É tudo muito estranho.
– Ai, ai, ai dona Liadan. Eu não gosto mais dele da forma como gostava antes, mas acho que você deveria dar uma chance ao rapaz. Você mudou muito com ele, Lia. E ele não desiste, meu Deus. – Fiquei parada, olhando para o teto e não respondi. – Ei! O que foi?
– Eu… sinto saudade, sabe? Saudade de tudo, mas…
– Mas o que, Lia?
– Não sei. Não sinto o mesmo que eu sentia antes. Não sinto nada. Ele veio aqui e eu nem me preocupei, o coração não acelerou, nada mesmo. Isso é estranho, mas não faço ideia do que está acontecendo comigo.
– Tiziano fez um bom trabalho, hein? – Ela falou, rindo. Acebei rindo também, mesmo sem entender.
– Como assim? – Perguntei, ainda rindo.
– Ele disse que ia ajudar você a parar de sofrer, a não se preocupar, essas coisas. Acho que até ele já estava cansado de ver você chorando, acabada daquele jeito.
– Ei! – Repreendi, me levantando para poder olhá-la nos olhos. – Eu não estava tão ruim assim!
– Eu já vi pessoas passando ruim após um término, Lia, mas você estava acabada! Dava até para imaginar você morrendo a qualquer momento! – Ela respondeu, rindo.

Acabei rindo também, mas me animei mais depois de jogar uma almofada no rosto dela algumas vezes.

– Preciso de créditos, Anty! Desmoronou tudo ao mesmo tempo.
Ela acabou concordando comigo e passamos o resto do dia, e boa parte da noite, falando sobre Piero.

Dormi pouquíssimo e fui acordada pelo alerta de mensagem no celular. Franz avisando que eles conseguiram marcar a cerimônia de batismo do pequeno Pietro para o próximo domingo, mas será em Naro porque a dona Eleonora não gostou de batizar o neto em uma igreja diferente da que Francesco foi batizado. Antonella, assim como eu, não gostou da ideia, mas como ela não iria me acompanhar de qualquer jeito, acaba sendo irrelevante o local da cerimônia.

– Você acha que ainda pode dar certo? Tipo, você e ele, algum dia, sei lá? – Perguntou Antonella enquanto mexia nas minhas roupas, calçados, bolsas, tudo.
– Não sei. Não do jeito que somos. Não do jeito que eu sou.
– Como assim?
– Não sei explicar só… não vai dar certo, entende? Vai ser briga demais, desentendimento demais, ciúme demais. Nada disso faz bem a ele.
– Sempre achei que ele fosse grande o suficiente para se machucar e fazer o próprio curativo.

Esse comentário de Antonella me fez lembrar de quando Ignazio disse exatamente a mesma coisa. Talvez Piero saiba mesmo fazer os próprios curativos, mas não vou ajudá-lo a se machucar só para mostrar que ele pode fazer isso.

– Quer saber? Estou cansada desse assunto. – Falei, levantando da cama. – E não me lembro de ter pelo menos um vestido branco nesse guarda-roupa. Vamos no shopping procurar um vestido para usar no batizado do Pietro.

Demoramos muito para escolher um vestido. Não sou muito chata com essas coisas, mas Antonella é. Nada nunca está bom, nada está certo. Fomos em umas 15 lojas diferentes e ela saia nervosa de todas as lojas.

– Esse vestido é feio. Nossa, esse parece que era da sua avó.

Por fim, compramos um vestido longo branco, de manga longa rendada, justo ao corpo. Eu o teria escolhido sem problema se não fosse pela abertura lateral que sobre até um palmo abaixo do meu quadril, ou pelo devote em V que sempre me deixa constrangida. Insisti demais que aquele modelo não era adequado para uma igreja, então a vendedora nos mostrou o mesmo vestido, mas em devote U, normal, que me pareceu mais adequado, ignorando a abertura lateral, claro. Como eu já estava cansada, nem insisti muito e acabei comprando aquele mesmo.
Passamos em uma loja de calçados e comprei um scarpin, de couro, nude de bico fino. Eu já estava exausta, mas ainda passamos no cinema, e depois em uma lanchonete.
Simplesmente capotei quando cheguei em casa, o que foi muito bom porque eu não estava dormindo direito desde que Piero bateu na minha porta.
Visitei os pais de Antonella, sempre muito gentis, passei um bom tempo contanto minhas aventuras a eles.
Acompanhei Antonella até Abruzzo no final de semana, por um simples motivo: Gianluca.
Acho que o amo agora.
Gianlu foi me encontrar na estação de trem, sozinho. A casa dele é perto. Roberto também estava lá, mas ele fui buscar a Antyh, claro. Lindos, como sempre.
Não levei muita coisa, apenas uma mochila com três vestidos e algumas sandálias. Nada de calça porque isso resulta em ter de levar blusa também e o que era pouco acaba se tornando muito. Deixei Gianlu levar minha bolsa e mochila porque eu já estava com vergonha de dizer que não precisava e as pessoas passarem me olhando como se eu fosse um extraterrestre.
Gianluca me contou, durante o caminho, que a mãe dele está muito animada para me ver, ela é sempre muito fofa. Não percebi em qual momento Gianluca passou a segurar minha mão, mas me assustei quando ele a soltou para poder abrir o portão da casa dele.

Mamma! Chegamos! – Gritou Gianluca, assim que passamos pela porta.

Não demorou muito e dona Eleonora me sufocou com um abraço tão apertado que chegou a doer.

– Lia! – Ela disse animada. – Que bom que você veio. Eu estava mesmo pensando que você não viria!
– Que isso, Leo? Eu não poderia, de forma alguma, não vir visitar a senhora. – Embora isso realmente me tivesse passado pela cabeça, e até que foi uma ideia atraente em um certo momento.

– Vem. Temos muito o que conversar. Quero te contar tanta coisa, mas acredito que você tem muita coisa para me dizer também. Como foi a viajem? Conheceu muita coisa legal, né? Muitos amigos novos, eu espero.

Conversar com Eleonora me traz calma, paciência. Ela está, literalmente, sendo a mãe que eu não tenho, ou a mãe que não quer me ter, não sei. Ela escuta, ri muito das minhas palhaçadas, ri mais ainda quando Gianluca está perto. Me sinto bem estando com ela, com Gianluca, Ercole e Ernesto. Me sinto à vontade, me sinto em casa e isso é bom.
Ernesto passou a tarde toda conversando conosco, mas à noite, Ercole o levou para a casa da namorada. E ficamos apenas Gianluca, Eleonora e eu, secando e arrumando a bagunça do jantar.

– E então, Lia, como estão as coisas com o Piero? Do mesmo jeito? Sem chances de voltar? – Perguntou Eleonora. Gianluca pigarreou, mas ignorei rindo.
– Acho que não tenho mais esperanças nisso, Leo. Já esqueci. É passado.
– Um passado que está bem perto, né? Fiquei sabendo que foi muito difícil pra você, querida.
– Um pouquinho, mas foi necessário. Tudo o que acontece é necessário.
– Vocês poderiam tentar ser amigos, pelo menos.
– Da minha parte, tudo bem, só não sei se funcionará do mesmo jeito para ele.
– É complicado. – Falou Gianluca, tentando encerrar o assunto.
– Não é complicado, na verdade é tudo bem simples, mas nós complicamos. – Comecei a rir quando Gianluca olhou pro nada, refletindo. – E você, Gianluca? Nenhuma pretendente ainda?

Eleonora começou a rir e Gianluca me olhou assustado. Ele realmente não esperava essa pergunta, tadinho. Comecei a rir também.

– Poxinha, Gianlu. Eu queria tanto ter mais uma cunhada. – Falei, rindo, ao colocar os braços no ombro dele e encostando a cabeça perto do pescoço dele. Ele sorriu. Fiz cara de criança quando pede doce. – Só uma cunhadinha, poxa.
– Ishi, querida, nem adianta tentar. Nenhuma informação sai daí. Eu canso de perguntar e recebo apenas sorrisos. – Falou Eleonora.
– Hm, entendi. Então deve ter alguma pessoa rondando. Ele só não está certo do que quer ainda, né Gianluca? Quer saber? Precisamos ir em uma balada! É isso que vamos fazer. Vou encontrar uma namorada pra você.

Claro que eu estava brincando, e Eleonora sabia disso. Gianluca riu não acreditando, ou acreditando, não sei.

– E quem vai encontrar um namorado pra você? Porque você é péssima com isso. – Falou Gianluca, rindo
– Ei! Não sou tão ruim assim!
– É sim! Suas experiências são péssimas.
– Meu Deus, que ultraje! Não esqueça que meu último relacionamento foi com um dos seus melhores amigos, viu?

Eleonora se divertia rindo da nossa cara. É bom rir com amigos, brincar, conversar, fazer as outras pessoas rirem. É bom soltar uma piada sem graça só para rir do constrangimento mesmo. É bom se sentir em família.
Dormi com a cabeça encostada no ombro de Gianluca enquanto assistíamos a um filme qualquer na televisão junto com Eleonora.
Rimos durante o caminho inteiro até o cabeleireiro. Eleonora nos acompanhou e encontramos um amigo de Gianluca no caminho, Sami, que acabou indo conosco também. Gianluca estava se divertindo, claro, enquanto eu sequer abria os olhos.
Pela primeira vez, não me importei nem um pouco com as fotos que Gianluca tirava de dois em dois minutos porque a preocupação que ele e Sami colocavam em mim, dizendo que meu cabelo ia ficar feio, ou ia cair, ou qualquer outra coisa, eram maiores do que tudo. No entanto, no final, eu simplesmente amei cada fio. Estava exatamente como Gianluca e Maria haviam descrito: em tom de roxo tão escuro que parecia preto, e várias mechas em tom de azul, lilás e roxo mais claro nas pontas. Eu simplesmente amei. Eleonora também gostou muito.
Enquanto eu ainda mexia no meu cabelo, amando cada fio, fazendo milhões de caretas na frente do espelho, Gianluca pediu para tirar uma foto. Fiz cara de surpresa, com as mãos no rosto, enquanto ele fez biquinho. A foto ficou perfeita, como sempre.
Eu estava agradecendo ao cabeleireiro que cuidou de tudo, quando Gianluca nos interrompeu novamente.

– Lia, agora é vídeo, pra Mariagrazia. Vamos.

Eu não tive muita opção então fui falando conforme as palavras foram aparecendo na minha mente.

Ciao a tutti. Ciao Mariagrazia! Vedi, sono qui, In Primo Piano Pianeto.
– E o cabelo dela ficou roxo mesmo. – Gianluca me interrompeu.
– Tem roxo, lilás, azul… tá tudo aqui, Mariagrazia, do jeito que você falou. Nos vemos em breve, então, até daqui uns dias. Tanti baci sorella di cuore. Ci vediamo presto e ti voglio bene.

Mandei beijinhos no ar e Gianluca publicou o vídeo antes de voltarmos para casa. Volto para casa à noite, então decidimos jantar fora, mas Eleonora e Ercole não quiseram nos acompanhar. Como planejamos apenas ir na pizzaria, e eu não tinha muitas opções de roupas mesmo, coloquei um vestido preto rendado, de alça larga, acinturado e no cumprimento da altura do joelho. Coloquei o mesmo tênis preto que usei durante o dia, sem muita frescura. Fiz um delineado básico nos olhos, sem sombra ou qualquer outra maquiagem, exagerei no rímel, como sempre, passei o batom matte Red Amore e usei o pó bronzeador como blush só para não parecer que sou um fantasma sem vida, para dar um ar de saúde.
Gianluca abriu a porta do quarto dele no exato momento que abri a minha. Ele está lindo. Não que nos demais momentos ele não seja lindo, ele é, mas tem algo diferente no olhar dele, no sorriso, que faz com que cada momento seja totalmente diferente, seja mais lindo. Ele está usando uma calça jeans em tom de azul escuro, quase preto, o tênis branco com detalhes preto, uma camisa preta com uma blusa xadrez em tom de marrom e vermelho por cima. Simplesmente fofo, mas por algum motivo ele decidiu tirar a camisa xadrez.
Eu ri quando ele parou do meu lado e me obrigou a colocar o braço envolta do dele, como as pessoas faziam antigamente. Eleonora quase teve um ataque quando nos viu descendo as escadas.

– Vocês estão lindos! Lia, você está parecendo uma boneca. Onde vocês vão mesmo?
– Na Don Franchino, como sempre, mamma. – Respondeu Gianluca, rindo.
– Preciso de uma nora… – Falou Eleonora, rindo quando Gianluca abriu a porta para mim.
– Vamos encontrar uma, deixa comigo! – Respondi rindo e passei pela porta. Gianluca balançou a cabeça negativamente, mas também rindo.

Foi um jantar maravilhoso, claro. Fomos interrompidos três vezes por fãs jovens, e duas vezes por senhoras, mas já me acostumei com isso. Gianluca me fez rir boa parte do tempo, mas acredito que qualquer um riria de toda a palhaçada contada naquela noite. Ele é, realmente, o irmão que eu não tenho.
Por volta das 22h, antes de voltarmos para a casa dele, pedi para tirarmos uma foto.
Coloquei o braço ao redor do pescoço dele, apertei a bochecha dele o obrigando a fazer biquinho e, enfim, beijei o rosto dele enquanto ele batia a foto. Amei, claro, mas tiramos outra, onde ele sorria e eu fiz biquinho perto demais do rosto dele, quase um beijo. Fofo, fofo.
Voltamos para a casa dele, me despedi de todos e Ercole me acompanhou até a estação de trem.
No caminho para casa, usei as duas fotos que tirei com Gianluca e fiz uma montagem, simples, lado a lado, e publiquei com a legenda: “ I love you ever and forever. Grazie mille per ogni sorriso, per sempre restare qui, insieme a me, e regalarmi una nuova famiglia. Una nuova e meravigliosa famiglia. Vi amo tutti @gianginoble11 @divi.leo15 @ernginoble @ercole_ginoble #ginoblefamily #family #love”

***

É engraçado como tudo muda e, aos poucos, nos acostumamos. Quase perdi o chão quando minha mãe me virou as costas, mas recebi a família de Gianluca como presente, e já sou tão dependente das conversas com Eleonora quando era das conversas com minha mãe.
Eu queria tanto que Antonella me acompanhasse na viajem para Naro, mas infelizmente, não consegui insistir o suficiente. Apenas dois dias, um final de semana.
Não quis ir com Francesco, até porque ele já tem problemas demais, e coisas demais para levar. Não sou responsabilidade dele, tadinho. Também neguei o convite de Mariagrazia para me acomodar na casa deles durante esses dois dias. Reservei um quarto em um hotel próximo a casa dela, até porque a igreja também fica ali. Não sei se Gianluca e Eleonora estarão por lá, mas acredito que estarão simplesmente porque seria impossível que Francesco não os convidasse, e mais impossível ainda que eles conseguissem negar o convite. É Pietro, todos se derretem por aquele sorriso.
Fui para Naro na sexta-feira à noite, passei o sábado inteiro andando com a Maria de um lado para o outro, mas também passei rapidinho na casa dela para cumprimentar Eleonora e Gaetano quando Piero não estava. A casa deles está um caos, cheia de amigos e parentes para todo o lado. Fiquei muito feliz por não ter aceitado o convite para ficar com eles porque me sentira mal com aquela quantidade enorme de pessoas desconhecidas.
À noite, sai para jantar com Ignazio, Alessandra e Caterina. Rimos muito, colocamos o assunto em dia e foi bom para me desgrudar um pouco da família de Piero. Francesco queria me buscar para me levar na igreja, mas Ignazio disse que poderia fazer isso, então aceitei ir com Ignazio porque era melhor até do que ir com Gaetano. Não é que eu não goste mais da família de Piero, eu gosto muito de todos, mas não acho certo eles terem de se preocupar comigo como antes. Eles não deveriam mais se importar comigo da mesma forma, mas nenhum deles entende isso, então acabo tendo de tomar as decisões sozinhas porque eles não vão mudar, independente do status de relacionamento que eu tenha.
Acordei tarde no domingo, não ouvi o celular despertar e levantei já era 08h15. A cerimônia começa às 10h, então fiquei bem assustada. Corri direto para o banheiro, mas como fui no cabelereiro da Mariagrazia ontem, não demorei muito no banho.
Enquanto eu terminava de passar a base, o celular tocou. TIziano. Atendi no viva-voz enquanto terminava a maquiagem.

– Ciao, ciao, Liadan. Se cansou de mim mesmo?
– Que isso, TIziano? Jamais! Estou de férias, mas está sendo tão cansativo como quando estou trabalhado. – Ele riu, acabei rindo também e quase borrei o rímel.
– Onde você está?
– Não sei se você lembra que antes de viajarmos o sobrinho de Piero nasceu. Lembra?Eu te contei. Os pais dele me convidaram para ser madrinha e aceitei. A cerimônia é hoje.
– Em Naro, não é? – Me assustei por Tiziano saber, claro, mas fiquei mais assustada ainda quando ele disse o nome da igreja e o horário da cerimônia,
– Como você sabe? – Perguntei, confirmando no espelho que eu não havia borrado o delineado preto, bem fino, básico. Não borrei, amém.
– Recebi o convite na minha casa, semana passada. Bem fofinho até. Francesco e Daniela enviaram.
– Ah, que legal, Tizi! Eles são uns fofos mesmo! Seria tão bom se você pudesse vir.
– Então, eu já estou aqui na igreja. Está meio cheio e não conheço ninguém. Cadê você, Liadan?
Comecei a rir. Não acredito nisso.
– Sério?
– É claro que é sério. Onde você está?
– Estou terminando de me arrumar.
– Quer que eu busque você? Qual o endereço?
– Não precisa. Ignazio vai passar aqui. Daqui a pouco eu chego. E, Tiziano, que legal você ter vindo!

Desliguei e comecei a me apressar. A maquiagem estava bem básica, apenas uma sombra coal de fundo, para não ficar sem cor, o delineado preto bem fino e máscara de cílios. Como sempre, passei o blush para não parecer que eu estou doente e decidi finalizar com o batom Roma Red, porque eu tentei usar um nude, mas ficou tão pálido que fiquei com medo das pessoas começarem a perguntar se estou bem.
Usei os brincos que Mariagrazia me deu há muito tempo, e usei um grampo prata, de pedrinhas penduradas, para arrumar todo o cabelo de um lado só. Gostei do resultado final.
Coloquei o vestido. Ainda não me sinto à vontade com a fenda lateral, mas não posso fazer mais nada. Coloquei a meia fina e o sapato. Peguei a bolsa na correria quando a mensagem de Alessandra, dizendo que eles estão me esperando lá embaixo, chegou.
Ale e Ignazio elogiaram muito o vestido, mas eles sempre fazem isso, então apenas agradeci e mudei de assunto o mais breve que pude.
A igreja é bem perto. Chegamos lá apenas 15 minutos antes da cerimônia, e aposto que a Dani deve estar enlouquecendo em algum lugar.
Encontrei Francesco na porta de entrada da Igreja, todo fofinho de terno e gravata, dando boas-vindas aos convidados.

– Eu não acredito! – Ele disse, todo sorridente, vindo na minha direção. – Você está tão linda, Liadan! Não acredito que uma moça linda desse jeito está chegando aqui desacompanhada!

Foi impossível não rir. Ele me cumprimentou com um beijo no rosto, em seguida cumprimentou Ignazio, Caterina e Alessandra, e me acompanhou, embora eu tenha insistido muito que não precisava, para dentro da igreja.
Fui apresentada a um grupo de amigos dele que eu não conhecia, mas avistei Tiziano de longe, e acenei para ele, que praticamente correu na minha direção.

– Obrigado por ter chamado o Tiziano. – Falei baixinho a Francesco.
– Ideia do Piero, Dani e Marigrazia. Todos estão lá na frente, inclusive a Dani. Depois vai lá.

Ele só me soltou quando Tiziano chegou perto de mim, e, como sempre, andamos parecendo um casal, simplesmente porque Tiziano detesta que as pessoas fiquem nos olhando.

– Você está perfeita, Lia. – Ele disse, sorrindo, enquanto caminhávamos pelo meio da igreja, cumprimentando um ou outro rosto conhecido.
– Só porque estou acompanhada do homem mais lindo dessa igreja. Amei o terno. Ficou perfeito. Você poderia andar assim todos os dias.
– Melhor não. Não quero que você se apaixone por mim.
– Tarde demais.

Ele riu. Sempre brincamos com esse assunto. Ele ser gay me deixa tão à vontade para falar o que eu quiser porque ele é diferente.
Mariagrazia acenou quando me viu, mas não foi ela, ou Eleonora, ou Gianluca quem me chamou atenção. Piero, no final do corredor, muito contente, sorrindo, acompanhado de uma mulher que nunca vi antes. Meus olhos pararam na mão dele envolta da cintura dela, na felicidade, na intimidade dos dois juntos.
Não sei que sentimento é esse que estou sentindo, mas não gostei. Também não gostei da garota. Fim.

– Qual a sua intenção com esse vestido? Matar o senhor Barone? – Perguntou Tiziano, baixinho.
– Com certeza não. E ele está muito bem acompanhado.

Acenei de leve com a cabeça para a direção onde Piero estava todo sorrisos e sorri para Mariagrazia enquanto Tiziano olhava o resto da igreja. Cumprimentei Eleonora, Gaetano. Encontrei Ernesto antes de chegar até Gianluca, Ercole e Eleonora. Ignazio estava no banco atrás de mim, e se importou em ficar puxando meu cabelo de vez em quando, só para me fazer olhar para ele e sorrir. Tiziano ficou ao meu lado o tempo inteiro. Não me preocupei em falar com Piero, que se sentou com a garota, na outra ponta do banco. Ignorei. E fiquei rindo dos comentários de Maria, ao meu lado, falando sobre as loucuras da Dani durante a manhã inteira.
Assistimos a missa normalmente, e sei que o catolicismo é bem vivo em Tiziano, isso faz com que ele fique bem concentrado. Com o término da missa, o padre chamou Francesco, Dani, Piero e eu até o altar. O cumprimentamos e Dani me abraçou antes de entregar o pequeno Pietro, todo sorridente ao me ver, no meu colo.

– Cadê o pequeno da tia? – Falei, ele soltou uma gargalhada bem alta, fazendo todos rirem.

Me incomodei com Piero ao meu lado. Me incomodei com a presença dele, mas me incomodei mais ainda com a presença da garota olhando para ele, sorrindo. Aquilo me irritou.
Brinquei com Pietro enquanto o padre falava sobre as crianças e a importância de batizá-las, coisa do tipo.
Piero colocou a mão envolta da minha cintura quando o padre pediu para que eu me aproximasse mais dele. Ignorei o toque porque foi apenas para confirmar que eu não iria cair.
Eu sei andar sozinha, caramba!
Olhei pro lado e Piero sorriu para mim. Retribui o sorriso por educação, mas não consegui desviar o olhar da garota loura na primeira fila.
Ah, que ódio de mim mesma!
Ignorei meus sentimentos, me neutralizei. Não estava sendo correto sentir aquilo em um momento único para Francesco, Dani e Pietro. Me concentrei em como Pietro sorria pra mim, e sorri pra ele, brincando, enquanto o padre derramava a água do batismo sobre a cabecinha dele. Ele soltou uma gargalhada, eu ri muito.
Piero colocou o braço envolta da minha cintura quando tivemos de tirar uma foto com Francesco e Dani. Sorri, e Pietro sorria no meu colo.
Foi a única foto que tirei com Piero, programada, naquele dia.
Pensei em perguntar pra Maria quem era a moça, mas como ela não foi falar com nenhum parente de Piero, achei melhor ficar na minha.

– O que foi, Lia? – Perguntou Tiziano, na minha frente, enquanto eu encarava demais Piero e a garota, isolados do mundo, ainda na igreja.
– Nada – respondi, e acenei para Gianluca quando ele piscou.
– Se eu não te conhecesse diria que você está com ciúme. – Falou Tiziano, sério.

Eu? Com ciúme? De quem? Era só o que me faltava. Só não gostei da garota loura, apenas. Fim.

Continua…
Fic atualizada em 2023.

6 comentários em “Fã Fic – Per Te Ci Sarò (Capítulos 67 e 68)

  1. Aiaiaiaiaiaia! Meu Deus! Adorei ver Piero com a Loira, já estava na hora de ver a Lia sentir ciúmes. Afinal por mais que Piero errou ele já reconheceu o erro, já procurou mais de cinco vezes pedindo perdão e pedindo para voltar e ela só se achando. Essa fic faz com que a gente fica cada dia mais curiosa no que vai acontecer, só não estou gostando muito da amizade da Lia com o Gianlucas, em todos os capítulos está lá os dois tirando foto, jantando juntos fazendo biquinho e postando no Instagram. Poxa ne! O Piero não tem sangue de barata também e até quando tem que pagar pelo erro dele. Por onde a Lia passa todos acham ela linda afinal o Piero e um gato também e todos os capítulos o Piero aparece muito pouco sempre é o Gianlucas, por favor não deixa a amizade deles ser destruída por uma mulher.
    Não demora muito para postar o próximo capitulo

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  2. EEEEEEEEEEEEEEEEIITAAAAAA !
    Piero ta jogando sujo já ! hahahaha mas pelo menos ta funcionando né …. Liadan tinha dito que não sentia mais nada perto dele, agora ela voltou a sentir, pena que é ciúmes hahaha
    Tá ficando cada vez melhor! Adorei essa coisa do Piero fazer ciúmes nela, acredito eu, de propósito. Eu só queria mtmttmtmmt ver o Piero contando esse “plano” dele de conquistar a Lia, gostaria de ver um pouquinho mais da história na versão dele.
    Por favor não faz o Gianluca se apaixonar por ela, triangulo amoroso no grupo não da certo. No final um vai ter a sorte de continuar com ela e o outro vai ter que aturar a felicidades dos dois… imagina que triste, assim corre risco do trio até se separar né ….

    Mas estou esperando ansiosamente por mais cenas de ciúmes da Liadan! Quem sabe até um fight dela com a loira, com direito a olho roxo e tudo ! HAHAHAHAHA
    Continua que tá cada vez melhor, só tenta diminuir o tempo de postagem, a gente fica numa agonia enorme esperando uma continuação T—-T
    Parabéns pela fanfic, beijos ;*
    e Feliz Natal hehe

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  3. Meu deus do céu mulher
    Como assim o Piero tá com outra? Não consigo acreditar q é namorada mais a Lia com Ciúme tá um poço de fofura.
    Menina vc vai fazer o Gian sobre de novo
    Meu coração não aguenta.
    Aí aí
    Mulher.
    Tô desesperada pra saber o que vai acontecer
    Pfv posta mais
    Bjo

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  4. Um pouquinho de emoção não mata ngm, tava achando a Lia muito morninha tava faltando alguma emoção desse tipo na vida dela, talvez agora ela saia desse conformismo de achar que nunca vai dar certo com Piero. No entanto, não podemos esquecer que tudo isso é consequência da estupidez dele, então embora eu ache que a Lia deva ter esses incômodos de vez em quando que até é natural, é o Piero que deve sofrer pra vê se aprende, talvez o Piero tenha “sentido alguma coisa entre a Lia e o Gian” e tenha feito isso por despeito. Mas n faz o Gianluca gostar dela n pfvr, vou odiar eles brigando. Parabéns pela fic ta maravilhosa, to amando. Só n fica sem postar muito tempo de novo please…. bjs

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  5. Sinceramente não gostei dessa historia. So vejo a Lia aproveitando,vivendo ao redor de amigos.Afinal Piero gosta ou não da Lia? Onde esta a aliançá que ele disse que não ia tirar do dedo e que ia conquistar ela aos poucos. Nao entendi o porque dele não ir buscar ela e não acompanhar ate a igreja . Porque Piero fazendo ciume na Lia na igreja. Esta historia esta ficando no novelo sem ponta. So falta contar a historia que a Lia e Gianluca esta o namorando. Em muitas coisas a Lia esta certa em relação ao Piero mas poxa ela esta muito sentimentalista queria ver se tivesse namorando um rapaz brasileiro ai sim ela ia saber o que e chifre de verdade.

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